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AJUSTE FISCAL | Taxa de juros atinge maior patamar desde 2006

Flávia SilvaCampinas @FFerreiraFlavia

quinta-feira 30 de julho de 2015 | 02:13

A inflação e a taxa de juros: argumento do governo

O argumento do governo e do Banco Central é a necessidade de controlar a inflação, este controle segundo a política econômica neoliberal do governo se dá por meio da redução da oferta de dinheiro para o consumo, pois com altas taxas de juros fica mais caro o consumo a prazo e investimento financeiros tornam-se mais lucrativos, mais rentáveis o que desestimula o investimento de empresários para aumento de produção e novos unidades produtivas. Esse mecanismo de aumento nas taxas de juros tem o efeito monetário de reduzir a demanda por produtos, a partir de um diagnóstico do que a inflação no Brasil é causada por que a população está consumindo demais, ou seja, excesso de consumo e de dinheiro circulando.

Este diagnóstico neoliberal da inflação tem como resultado desvalorizar ainda mais os salários dos trabalhadores, encarece as dívidas dos trabalhadores e valoriza a renda dos investidores e dos capitalistas banqueiros e empresários. O BC não está preocupado em atacar a inflação dos produtos básicos, de alimentos, remédios e outros produtos, que afetam aumentam diretamente o custo de vida dos trabalhadores, pelo contrário Dilma, Levy e os governos estaduais, aumentaram tarifas e taxas, atacaram direitos como o abono salarial e o seguro desemprego, que atingem principalmente os trabalhos mais precários.

A resposta das centrais governistas

Ao contrário do que afirmam as centrais sindicais que defendem o governo que ontem (28) realizaram um ato contra o aumento da taxa de juros, o problema não é apenas a “política econômica de Levy”. A política econômica neoliberal de Levy é a mesma política de Dilma e do PT, que governam para os lucros dos patrões, dos latifundiários e dos bancos que apesar da crise continuam aumentando seus ganhos, demitindo trabalhadores. Só uma construção pela base, em cada local de trabalho, de uma campanha contra os ajustes para que os custos da crise saiam da renda e dos lucros dos empresários e não dos bolsos dos trabalhadores.

É preciso uma luta articulada nacionalmente e independente dos governos em defesa do emprego, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, e pelo não pagamento da dívida externa, esta é uma tarefa que também se coloca para a esquerda e as centrais sindicais combativas e antigovernistas.

Aumento da dívida pública e mais ajustes

A decisão do BC ocorre uma semana após Levy e Nelson Barbosa anunciarem a redução da meta do superávit fiscal juntamente ao aumento nos cortes dos gastos públicos e um novo incentivo para as concessões no setor de infraestrutura (que são uma forma de privatização). Os bancos internacionais e o FMI querem pressionar no sentido de aumento no esforço fiscal e nos ajustes, ao mesmo tempo em que a cada aumento na taxa de juros, a dívida pública externa (em dólares) do Brasil fica mais cara. Assim, dinheiro público está sendo cada vez mais drenado para o exterior, para os países ricos imperialistas que estão também sob os efeitos da crise econômica mundial.

O aumento da taxa Selic também ocorre em meio a especulações dos mercados e aumento da chantagem dos bancos de investimento imperialistas como o Standard&Poor´s para pressionar o governo dar continuidade aos ajustes com mais cortes nos gastos sociais e privatizações.
Selic no Brasil e a taxa de juros nos EUA

Em reunião nesta semana, o FED (Banco Central dos EUA) manteve a taxa de juros entre 0 e 0,25%. Um aumento na taxa de juros por lá, deve pressionar novo aumento da taxa de juros no Brasil, já nas próximas reuniões do Copom em setembro e outubro.

A única perspectiva de política econômica para a saída da crise é a partir da luta dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre, somente assim, o controle da inflação dos alimentos, a redução das tarifas dos serviços, o aumento real nos salários e no nível de emprego, e maiores gastos em infraestrutura social serão possíveis.




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