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25 DE NOVEMBRO - DIA DE LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER | Sindicato dos Trabalhadores da USP pede justiça por Geiza

Patricia GalvãoDiretora do Sintusp e coordenadora da Secretaria de Mulheres. Pão e Rosas Brasil

quarta-feira 25 de novembro de 2015 | 07:04

Neste dia 25 de novembro, dia de lutar contra a violência às mulheres, lembremos de Geiza.

Geiza Aparecida Medeiros Martinez foi trabalhadora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP por mais de 18 anos. Conhecida e querida por alunos e colegas de trabalho. Mãe, filha e mulher, Geiza foi cruelmente assassinada por alguém que dizia ama-la. Numa traiçoeira emboscada, foi morta a tiros na noite de 15 de março, no mês que marca a luta das mulheres contra a opressão que sofrem. O réu confessou o crime.

Toda morte é, em si mesma, uma tragédia. Mas, a morte de Geiza não foi uma tragédia cotidiana fruto do acaso. Sua morte faz parte da triste estatística de violência contra a mulher de nosso país. De 1980 a 2010, foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década. 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos.

Essas tristes estatísticas mostram que não basta a assinatura de leis como a Maria da Penha ou que transforma o feminicídio em crime hediondo. Embora, importantes, são letras mortas quando não são seguidas de políticas claras contra a violência contra as mulheres. É precisa ir por mais, garantir que as mulheres hoje não sejam mais vítimas da sociedade machista que fecha os olhos para a opressão.

É preciso construir movimento de mulheres, independentes do governo Dilma (e sua base como o PMDB) e da oposição de direita. Só assim poderemos conquistar nossos direitos por leis e projetos concretos de proteção às vítimas de violência. Temos o exemplo do projeto de lei de autoria de Nicolás Del Caño, do PTS, ex-candidato à presidência da Frente de Esquerda (FIT), que apresentou no auge das mobilizações “Ni Una Menos”, um Plano Nacional de Emergência contra a violência às mulheres, se apoiando nas mobilizações e na militância das mulheres do Pan y Rosas e da FIT para arrancar no parlamento uma lei que assegura o combate a violência as mulheres.

Neste momento, em que Pedro Paulo (PMDB – RJ) político do Rio de Janeiro, afirma que a violência que cometeu contra sua ex-mulher é “coisa de casal”, devemos gritar: Não! Nenhuma violência contra a mulher é natural de um casal, nenhuma justificativa para o feminicídio. Geiza não teve chance contra três tiros desferidos contra seu corpo imobilizado. Foi morta por ser mulher.

A família, até hoje procura entender o que aconteceu. Quer justiça por Geiza, que não foi a primeira mulher a ser morta e, infelizmente, também não foi a última. O mínimo que sua memória merece é justiça. Buscou amparo e ajuda para divulgar o caso, para assim pressionar a justiça, na USP (através do portal da universidade), que, além da protocolar condolências, pediu que direcionassem seu email para a SAS (Superintendência de Serviço Social), mas até hoje não obtiveram nenhuma resposta. Tampouco a direção da FFLCH enviou qualquer mensagem a família para conforta-la, afinal, como bem colocou sua irmã, “foram 18 anos de trabalho na USP, não 18 dias”.

Foram 18 anos silenciados na USP! Na faculdade cujo diretor, Sérgio Adorno, pertence ao núcleo de estudos contra a violência, nenhuma palavra sobre a irreparável violência sofrida por Geiza. O protocolar “pesar” não coloca que não foi uma fatalidade ou obra do destino, foi assassinato! Foi Feminicídio!

O Sintusp (Sindicato dos trabalhadores da USP) que, através da sua Secretaria de Mulheres, se reuniu com a família de Geiza para se solidarizar e também fortalecer a luta por justiça. No dia 26 de março, pouco depois de sua morte, a Secretaria de Mulheres já havia realizado um ato em sua memória No dia 15 de dezembro, dia do julgamento do réu, Secretaria de Mulheres do Sintusp e a família de Geiza, chamam todas e todos a se unirem novamente às 14h no fórum de Itapevi para uma vigília durante o julgamento.

Lutaremos por justiça, pois somos todas Geiza!




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