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CRISE NO RIO | Servidores do Teatro Municipal no Rio com salários atrasados realizam ato contra desmonte

Bailarinos, músicos da orquestra, cantores do coro e técnicos: todos os funcionários do Teatro Municipal do Rio estão com salários atrasados há meses, e sem ter sequer recebido o décimo terceiro de 2016. Essa é a situação de uma das mais antigas e importantes casas de cultura do Brasil.

segunda-feira 15 de maio de 2017 | Edição do dia

Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

O espetáculo "O Lago dos Cisnes", que seria encenado em junho e julho, já foi cancelado. A situação dos trabalhadores do Teatro Municipal é tal que muitos deles estão recorrendo a "bicos" de todo tipo para poder fechar suas contas, como trabalhar de motoristas para o Uber ou fazendo faxinas paralelamente ao seu trabalho no teatro.

O primeiro bailarino e solista, Edifranc Alves, relatou a situação para o Jornal do Brasil. Ele disse que "O discurso dos funcionários é único. Estamos todos estarrecidos e tristes com essa crise. Não recebemos os salários de março, abril e o 13º, mas as contas não param de chegar" (após a reportagem, os salários de março foram pagos. O restante permanece igual). "Eu sustento filho, mãe, irmão e irmã. Essas pessoas dependem de mim e não estou conseguindo pagar as contas. Quando falo da minha condição, vejo o rosto de cada um dos outros servidores. Temos casais que trabalham nessa casa que também estão sem receber, ou seja, são dois trabalhadores prejudicados pelo atraso em uma só família. (...) Todos os artistas se preparam para estar aqui desde a infância. São muitos anos de dedicação para nessa altura do campeonato não podermos encantar nosso público."

Os trabalhadores do teatro realizaram um ato em frente ao histórico prédio na terça-feira passada, 9, que incluiu um concerto gratuito nas escadarias para a população. Eles realizaram uma arrecadação de mantimentos para as famílias dos trabalhadores que estão sem salário. Veja um pouco abaixo:

Marisa Assumpção, chefe do serviço de arquitetura e conservações do Theatro Municipal, ressaltou que as dificuldades não são novas: “Há mais de 30 anos o governo não abre concurso para novos servidores do Theatro Municipal. E nosso trabalho aqui é muito específico. Então temos dificuldade de encontrar novos funcionários. Os que estão aqui já tem mais de 15 anos de serviço. Eles têm muito orgulho e experiência”. Ela fala que os técnicos são os mais atingidos: “Temos pintores, bombeiros, eletricistas. Muitos deles têm dificuldades financeiras, sendo que eles já têm salários baixos”. Isso sem falar dos serviços de faxina e segurança, sempre os mais precarizados, e que são terceirizados no Teatro Municipal.

Marisa destacou que o Teatro atende um público de 2.300 pessoas por dia. Após a manifestação na terça-feira passada, Edifranc declarou: "Somos cultura pública, e a população precisa de cultura, que é a luz da vida. Um povo sem cultura é escravo. Nossa apresentação nesta terça foi maravilhosa. Sentimos o amor que o público sente pela gente e conseguimos fortalecer o nosso elo com a opinião pública.”




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