Na mesma semana em que o prefeito gestor João Dória destrói o maior mural de grafitti da América Latina, o MASP, Museu de Arte de São Paulo, anuncia que em 2018 receberá obras de Jean Michel Basquiat, um dos grandes ícones da arte urbana.
terça-feira 24 de janeiro de 2017 | Edição do dia
As duas últimas semanas tem sido de profundos ataques aos artistas de rua na capital. João Dória colocou em prática seus terríveis planos de higienização da cidade de São Paulo expulsando os artistas da Avenida Paulista, removendo os moradores de rua de seus espaços e instalando uma tela para escondê-los, destruindo o maior mural de grafitti da América Latina cobrindo de cinza e propondo pena de 8 anos para pichadores como crime organizado. Enquanto isso, o MASP anunciou que receberá obras de Jean Michel Basquiat.
Basquiat nasceu no Brooklyn na década de 60. Antes de se tornar um parceiro de Andy Warhol e um ícone para a pop art, marcou as paredes de Nova York com a tag "SAMO" (Same Old Shit, "sempre a mesma merda", em inglês) e é até hoje uma grande referência para os artistas urbanos. O artista será tema de uma exposição monográfica no MASP em 2018 com cerca de 40 obras.
João Dória vem tentando definir o que é arte e onde é o seu lugar impedindo a expressão dos artistas de rua e negando sua relação histórica com a cidade. Cumprindo seu papel de empresário, promete garantir que a arte tenha o seu lugar nas grandes galerias onde o que reina é o lucro, satisfazendo os interesses do mercado.
O legado de todos os artistas como Basquiat, que construíram parte da história da arte urbana, deve ser difundido para toda a população e não restrito aos museus, onde a periferia segue às margens. A voz das ruas é soberana. O projeto higienista de Cidade Cinza de Dória tem seus dias contatos.
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