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REFORMA DA PREVIDÊNCIA | Sem mãos e pernas, mulher tem benefício do INSS negado por não conseguir assinar

Cleomar Marques, que trabalhava como sinaleira, ao fazer uma cirurgia no estômago, entrou em coma e contraiu uma infecção generalizada que levou a amputar suas mãos e pernas. Mesmo com esta realidade trágica, a trabalhadora teve seu benefício do INSS negado por não poder assinar os papeis.

quinta-feira 23 de janeiro de 2020 | Edição do dia

Cleomar Marques, que trabalhava como sinaleira, ao fazer uma cirurgia no estômago, entrou em coma e contraiu uma infecção generalizada que começou a necrosar seus membros superiores e inferiores, que foram amputados com a autorização da família.

A filha de Cleomar, que vive sozinha com a mãe na zona leste de Porto Velho, não pode trabalhar pela dependência da mãe para realização das tarefas básicas. As duas vivem da ajuda da mãe de Cleomar e de amigos da igreja.

Em entrevista ao G1, Cleomar diz que ao fazer pedido de benefício ao INSS teve 3 tentativas negadas. A primeira, a expondo à humilhação e constrangimento, foi porque ela não tinha condições de assinar os papéis, também negando a possibilidade de ser feito por sua filha ou sua mãe. Mesmo assim ela fez outros pedidos, o segundo foi negado por falta de período de carência, e outro por seu cadastro único apresentar renda per capita familiar que ultrapassava ¼ do salário mínimo.

Casos como esse, que não são incomuns, é um total descaso do governo e do INSS com as pessoas com deficiência.

“Olha, é um constrangimento para mim tudo isso. Eu trabalhava, tinha minha vida e agora sou dependente dos outros. É a minha filha, única que mora comigo, que faz tudo pra mim.”, diz Cleomar.

Com avanço e a aprovação da reforma da previdência, os trabalhadores que se viam com a possibilidade de não conseguir se aposentar, correram desesperados para tentar garantir sua aposentadoria. Entretanto, o INSS com sua estrutura já sucateada, se encontra hoje com uma fila de quase 2 milhões de pessoas aguardando para conseguir sua aposentadoria e salário-maternidade e BPC, sendo mais uma forma de retirar a aposentadoria da população. O governo alega que só vai conseguir acabar com a fila em setembro, colocando mais de um milhão de pessoas na miséria e desamparadas, vivendo apenas da ajuda de pessoas próximas, como mostra diversos relatos.

O governo pretende contratar 7 mil militares de reserva para agilizar a fila de espera, que precisarão receber treinamento e só começarão a trabalhar nos cargos em abril. A medida gerará um gasto de 14,5 milhões de reais por mês, durante 9 meses, e beneficiará os militares, que ganharão 30% a mais do seu salário de inatividade. Segundo o Tribunal de Contas da União essa medida pode não ser aprovada por se tratar de contratação de reservas de mercado. Além da necessidade de adequação à Lei de Responsabilidade Fiscal, porque o governo deseja classificar esses gastos como custeio, não gasto pessoal, sendo necessário o envio de um projeto de lei que abra o crédito orçamentário para o pagamento.

O INSS possui hoje 19 mil cargos desocupados, que há 4 anos não tem abertura de edital pelo governo, que seria a solução para acabar com a sobrecarga. A medida do governo de contratar militares para “tapar-buracos” mostra como o governo não se importa com o desemprego e a população pobre, sendo as únicas coisas que o governo tem a oferecer são empregos precários: sem direitos trabalhistas, sem direito a aposentadoria.




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