×

JUVENTUDE | Sensibilidade revolucionária e o lançamento de uma nova juventude!

Mateus CastorCientista Social (USP), professor e estudante de História

quarta-feira 16 de março de 2016 | 00:00

É proibido proibir, Maio francês de 1968

"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres." Rosa Luxemburgo

As questões subjetivas de uma pessoa podem influenciar e muito suas ações, seus pensamentos, seu humor e qualquer traço de sua individualidade. Tais características são fruto de situações sociais pelas quais o indivíduo passou, como traumas, experiências, observações, enfim, tudo que compõe a vida social de uma pessoa.

Logo poderíamos pensar que a coletividade forma o indivíduo e sua subjetividade? Que as relações objetivas e materiais são o que formaram nossos mais profundos pensamentos, tanto negativos, como neuroses, ansiedade, depressão, ciúmes, crise de pânico, insegurança e entre outros, como os positivos, que nos proporcionam felicidade, euforia, alegria e paixão ?

Acredito que sim. O mundo material, ou seja, tudo que é real em nossa volta, nos forma enquanto pessoas, desse modo, a subjetividade deixa de ser algo individualizado, mesmo tendo sua manifestação no próprio indivíduo. A subjetividade é algo essencialmente construído coletivamente, socialmente, até porque todas as pessoas têm seus aspectos subjetivos, ela é fruto da interação social. E por cada indivíduo ser único em sua formação, forma-se um padrão de individualidades. Algumas parecidas, outras bem distintas, mas todas únicas, ninguém é exatamente igual a ninguém e esse é o padrão. Desse modo, por ser um fruto coletivo, e não algo divino e sem explicação, a subjetividade não deve ser tratada como um problema fora da esfera política, e sim estar totalmente envolvida dentro dela.

Digo isso porque a realidade dada é modificada por ações humanas, essas ações baseadas em ideais, ações que criam novas realidades que nos influenciam a criar novos ideais, que formarão novas realidades, é um movimento dialético em que a realidade transforma o homem e o homem transforma a realidade, e a subjetividade do homem está completamente imersa nesse movimento.

Tudo que temos de humano em nós, é fruto de uma construção social, que vem desde o nascimento e continua durante toda a vida, influenciando nossa estrutura psíquica, nossos comportamentos, pensamentos, angústias, problemas, visões de mundo, medos e em tudo que compõe o pensamento humano e sua vida em geral, somos literalmente formados pelo mundo em nossa volta.

E ai que entra a sensibilidade, a realidade em nossa volta é capitalista, opressora, miserável, fria e doente. A juventude vem lutando de forma objetiva contra as misérias e opressões do capitalismo, mas é preciso também considerar essa angustia, ansiedade e depressão que assola a juventude como um todo, como podemos lidar com isso? Como respondemos isso no dia a dia? Que sentido de vida preenche essa crise existencial?

Desde cedo somos ensinados a ser individualistas, recebemos uma educação que fomenta o egoísmo e o preconceito, aprendemos a ser competitivos em de vez cooperativos. Desde o prézinho até a morte, aprendemos a ter posse, a ter propriedade, somos literalmente moldados pelo capitalismo a sermos mais piões do sistema, angustiados e deprimidos, sem perspectivas de futuro. Tais traços deixam marcas, deixam problemas, como em casa, com a família, problemas de relacionamento, de crises e mais crises de personalidade, depressão, ansiedade, etc.

Para nós, jovens, apresentam isso: uma vida despenada de sentido, que encontra no consumismo uma maneira de se iludir, que encontra no "sucesso profissional" uma direção para suas escolhas, que encontra na religião mais conservadora o ninho quente e confortável para seu desespero de existir. Um ser que tenha relações superficiais, que não é sujeito de nada, apenas mais uma engrenagem a ser explorada, gastada e trocada.

Se queremos revolucionar a vida, teremos de ter uma nova juventude por toda sensível, ela deve ser uma juventude apaixonada, que tenha ódio de classe fluindo em suas veias, que não se submeta a essa vida podre, que canalize essa raiva e indignação ao sentimento de mudança. Mas tais sentimentos estão estritamente ligados com o lado subjetivo da pessoa, do sentido de se viver, da razão de se existir, da nossa função histórica.

O fim desse vazio existencial que o capitalismo joga em nossos ombros só virá com o comunismo em última estância! Mas isso não exclui o fato de que precisamos de respostas às crises subjetivas da juventude desde já! Precisamos acolher e dar uma resposta a essas crises também, porque essas são fruto das questões objetivas, só estamos tão mal, porque vivemos nesse sistema miserável e vamos continuar assim até sua completa destruição.

Alguém que não tenha apoio emocional, que não tenha apoio pra tentar se entender, que não tenha uma relação de amizade com as pessoas em sua volta, que vive com problemas familiares, ou com doenças mentais, aquele que, no final, sente esse vazio enorme que acredito que grande parte de nós sentimos todos os dias, pode não conseguir militar e ser um sujeito político na luta de classes como poderia potencialmente ser.

Os problemas pessoais precisam ter respostas políticas revolucionárias, e a juventude anseia por isso. Até por ser uma questão subjetiva, toda juventude busca um sentido de vida, alguns acabam se dedicando a família, outros a carreia. Nós, enquanto revolucionários nos atentamos a essas questões subjetivas, com a consciência que são parte de pressões materiais, e ser comunista é conseguir conscientemente canalizar esse ódio e frustrações em ação revolucionária!

Precisamos estar envoltos de arte e filosofia revolucionária! Analisar e conversar sobre a política mas também sobre cultura, musica, dança, teatro, cinema e literatura. Mostrar que a lama existente hoje, é fruto do capitalismo, e que apenas o comunismo é o maior e o único "humanismo" que se pode existir e que se supera de longe todos os "capitalismos sustentáveis". Queremos dar um sentido de viver para acabar com essa miséria, e a juventude se contempla nisso, na recusa de se seguir os padrões dominantes, a recusa de ter uma “carreira de sucesso”, casa, carro e família. A construção desse juventude revolucionária é parte da alternativa a essa razão vazia e sem sentido para apontar que só a revolução dos trabalhadores nos levará a uma vida plena de sentido. Essa será nossa nova juventude!

Por um mundo em que os antes oprimidos possam desfrutar de sua existência, onde as classes sociais e a exploração já tenham ficado na pré-história, esse é o comunismo. E para esse fim chamamos a todos e todas a construção dessa nova juventude, que terá seu lançamento no dia 02 de abril. Da pele aos ossos, seremos anticapitalistas e revolucionários.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias