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RACISMO E CAPITALISMO | Segundo pesquisa, renda de brancos e negros só seria equiparada no Brasil em 2089

A organização não governamental Oxfam concluiu através de relatório divulgado nesta segunda-feira, 25, em base a dados sobre a desigualdade socioeconômica no Brasil, que, se a tendência da suposta redução da desigualdade dos últimos 20 anos for mantida, a renda dos negros será igual à dos brancos somente em 2089. Mas, dentro do sistema capitalista, será mesmo?

segunda-feira 25 de setembro de 2017 | Edição do dia

Foto: Jamil Bittar - Reprodução - Instituto Geledés

O relatório ainda diz que, se a situação socioeconômica no país permitir, os negros passarão a ter equiparação salarial com os brancos somente em 2089, ou seja, após dois séculos desde a abolição da escravatura.

Ainda assim, não se leva em consideração que a crise econômica e política pela qual o Brasil atravessa atualmente aponta para a ruptura com a ordem socioeconômica dos últimos vinte anos.

Os números obtidos na pesquisa também apontam que, com o mesmo nível de escolaridade, os negros ainda ganham menos que os brancos, e até mesmo um médico negro ganha aproximadamente 88% do salário que ganha um médico branco. Ou seja, “Para a população negra, avançar na escolaridade não significa equalizar a renda com brancos”, observa a Oxfam.

O mesmo estudo realizado pela Oxfam releva a disparidade de salários entre os homens e mulheres: estas, se mantidas as taxas de desenvolvimento socioeconômico no país, virão a receber o mesmo que os homens apenas em 2047.

“Em todos os cortes feitos, seja de renda, seja de riqueza, seja de acesso a serviços, seja de mercado de trabalho, as mulheres e os negros estão sempre em desvantagem. E não é uma questão de meritocracia, porque a comparação é feita com indivíduos com a mesma escolaridade” — afirma Kátia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil.

Dentre os principais fatores que apontam para a manutenção da desigualdade socioeconômica no Brasil, o estudo aponta o sistema tributário, que favorece aos mais ricos e prejudica aos mais pobres e a discriminação de gênero e raça.

Isso deixa claro o quanto o Brasil ainda é um país que ainda carrega em suas costas o seu passado escravocrata e se utiliza do racismo para poder manter viva a desigualdade social. Mostra também como o modo de produção capitalista se utiliza da opressão de gênero para conseguir lucrar ainda mais com a exploração às mulheres.

Além disso, a ONG também divulgou esta semana que apenas 5% dos mais ricos no Brasil possuem a mesma fatia de renda que os outros 95% da população. E, destes 5%, seis pessoas, apenas, concentram a mesma riqueza que 100 milhões de pessoas, ou seja, metade da população do Brasil (207,7 milhões).

Essa desigualdade socioeconômica é fruto diretamente do modo de produção capitalista, que estimula o surgimento e fortalecimento de monopólios cada vez mais poderosos às custas do crescimento da carestia de vida de milhões de trabalhadores, mulheres, negros e lgbts.

Somente um programa anticapitalista e revolucionário pode atender efetivamente à demanda da grande maioria da população e colocar abaixo esta desigualdade, inerente a capitalismo.




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