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CORTES EDUCAÇÃO | Reitoria da USP corta mais de 1000 bolsas de iniciação científica

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

quinta-feira 6 de agosto de 2015 | 02:22

Esse ano o governo federal anunciou um corte de 90% nas bolsas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Conhecido como PIBID, o programa promove o contato de estudantes da licenciatura com a prática docente e é fundamental para complementar a formação acadêmica desses alunos, por meio da experiência prática com o cotidiano escolar. Além dessa aproximação com a realidade escolar por meio do programa, na maioria das vezes, as bolsas do PIBID significam uma garantia para a permanência desses estudantes na universidade.

Na USP os cortes da reitoria e do governo do estado no Programa de Iniciação Científica (PIBIC) e no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) fizeram com que mais de 1000 estudantes ficassem sem bolsas de iniciação científica, prejudicando não só as pesquisas, mas também a permanência estudantil.

Algumas unidades como a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e a Faculdade de Direito da USP justificam a situação pela mudança de prazo pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e consequente atraso dos responsáveis pela área nas unidades de edição no sistema. Os dirigentes alegam que isso sempre ocorreu, mas que nunca acarretou na negação do acesso ao sistema fora do prazo limite pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP).

Os cortes não param por aí, mês passado a USP anunciou o corte de 400 bolsas no Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE) em relação ao semestre anterior e 200 no Programa de Estímulo ao Ensino de Graduação (PEEG). Segundo dados levantados pelo professor de física Ivã Gurgel o corte é de 2.100 bolsas, mas a USP nega.

Os cortes fazem parte de uma política da reitoria que visa atacar cada vez a universidade pública, gratuita e de qualidade sendo que os mais afetados por esse ataque da reitoria são as mulheres, LGBTs e negros, os setores mais oprimidos e explorados da população que entram na universidade e na maioria das vezes necessitam de bolsas para garantir sua permanência.

O reitor coloca a culpa da crise financeira da universidade em cima dos funcionários e professores e adota uma política de corte de gastos, com o congelamento das contratações, o arrocho salarial e os cortes nas bolsas estudantis. Mas não faz nada em relação aos super salários da burocracia acadêmica, setores diretamente ligados as grandes empresas que querem cada vez mais privatizar a universidade. Esses setores mantém todos os seus privilégios mesmo com a suposta crise universitária.

Em outubro teremos nosso XII Congresso de Estudantes e uma das questões fundamentais será o debate sobre a crise financeira da universidade. Precisamos colocar de pé um movimento que imponha a abertura do livro de contas da USP, para que todos possam ver quem são os verdadeiros culpados pela não fechamento das contas.

Devemos nos organizar, juntamente com funcionários e professores para barrar os cortes nas bolsas e todos os ataques que a reitoria vem implementando. Só com a organização dos três setores que compõe a comunidade universitária aliando-se a população é que poderemos demonstrar que a crise é a reitoria e lutar para colocar o conhecimento produzido aqui dentro a serviços dos trabalhadores e da população oprimida e explorada.




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