Pelo quarto dia, os bombeiros trabalham nas buscas por desaparecidos da chuva que deixaram um rastro de destruição em Santos, São Vicente e Guarujá, no litoral sul de São Paulo. Quarenta e uma pessoas continuam desaparecidas. Vinte e nove pessoas morreram. A informação foi atualizada na manhã desta sexta-feira, 6, pelos bombeiros.
sexta-feira 6 de março de 2020 | Edição do dia
As mortes e desaparecimentos na Baixada Santista, litoral paulista, nessa temporada de chuvas, mais uma vez revela como a política dos governos condenam a população aos desastres ambientais.
A cidade mais atingida foi o Guarujá, que concentra o maior número de mortes (24). Na cidade, sete morros foram atingidos, sendo dois com maior gravidade: o da Barreira do João Guarda e o da Bela Vista, conhecido como Macaco Molhado.
Em Santos, há três mortos e cinco desaparecidos. São Vicente registrou duas mortes e tem um desaparecido. Ao todo, 483 pessoas estão desabrigadas: 228 no Guarujá, 3 em São Vicente, 150 em Santos e 102 em Peruíbe.
Os municípios afetados já receberam 21,2 toneladas de materiais de ajuda humanitária, incluindo colchões, cobertores, cestas básicas, água sanitária e água potável. O estoque ficará armazenado no depósito do Fundo Social de Santos e será distribuído mediante solicitação das defesas civis locais.
O Coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil, Coronel PM Walter Nyakas Junior, permanece na região e em reuniões com o Gabinete de Crise.
A previsão para esta sexta-feira é de chuva moderada a fraca em pontos isolados da Baixada Santista. Como o solo já está encharcado pelo volume de água dos dias anteriores, o risco de novos transtornos e deslizamentos continua elevado.
Em nota, o governo do Estado de São Paulo informou que publicou no Diário Oficial a homologação dos decretos municipais de situação de anormalidade do Guarujá (estado de calamidade pública), Santos e São Vicente (situação de emergência). Agora, eles seguem para a Defesa Civil Nacional para o devido reconhecimento federal. Na quinta-feira, 5, esses decretos foram reconhecidos no Diário Oficial da União.
Longe de serem resultado de “causas naturais”, esses deslizamentos, soterramentos de casas e inundações são fenômenos previsíveis frente a sazonalidade do período de chuvas. Mas graças à falta de investimentos em infraestrutura e habitação para a população mais pobre e precária, resultam todos os anos em mortes, desaparecidos, gente que perde tudo por causa das chuvas.
Essas mortes poderiam e deveriam ser evitadas, portanto são de inteira responsabilidade do governo João Dória e das prefeituras, que garantem seus privilégios e lucros dos empresários enquanto a da população tem que se submeter às habitações precárias e em situação de risco, fruto da exploração, do desemprego e da miséria cotidiana.
São mortes que ocorrem em meio a aprovação de uma cruel reforma da previdência contra os servidores do estado, aprofundando o saque às aposentadorias coordenado por Bolsonaro, o Congresso e os militares do seu governo. Enquanto famílias e idosos são soterradas no estado, o governo de SP garante o lucro dos capitalistas em cima dos direitos dos trabalhadores e aposentados, mobilizando a PM para espancar professores e garantir a sua votação autoritária.
Uma reforma urbana que desse condições de moradia e reestruturasse as comunidades mais pobres vitimadas pela chuva, enchentes e deslizamentos, era o mínimo esperado por parte desses governos. É urgente um plano de obras públicas, controlado pelos trabalhadores e pela organização dos bairros, que garanta essa reforma urbana que gere emprego e renda para as famílias, custeada pela dívida milionária dos empresários da construção civil, que lucram impunes em cima do roubo nas obras da públicas.
Com informações de Agência Estado
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