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PANDEMIA | Sob condução de Bolsonaro e governadores, Brasil enfrenta pior momento da pandemia com recorde de mortes

Enquanto travam uma guerra discursiva, envolvendo seus cálculos políticos, nem Bolsonaro nem governadores tomam medidas consequentes para enfrentar o pior momento da pandemia, alcançando o recorde de mortes diárias - 1.716 mortes em 24h. São os trabalhadores e trabalhadoras quem segue sendo vítima da COVID-19 no país.

quarta-feira 3 de março de 2021 | Edição do dia

No dia de ontem, o conflito entre Bolsonaro e governadores teve novos capítulos, após o presidente publicar tuites com os dados de repasses de verba aos estados. A publicação dos dados tinha como objetivo insistir no pretexto de que o governo federal não é o responsável pelas avassaladoras consequências da pandemia no país, terceirizando a culpa para os governadores, assim como ele vem repetindo que o STF lhe retirou as atribuições no combate a crise sanitária.

Em primeiro lugar os números usados por Bolsonaro são uma farsa, pois mostram os dados referentes aos repasses totais do governo federal aos estados, a maioria obrigações constitucionais, e não os números relativos especificamente ao combate à pandemia. O governo federal, por exemplo, deixou de repassar aos estados valores para financiar vagas de UTI.

Entretanto, apesar de usar uma mentira, Bolsonaro tem razão em apontar a culpa dos governadores na calamidade que é a crise sanitária em nosso país. O Brasil chega a essa catástrofe, enquanto o resto do mundo vê diminuir o ritmo de novos casos, fruto da combinação do negacionismo de Bolsonaro, mas também da conivência, ou cooperação, de todos os demais atores do regime golpista.

Nenhuma medida mostra mais a farsa do discurso de oposição dos governadores ao negacionismo de Bolsonaro do que a insistência com que todos eles teimaram em retomar às aulas à revelia da vontade de pais, professores e da comunidade escolar de conjunto, cientes da falta de estrutura das escolas. Todos os governadores - de bolsonaristas como Ronaldo Caiado (DEM-GO), passando por João Doria (PSDB-SP), aos petistas Rui Costa (BA), Wellington Dias (PT-PI); - insistiram nos planos de reabertura, assim como já haviam feito com a reabertura comercial, mesmo sendo evidente o agravamento da pandemia.

No Rio Grande do Sul foram 3 vítimas na última semana. Em São Paulo o secretário estadual da Saúde admitiu a possibilidade de suspender as aulas presenciais nas escolas para a contenção e disseminação do coronavírus.

À beira do colapso sanitário, o Brasil vem passando pelo pior momento desde o começo da pandemia. Já são mais de 10 milhões de casos confirmados e diagnosticados e mais de 255 mil vidas perdidas, inclusive com o recorde de mortes em 24h no país. Mais de 17 Estados estão com taxa de ocupação de leito de UTI para Covid acima de 80%, sendo que muitos governadores fecharam hospitais de campanha, após um primeiro recuo da pandemia, sendo que o correto deveria ter sido o investimento na expansão da estrutura permanente de saúde, com a abertura de novos hospitais, reabertura de hospitais fechados, contratação de mais médicos e demais profissionais de saúde.

O Brasil está na UTI. Nem por isso a salvação dessa crise histórica passa por confiar nos governadores de seus respectivos Estados. Quando muitos já alertavam para o evidente agravamento da pandemia, governadores insistiam na manutenção da reabertura das escolas, além de tomarem medidas puramente demagógicas e para fortalecer a repressão, como toques de recolher parciais, noturnos ou de 48h. Medidas obviamente insuficientes que buscavam lavar a cara de gestores covardes, que não queriam provocar os comerciantes e empresários de suas regiões, mostrando como o maior compromisso de todos esses políticos sempre foi com os interesses dos capitalistas e seus lucros e não com a vida da população. Ou seja, não há como confiar nas medidas tomadas por estes senhores, como Eduardo Leite (PSDB-RS) ou João Dória (PSDB-SP) que hipocritamente se colocam “a favor da vida” para tentar se diferenciar de Bolsonaro mas também deixam a população à sorte de se contaminarem, seja pegando transporte público lotados ou mandando seus filhos para escolas sem nenhuma estrutura e condição sanitária.

O processo de privatização do SUS e a ausência de políticas para combater a pandemia, levadas a cabo pelos atores mencionados acima também se configuram como elementos que levam o país a apresentar dados alarmantes na pior crise sanitária vivida nos últimos 100 anos. É preciso defender a necessidade de quebra das patentes das farmacêuticas para um plano universal de vacinação, que precisa estar articulado com políticas de combate à pandemia, como testes massivos e a estatização dos leitos, sob controle dos trabalhadores da saúde. Sem isso, a população trabalhadora, que representa a maior parte desses dados, seguirá refém da irracionalidade do sistema atual que funciona pelo lucro em detrimento da vida.




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