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A DIREITA ESTUDANTIL NA USP | Sobre os que querem a universidade como seu “parquinho de diversões” privado

O jornal Estadão de hoje, diferente do que faz para os milhares em greve, abriu o espaço de suas páginas para expressar os aliados de sua política dentro do corpo estudantil da USP: trouxe uma matéria sobre os pequenos grupos da direita estudantil que querem organizar ataques à greve dos três setores contra o desmonte da universidade.

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

quarta-feira 8 de junho de 2016 | Edição do dia

Seguindo o infeliz exemplo do MBL na Unicamp, que juntou seus dez gatos pingados e um número talvez tão grande quanto isso de veículos da imprensa patronal que apoiam sua política e saiu apagando pixações contra o golpe no campus de Barão Geraldo, os pequeninos grupos da direita estudantil da USP decidiram sair do casulo e tentar organizar ataques à expressiva greve que atinge os três setores das universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp).

O USP Livre e o Direita Estudantil da USP foram atrás de seus principais aliados para combater a greve: a própria administração universitária, burocratas que estão querendo passar o arrocho salarial, o fechamento de creches e desmonte de hospitais, o fim das contratações de funcionários e professores, o aumento da terceirização e a manutenção de uma universidade sem sequer cotas raciais.

Marcos Vinicius Lara, do USP Livre, afirmou ao Estadão que as greves são “um desperdício de dinheiro público”. Ele não diz o mesmo dos supersalários que os burocratas que loteiam a universidade recebem, nem da verdadeira caixa preta das fundações privadas, que utilizam estrutura e professores da universidade para embolsar uma quantidade imensa de dinheiro que ninguém sabe ao certo quanto é. Aliás, ninguém sabe ao certo quanto é nada na USP, já que o seu detalhamento orçamentário não está disponível conforme exigem os que hoje lutam.

Para estes estudantes, pouco importa o dinheiro público ou a função social da universidade; pouco importa quem pode estudar nela ou se beneficiar das pesquisas que ali se faz; pouco importa se o Pronto Socorro infantil do HU foi fechado com uma canetada e milhares de famílias ficaram sem atendimento de saúde para seus filhos; pouco importa se os trabalhadores do bandejão acumulam doenças de trabalho que chegam a impossibilitar que peguem um copo de água com suas próprias mãos depois de décadas de superexploração. Pois para eles a universidade não é um bem público e social, mas sim seu parque de diversões privado. Querem suas aulas, seu diploma, sua formação de “excelência” e viver com a ilusão de que a grife USP bastará para terem ótimos cargos no mercado de trabalho. Para muitos deles, que viverão das empresas de seus pais, isso é verdade; outros, são apenas idiotas úteis a serviço da reitoria, pois quando se formarem serão explorados pelos mesmos que hoje querem lucrar com o desmonte e a privatização da universidade.

Essa é a lógica dos estudantes que dizem que a greve é um movimento de “uma pequena minoria”, porque para eles os milhares que se reúnem nas assembleias são “pequenas minorias” diante de seus interesses individuais; a população negra, indígena e os estudantes das escolas públicas que são sistematicamente excluídos da universidade pelo filtro social do vestibular são “pequenas minorias” diante dos interesses da continuidade de suas aulas, dos interesses das empresas que muitas vezes irão patrocinar as suas pesquisas. Muitos deles aspiram, no futuro, serem os burocratas que administram essa universidade e que, como hoje faz o diretor do IME (Instituto de Matemática e Estatística), vai à polícia para tentar criminalizar o movimento de greve em nome de seus interesses privados, os interesses de uma suposta “maioria”.

Nós nos manteremos em luta pelos interesses de uma maioria que tem direito a não apenas estudar e utilizar os hospitais e creches dessa universidade, mas também de decidir seus rumos e a serviço de que ela está. É junto dessa maioria que o movimento estudantil das universidades estaduais paulistas se coloca.




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