quinta-feira 23 de junho de 2016 | Edição do dia
SEDE*
Mas eu, em cujo corpo se refletem
As contradições todas do universo,
Em cuja alma desejos antagônicos
E absurdos – minuto a minuto - se sucedem .
Eu o erro nascido das mãos de Deus,
Eu o abominado nas Escrituras,
Eu o foco inútil do desprezo dos homens,
Eu o alvo diário da violência dos intolerantes,
Eu, a lésbica, o viado, a travesti, o tresloucado...
Eu sofro ser eu através disso tudo
Como quem tem sede num país sem água.
Desenho: Vanessa Deguti
*Poema inspirado no poema “Mas eu”, de Fernando Pessoa.
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