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IGREJA ESPANHOLA E LGBTFOBIA | Retrógrado pensamento dos bispos espanhóis: “ideologia de gênero“ como uma ameaça para a “humanidade”

Mais uma vez importantes pontífices como o arcebispo de Valência e o bispo de Córdoba voltam a atacar impunemente as mulheres e LGBT.

sexta-feira 19 de agosto de 2016 | Edição do dia

Em junho, foram arquivadas as denúncias contra o Cardeal Cañizares por suas terríveis declarações racistas, machistas e homofóbicas. Como é de costume, a justiça atuou em favor dos interesses da instituição católica e o cardeal ficou impune frente à suas palavras que claramente incitavam o ódio, a discriminação e a violência contra as mulheres, as pessoas LGBT e os imigrantes. Tampouco teve alguma consequência para seu cargo eclesiástico e, em apenas dois meses, já era possível escutar novamente seu discurso misógino. Desta vez, comparando a “ideologia de gênero” (termo usado pela Igreja para se referir ao feminismo e ao movimento LGBT) com o nazismo.

Uma comparação perversa, mas que não é nova. O Papa já chegou a fazê-la em mais de uma ocasião. Referiu-se à “teoria de gênero” como uma “colonização ideológica” contra a família e “a criação de Deus” e também comparou com o nazismo e fascismo italiano.

Por outro lado, não é a primeira vez que o Cardeal Cañizares se refere à “ideologia de gênero“ como uma ameaça para a “humanidade”. Ele não só comparou o feminismo com ideologias totalitárias, mas também disse cinicamente em seu discurso que as mulheres devem ser “escravas do senhor” e “imitar a Virgem Maria”.

O arcebispo de Valência escolheu a comemoração cristã do “dia da elevação da Virgem ao céu” para nos oferece essas doses de misoginia e LGBTfobia, que certamente, não foram as únicas. Não foram suficientes suas declarações, à estas somaram-se as do bispo de Córdoba, Demetrio Fernandéz, que afirmou que a “ideologia de gênero é uma bomba atômica que quer destruir a doutrina católica e a imagem de Deus no homem e a imagem de Deus Criador”. O bispo de Córdoba já é bem conhecido por dizer outras barbaridades como que a mulher deve “dar calor, aconchego e ternura ao lar” e que o homem é quem “representa a autoridade”.

As declarações atuais foram feitas no infovaticano.com para criticar a “Lei de proteção integral contra a LGBTfobia e a discriminação em função da orientação e identidade sexual”, aprovada do dia 14 de julho em Madri. Também apoiaram a carta emitida há uma semana pelos bispos Getafe e Alcalá de Henares, que chama a desobedecer tal lei. Alegam que esta “lei está inspirada por uma antropologia inadequada que nega a diferença sexual entre homem e mulher e nega a unidade da pessoa corpo-espírito”. Além disso, afirmavam que é possível “mudar a orientação sexual rezando”.

O observatório contra a LGBTfobia condenou severamente esta carta por incitar “o ódio e a humilhação contra as pessoas LGBT”. Disseram que “Tem que ser hipócrita e dissimulado para falar sobre a imposição de ideologias, quando a Igreja Católica há 2 milênios impõe a sua ideologia as custas de matar, agredir, insultar e aprisionar pessoas. Falam de pensamento único quando isso é justamente o que impõem com sua visão fundamentalista de moral católica”.

Apesar de seu discurso ser uma apologia direta à discriminação e violência contra mulheres, LGBT e outros coletivos, estas declarações permanecem impunes como as de outros importantes representantes da instituição católica. Um reflexo da estreita relação existente entre Estado e Igreja, e da enorme influência exercida por esta instituição tão reacionária no Estado Espanhol. Enquanto os feminicidios e a violência contra as mulheres e LGBT aumenta estrondosamente.




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