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TRIBUNA ABERTA | Secundaristas de Betim constroem e protagonizam ato contra a PEC 55 e a MP 746

Na tarde desta quinta feira, 10, os secundaristas de Betim, que tem 7 escolas ocupadas, construíram um ato no centro da cidade e impressionaram os moradores e trabalhadores da região, não só por terem alterado o caráter apático e monótono nas ruas, mas por terem se mostrado independentes, organizados e combativos.

MaréProfessora designada na rede estadual de MG

sexta-feira 11 de novembro de 2016 | Edição do dia

Com aproximadamente 500 pessoas, dentre elas estudantes secundaristas e universitários, professores, membros de sindicatos e organizações como a CUT, o SindUte e a UJS, a manifestação contra a PEC 55, a MP 746 e os demais ataques do governo golpista de Michel Temer foi um marco importantíssimo para o cenário político em Betim. Os secundaristas estavam cientes de que bandeira levantar e tomaram frente do ato em diversos momentos, decidindo eles mesmos, por exemplo, os gritos de guerra e os momentos de impedir ou não a passagem de carros. O aparato disponibilizado pela CUT poderia ter sido utilizado mais por estudantes que por líderes que chegaram a sugerir, por exemplo, que “a UJS está ocupando as escolas e vai ocupar tudo em Betim”, além de terem dado pouco espaço entre as falas para que os estudantes pudessem se expressar para o restante da população.
Um secundarista da escola Juscelino Kubitscheck de Oiveira, T.R., fez uma fala muito representativa no carro da CUT, reforçando que todo apoio é bem vindo, mas os secundaristas devem falar mais alto. “O movimento não é deles, o movimento é nosso. A gente que tem que tomar a frente do movimento, a gente tem que fazer o nosso próprio movimento”.

A novidade nessa situação fica mais evidente quando se entende o contexto histórico da cidade de Betim

A segunda economia de Minas Gerais, morada da FIAT, da Refinaria Gabriel Passos da Petrobrás, dentre tantas outras indústrias, há muito tempo é comandada por famílias tradicionais betinenses, como a dos Pedrosa e a dos Carmo Lara, empresários, como o recém-eleito prefeito mais rico do país, Vittorio Medioli (PHS), presidente do grupo SADA e dono de toda a grande mídia da cidade, e demais oportunistas. O jogo político era de cartas marcadas: ou PSDB ou PT, ficando a cargo do PCdoB e da UJS organizar a militância dos jovens e trabalhadores para enfrentar os ataques dos governos.

É fácil notar, pela raridade em que se dão manifestações e outros eventos em Betim, que o objetivo da União da Juventude Socialista não é construir, em diálogo com a base, uma militância eficiente, que de fato questione os privilégios dos capitalistas que exploram a mão de obra na cidade, e dos políticos que fazem coro com os interesses da direita, como o próprio Medioli, cuja campanha contou com o apoio do PCdoB, do PSDB e do DEM. A UJS e a CUT falham na hora de mobilizar, como aconteceu com o golpe do PMDB, mas estão presentes quando o movimento toma maiores proporções.

O recado dos secundaristas de Betim fica claro: ao contrário do que parece, os jovens betinenses estão tão conscientes quanto os secundaristas de todo o país. Ocuparam as escolas e levantam a bandeira do movimento estudantil, que protagoniza a luta contra os ataques à educação no Brasil.




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