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OPRESSÃO | Suicídio é a segunda maior causa de mortes de mulheres jovens em SP

Segundo dados do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (Pro-Aim), da Prefeitura de São Paulo, feitos com base em atestados de óbito divulgados pelo portal G1, os casos de suicídio são a segunda maior causa de morte na cidade de São Paulo. Em 2014 cerca de 40 mulheres jovens acabaram tirando a própria vida, as mortes por suicídio ficam atrás apenas das mortes por homicídios, com 59 registros.

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

quinta-feira 15 de outubro de 2015 | 02:27

Os motivos apontados pelos médicos para que essas jovens cometam suicídio são as doenças psiquiátricas, como depressão ou o uso de drogas. Outro fator apontado é o fato de que em uma cidade como São Paulo as mulheres acabam tendo uma rotina muito estressante, com uma dupla ou até tripla jornada. Tentando conciliar o trabalho, cuidado dos filhos e da casa, horas perdidas no transporte público, estudos, toda uma rotina estafante que leva muitas mulheres a desenvolver sérias doenças físicas e psicológicas.

A sociedade capitalista se apropria da opressão as mulheres para aumentar seu lucro e exploração. Sendo funcional para o sistema que a responsabilidade sobre o cuidado dos filhos e da casa continue sobre os ombros das mulheres, gerando dessa forma mais lucro para os patrões. Ao mesmo tempo em que o capitalismo levou as mulheres para fora do âmbito restrito do lar, nos permitindo trabalhar em outros ambientes, não promoveu as condições necessárias para que o trabalho doméstico fosse socializado. Em pleno século XXI a maioria das mulheres precisam lidar com a necessidade de trabalhar para manterem suas necessidades básicas ao mesmo tempo em que são as responsáveis diretas pelas tarefas do lar.

Somos cotidianamente pressionadas para sermos as melhores profissionais, as melhores mães, as melhores esposas. Uma cobrança extrema que não visa o que é melhor para nossas vidas, mas sim nos manter atreladas as normas de um sistema baseado na exploração e opressão. Gerando diversos transtornos psíquicos, assim como o envolvimento com álcool, drogas ou qualquer outro tipo de entorpecente capaz de amenizar a dor de uma vida infeliz dentro de um sistema que nos priva do direito ao pleno controle de nossos corpos e mentes.

Segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote, da Unesp, 85% das pessoas que cometem suicídio têm transtornos mentais que poderiam receber tratamento. Sendo que os mais frequentes são depressão, alcoolismo e esquizofrenia. Contudo esse tipo de tratamento é muito defasado dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Para ele, que trabalhou por 20 anos na Organização Mundial de Saúde (OMS) e ajudou a escrever uma cartilha mundial de prevenção ao suicídio essa questão é um tabu não só no Brasil como em outros países.

Esse dado assustador revela como a manutenção da opressão é tão necessária para o funcionamento desse sistema e como a vida das mulheres dentro desse sistema está submetida a uma lógica que visa o lucro dos patrões. Não é possível dentro dessa sociedade capitalista acabar com todas as condições materiais que levam milhares de mulheres a desenvolveram transtornos psíquicos, como a depressão ou a dependência química. Contudo algumas medidas como garantia de que esse tratamento fosse feito pelo SUS e a socialização do trabalho doméstico, que o estado se responsabilizasse pela criação de creches, restaurantes e lavanderias públicas, ao invés de deixar sobre responsabilidade das mulheres essas tarefas, já seriam importantes para amenizar os sintomas que levam milhares de mulheres a cogitarem a possibilidade de cometerem suicídio.




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