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CORONAVÍRUS | Sem dinheiro e abandonados: trabalhadores migrantes protestam nas ruas da Índia

Em Bombaim, os trabalhadores migrantes que ficaram presos na cidade estão sem dinheiro, nem trabalho, milhares saem às ruas para exigir voltar para suas casas após a extensão da quarentena.

quarta-feira 15 de abril de 2020 | Edição do dia

Poucas horas depois que o primeiro ministro Narendra Modi anunciou que a maior quarentena do mundo por coronavírus se extenderá até o dia 3 de maio, centenas de trabalhadores migrantes presos em Bombaim saíram às ruas, descartando as normas de distanciamento social. Um distanciamento que na Índia é quase impossível.

Os trabalhadores migrantes, contados aos milhões na índia, obtém pagamentos dia após dia, para estes a quarentena os tem afetado deixando-os sem trabalho, e sem teto sob o qual dormir. Por isso saíram às ruas exigindo ao Governo medidas de transporte para voltar aos seus lugares de origem. Para eles, o dia a dia é uma luta constante. Segundo os dados das autoridades, ao menos 1.000 pessoas se reuniram na estação de ônibus suburbana de de Bandra (oeste) próxima à estação de trem e se agacharam na rodovia.

O vídeo mostra que a polícia recorreu a chicotes para reprimir os trabalhadores migrantes, que atualmente alugam em bairros marginais na cidade próxima Patel Nagri. A situação dos trabalhadores migrantes explodiu nos primeiros dias de confinamento, quando dezenas de milhares deles que ficaram sem emprego tentaram fugir das grandes cidades, muitos a pé, com o objetivo de voltar aos seus locais de origem. Exigiam a disposição de instalações do transporte para que possam voltar aos seus povos e aldeias, originalmente de estados como Bengala Ocidental e Uttar Pradesh. Segundo os dados oficiais, ao menos 45 milhões de pessoas migram por ano até as cidades para trabalhar por temporadas, a situação de quarentena lhes cortou esta possibilidade para ganhar o pão diário.

O chefe do Governo de Maharashtra -estado do qual Bombaii é capital, Uddhav Thackeray, qualificou a manifestação em uma mensagem televisionada calificó la protesta en un mensaje televisado como “infeliz” e apontou que “poderia ter acontecido porque pensaram que os trens começariam a partir do dia 14 de abril, e, portanto, poderiam voltar aos seus povos”. O partido que sustenta o Governo de Thackeray acusou o governo central de ser responsável pela situação por não ter facilitado a volta dos milhares de migrantes procedentes das zonas rurais que ficaram presos nas grandes cidades com o confinamento.

"A situação atual na estação de Bandra (...) é o resultado do Governo central não ter sido capaz de atender a reivindicação de organizar a volta para casa dos trabalhadores migrantes. Eles não querem comida nem refúgio, querem voltar para casa”, escreveu no Twitter Aaditya Thackeray, filho do chefe de Governo de Maharashtra e o homem forte do partido governante no estado, o Shiv Sena.
O primeiro ministro, Narendra Modi, disse que tem que é preciso ser “muito consciente” das dificuldades que as restrições implicam para milhões de pobres da Índia: “Alguns por comida, alguns para mover de um lugar para outro e outros por estar longe de seus lares e famílias”, reconheceu. Para dar uma resposta à situação, o Governo aprovou um pacote de ajuda estimado em 22 bilhões de dólares, com os que, agora se beneficiaram 320 milhões de dólares, segundo os dados do Ministério das Finanças.

Desde que Narendra Modi definiu a maior quarentena do mundo para 1,3 bilhões de pessoas, 10.000 já foram infectadas e ao menos 400 pessoas morreram pelo coronavírus. O país que tem um sistema sanitário obsoleto e níveis de superlotação incríveis, aposta em aplicar dura repressão contra a população. Como se viu nos últimos dias com a onda de violência contra a população muçulmana culpados pelos funcionários por propagar o vírus.

Por outro lado, o Governo indiana tampouco está dispondo de testes para detectar o vírus. Enquanto que tampouco fornece proteção para os trabalhadores médicos, o que causou várias greves de motoristas de ambulâncias. A Índia realizou apenas 137 testes a cada um milhão de habitantes, em comparação aos 15.935 por milhão da Itália e os 8.138 dos Estados Unidos. Um dado que antecipa que os infectados registrados podem ser apenas a ponta do iceberg.

Publicado originalmente em espanhol no La Izquierda Diario Argentina, integrante da Rede Internacional La Izquierda Diario, assim como o Esquerda Diário.




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