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ATAQUES AOS DIREITOS | Senadores que defendem reforma da previdência têm super-aposentadorias

Temer e sua base aliada se esforçam para garantir que só possamos nos aposentar aos 65 anos. A maioria deles, entretanto, se aposentou perto dos 50 anos, e tem as despesas garantidas até o final da vida com fartas pensões.

Danilo ParisEditor de política nacional e professor de Sociologia

sexta-feira 9 de setembro de 2016 | Edição do dia

Até o ano de 1999 todos os parlamentares poderiam se aposentar com apenas 50 anos de idade e 8 anos de contribuição ao Instituto de Previdência dos Congressistas. Mesmo após as mudanças nas regras quem já recebia, ou já havia contribuído e não solicitou ressarcimento, continua tendo direito ao dinheiro. As regras atuais para um parlamentar se aposentar, de acordo com Plano de Seguridade Social dos Congressistas, é ter contribuído com qualquer regime de previdência durante 35 anos e ter, no mínimo, 60 anos de idade. Outros, que já foram governadores em estados cuja lei permite pensões vitalícias a ex-governadores, como MG, RS, MS, MG, PI, MA, SC, recebem pensões vitalícias que variam de R$10 a R$30 mil.

Além de Michel Temer, que se aposentou aos 55 anos e recebe R$30 mil, outros apoiadores das mudanças na aposentadoria também não serão afetados com as próprias propostas. Não bastando jogar a crise nas costas da classe trabalhadora, ainda nos obrigam a pagar pelos seus absurdos privilégios.

Outro exemplo dos que desfrutam de uma bela aposentadoria, com apenas 56 anos de idade, é o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Tendo cumprido mandato como governador de Minas Gerais até 2010, tem direito a uma pensão vitalícia de cerca de R$18 mil em valores atualizados. Assim como ele também no setor de oposição ao golpe, Roberto Requião (PMDB-PR) também tem direito à pensão vitalícia desde o último mandato de governador do Paraná, em 2010, de cerca de R$24 mil mensais. São parte da base aliada do governo, defensores da reforma da previdência.

Dos tempos de IPC, quando se aposentavam com apenas 8 anos de mandato, Jader Barbalho, (PMDB-PA) tem R$13 mil de aposentadoria, Edison Lobão (PMDB-MA) com R$ 17,5 mil, Álvaro Dias (PV-PR) também com R$13 mil e Raimundo Lira (PMDB-PB), com uma aposentadoria "mais modesta" R$8,7 mil. Um dos porta-vozes do governo golpista e também defensor do trâmite ágil da reforma da previdência, o Ministro da Secretaria de Governo Geddel Lima, aposentou-se aos 52 anos garantindo nada menos que R$8.778,39 mensais.

Além dos políticos ainda em exercício, mais de 250 ex-parlamentares ou ex-senadores recebem também pensões e aposentadorias bastante fartas. A lista completa pode ser consultada aqui. Os valores das aposentadorias variam entre R$33,7 mil e R$7,7 mil mensais, sendo a grande maioria mais de R$15 mil.

Teoricamente, quando um político se elege de novo, ele deixa de receber as gordas aposentadorias para receber um gordo salário. Porém, as pensões dos ex-governadores, por exemplo, são pagas pelos estados, enquanto seus salários de senadores e deputados, pagos pela União, o que torna fácil que esse sistema seja "burlado". De qualquer forma, mesmo que os salários não coincidam, se já é um absurdo o que eles ganham durante o exercício do cargo, alguns ganharem mais de R$30 mil dos cofres públicos sem fazer absolutamente nada, é uma afronta ainda maior.

De acordo com a proposta do governo golpista, o proletariado brasileiro precisará trabalhar até os 65 anos para ter direito à uma aposentadoria. Os valores com os quais o trabalhador brasileiro se aposenta, em sua maioria, não são nem metade do que ganham os defensores deste ataque, a maioria deles já se aposentou há anos. Considerando o que ganham por meio da corrupção e da lavagem de dinheiro, tornam-se ainda mais absurdas todas as regalias com as quais contam os administradores da bancada de negócios da burguesia.

Mesmo os valores mais baixos das aposentadorias dos políticos burgueses estão muito acima do que recebe a grande maioria da classe trabalhadora brasileira. Com os ataques planejados pelo empresariado e pelo governo Temer, será necessário trabalhar até bem próximo de morrer para ter direito a aposentadoria. Enquanto isso, a casta política parasita continuará sugando milhões dos cofres públicos com seus super salários e suas super aposentadorias prematuras.

A CUT e outras centrais sindicais ex-governistas assistem de camarote o governo golpista destruir os direitos trabalhistas historicamente conquistados. É necessário romper com a criminosa paralisia e construir uma greve geral de verdade, a partir de assembleias em cada local de trabalho, para organizar a luta desde as bases e enfrentar os ataques do governo golpista.




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