A última semana no Rio de Janeiro registrou 220 tiroteios espalhados pela cidade, com um saldo de 12 pessoas mortas.
segunda-feira 3 de julho de 2017 | Edição do dia
Cenas da violência brutal que assola o Rio de Janeiro não são novidade, mas estão se tornando cada vez mais frequentes com o agravamento da crise.
Na última semana o número de tiroteios registrados foi altíssimo, e deixou vítimas como o porteiro Fábio Franco de Alcântara, que trabalhava em um prédio da rua Sá Ferreira, em Copacabana, e morreu atingido por estilhaços de uma granada enquanto almoçava.
Ou o caso da mãe e filha que foram mortas. Marlene Maria da Conceição tinha 76 anos e Ana Cristina da Conceição, 42, que foram mortas durante conflito entre policiais da UPP e traficantes na Zona Norte da cidade, que levou à revolta popular com o incêndio de um ônibus e a truculenta repressão policial.
Outro caso que escandalizou a cidade foi o do bebê atingido dentro da barriga de sua mãe, que ficou paraplégico e ainda corre risco de vida, sendo internado na UTI após o parto em uma cirurgia de emergência.
São creches, hospitais e escolas atingidos, além das casas dos moradores dos morros em toda a cidade que são alvo das operações policiais. A demagogia cínica de que a polícia faz essas operações para "garantir a segurança" torna-se cada vez mais evidente em sua falsidade, como demonstrou o envolvimento de ao menos 96 policiais em esquema de propina com traficantes. Os policiais chegavam a exigir que os criminosos cometessem roubos para lhes pagar a propina. E enquanto isso matavam, com seus 250 "autos de resistência", e prendiam inocentes, armando "flagrantes" de tráfico para incriminar usuários e "bater as metas" de prisões.
A violência absurda no Rio de Janeiro é consequência direta tanto da criminosa política de guerra às drogas feita pelo Estado, e que serve apenas para o enriquecimento dos grandes traficantes e da polícia a custo do sangue negro nas favelas, como também é fruto da criminosa política de ataques aos direitos e serviços da população, do desemprego promovido pelos patrões e dos ataques de Pezão e Temer, que aumentam a miséria e jogam milhares de jovens na criminalidade.
Não podemos mais aceitar que os patrões, políticos, policiais sigam enriquecendo ao custo do sangue da população nas favelas, principalmente da juventude negra.