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terça-feira 15 de setembro de 2015 | 00:00

Mesmo sob forte chuva, mais de 70 trabalhadores e estudantes da USP e de outros locais de trabalho vieram prestigiar o lançamento da Secretaria de Diversidade Sexual e LGBT do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP).

Em um momento em que a política nacional é permeada por uma agenda totalmente negativa contra os direitos das mulheres, negros e LGBT’s, os trabalhadores da USP dão um exemplo de como somente a política dos trabalhadores é capaz de dar uma saída às necessidades e luta dos setores oprimidos por esse sistema social de exploração.

A estudante Raquel, do curso de engenharia e membro do Coletivo LGBT PoliPride, que agrupa e dialoga com quase duas centenas de trabalhadores e estudantes da Escola Politécnica, saudou a iniciativa e reforçou a importância que tem a luta contra a opressão sexual combinada com a luta contra a exploração e o capitalismo.

A estudante da letras, Cris Rose, que foi parte dos estudantes que participaram ativamente dos 118 dias de greve dos trabalhadores da USP do ano passado, ressaltou a diferença evidente entre o tratamento que a Reitoria da USP dá para as questões referentes à homo/transsexualidade e ao combate ao machismo em contraposição a atitude dos trabalhadores da USP, “enquanto a Reitoria diz reconhecer o nome social de nós, pessoas trans, na carteirinha estudantil, ela nos humilha ainda mais. Ao lado do nosso nome, ela coloca entre parentêses o nome de registro, como se nosso nome social fosse um apelido ou coisa assim! Além de estar combatendo o machismo ameaçando de sindicâncias as próprias mulheres que se manifestaram contra os casos de abusos e estupros. Diferente do SINTUSP que além de lançar hoje essa Secretaria fez, durante a greve do ano passado, uma atividade para discutir a luta contra a transfobia, o machismo e a homofobia e esse ano, com os trabalhadores da Prefeitura a frente de uma paralisação de 20 dias afastaram quatro chefes que assediavam as trabalhadoras mulheres e LGBT’s.”

Carlos Daniel, coordenador do Setorial LGBT da Central Sindical e Popular (CSP/Conlutas) a qual o SINTUSP é filiado destacou a importância do lançamento dessa Secretaria e apresentou alguns pontos programáticos da luta LGBT, “quando um homo/transexual é assassinado é um membro de nossa classe, a classe trabalhadora, que esta sendo morto. Por isso temos que tratar em comum a luta dos trabalhadores com a luta LGBT, de mulheres e dos negros, pois essas lutas são complementares”. E continuou “é necessário lutar pela criminalização da homofobia, mas não apenas isso, temos que defender o fim da Polícia Militar. O lugar das LGBT’s não é nem com o governo, nem com a direita, mas nas ruas dia 18/09”.

Adriano Favarin, coordenador da recém-lançada Secretaria de Diversidade Sexual e LGBT, reforçou a importância não apenas conjuntural e local do lançamento da Secretaria, mas também seu papel histórico, “há trinta anos o movimento LGBT tem seguido sua luta de maneira separada de uma estratégia proletária para a resolução das nossas demandas. Vários são os motivos, a derrota do movimento de trabalhadores na década de oitenta, a restauração do capitalismo em um terço do mundo, a propagação da AIDS/HIV e toda a mística contra as LGBT’s e principalmente, a vitória de uma estratégia não-proletária dentro do movimento de luta pela emancipação sexual que surge nos anos setenta”. Adriano concluiu que “a importância do lançamento dessa Secretaria é, ao mesmo tempo em que apresentar uma estratégia proletária na luta pela libertação sexual, elevar os trabalhadores como sujeito hegemônico na garantia da defesa dos interesses de todos os setores oprimidos da sociedade”.

Após a mesa de lançamento teve a saudação da Secretaria de Mulheres do SINTUSP e intervenção de uma dezena de trabalhadores e estudantes saudando a iniciativa, citando exemplos de homo/transfobia nos seus locais de trabalho e apresentando ideias a serem discutida s e refletidas, como o papel da religião e de certas Igrejas e pastores na reprodução da opressão.

Logo em seguida, a “Festa Contra as Opressões” marcou uma nova fase de atividades sociais e políticas do Sindicato. Misturando rock, forró e sertanejo, anos 70 e anos 80, além de muito samba, axé e pop, a pista de dança refletiu em todas as cores uma noite agradável de integração entre as e os trabalhadores. Com várias porções e bebidas frias e quentes, o “Buteco do SINTUSP” inaugurou uma festa sem o tradicional churrasquinho, mas mostrando a possibilidade de novas e criativas ideias de organização de festa e evento que agrade a todos os trabalhadores e trabalhadoras e suas famílias.

Veja aqui os documentários e curtas que foram exibidos antes do lançamento:
http://esquerdadiario.com.br/Documentarios-explicam-transexualidade-e-denunciam-LGBTfobia

Veja aqui as intervenções de abertura e lançamento da Secretaria:
http://esquerdadiario.com.br/Lancamento-de-Secretaria-do-SINTUSP-relaciona-a-luta-dos-trabalhadores-com-a-luta-LGBT




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