A arte sempre esteve ao lado dos lutadores, da juventude e dos anticapitalistas porque nunca teve na lógica produtivista seu lugar, nunca quis ser mercadoria para o capital.
Gabriela FarrabrásSão Paulo | @gabriela_eagle
segunda-feira 1º de agosto de 2016 | Edição do dia
Se Roland Barthes usou o termo "revolução permanente da linguagem" para falar da literatura é preciso lembrar que o autor da teoria da revolução permanente, Trotsky, escreveu junto à Andre Breton o manifesto da F.I.A.R.I. por uma arte independente em que dizia que o que queriam "era a independência da arte para a revolução e a revolução para a libertação definitiva da arte".
Mas se hoje ainda lutamos por essa revolução e vivemos ainda, infelizmente, em um sistema capitalista que busca acorrentar e mercantilizar a arte e tratá-la como produto ou simplesmente um bibelô nas estantes burguesas um diário como o Esquerda Diário se torna um espaço para discutir a arte que não corre na grande mídia, ou mesmo discutir essa arte que é aceita pelo capital do porquê ela é aceita em detrimento de outras; é o lugar em que falaremos da arte e cultura negra, feminina, lgbt e periférica que é há anos silenciada.
Ser artista hoje é resistência, fazer arte em uma sociedade que só visa o produtivismo que gera lucro é resistir e dizer que fazemos arte porque essa vida não basta - parafraseando um Ferreira Gullar, que apesar de suas posturas políticas é ainda um grande poeta. E o Esquerda Diário é nosso instrumento onde devemos dar espaço a esses resistentes.
Em mais de um ano o Esquerda Diário teve artigos de polêmica com a nova fase de Beyoncé, com o que é exposto na rede globo, como a cena de sexo entre dois homens, poemas, como os do Rodrigo Tufão e Tayla Fernandes, sobre o novo disco de Elza Soares, ressaltando antigos artistas brasileiros, como Naná Vasconcelos e novos como a raper Yzalú, e até textos mais teóricos como os de Afonso Machado.
A página de cultura do Esquerda Diário deve estar povoada de artigos sobre artistas que são pouco difundidos, de debates teóricos sobre arte e polêmicas com o que a burguesia aceita como arte e tenta nos fazer engolir garganta abaixo dia após dia na televisão, rádio e cinema. Deve estar povoada por tudo aquilo que nos toca seja para o bem ou para o mal e que temos vontade de contar aos amigos, que tudo isso se transforme em texto para ser difundido. Deve estar povoada também daqueles poemas, desenho e textos que todos nós guardam no fundo da gaveta com medo de expor o que produzimos acreditando que não é arte por que a crítica burguesa nos fez acreditar nisso.
O Esquerda Diário deve ser o espaço em que tiraremos da crítica intelectual, que escrevem suas resenhas enquanto decidem a cor mais adequada do quarto da empregada, o direito que eles pensam que só cabem à eles de escrever o que é arte, e tomemos cada um o poder de discutir aquilo que nos torna mais humano, porque se todos os animais possuem um sistema de comunicação só o homem é capaz de com esse sistema produzir arte.
Venha também ser um correspondente cultural do Esquerda Diário!
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