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JUDICIARIO MACHISTA | Refugiada Falilatou segue presa após 6 meses por descaso do Judiciário

Falilatou Estelle Sarouna está presa há seis meses. A refugiada togolesa foi detida durante a Operação Anteros, que investiga crimes de fraude e golpes pela internet. A vendedora ambulante está sendo acusada de ser uma das “correntistas” da organização que movimentou cerca de R$24 milhões e deixou pelo menos 437 vítimas em 24 estados do Brasil.

sexta-feira 11 de junho de 2021 | Edição do dia

Foto: Reprodução/Campanha Liberdade para Falilatou

Fali foi presa no dia 15 de dezembro, quando a vendedora chegou na sua casa e viu a porta arrombada e achou que havia sido vítima de um furto e foi fazer um boletim de ocorrência, chegando na delegacia a mesma foi informada que estava sendo detida por participação da quadrilha culpada pelos golpes e fraudes e quem havia invadido sua casa tinha sido a própria polícia.

O Ministério Público usou boletins de ocorrências de vítimas do golpe em que a togolesa aparecia como titular de quatro contas e um formulário de abertura de uma dessas contas. O que para a defesa não se encaixa, pois Falilatou é analfabeta e as assinaturas são de letra cursiva, diferentes de como ela assina seus documentos e contrato de aluguel.

A refugiada tinha dificuldade e precisava de ajuda com as operações bancárias e questões burocráticas. Segundo sua defesa, ela foi vítima de um golpe e teve seus dados utilizados pelos criminosos para abrir a conta em seu nomes, sem seu conhecimento. O irmão de Falilatou, seu único parente no Brasil, acredita que em alguma dessas situações, onde ela precisou de auxílio, alguém se aproveitou de sua vulnerabilidade e usou esses documentos para abrir as contas.

Falilatou não leva uma vida condizente com alguém que ganha dinheiro com atividades fraudulentas, a refugiada de 43 anos, trabalhava todos os dias embaixo de sol como vendedora ambulante de roupa no Brás e vivia em um kitnet que o aluguel era de R$700, além disso a mulher mantinha os estudos do filho, que ainda vive no Togo, e teve que parar de estudar desde que Fali foi detida contraditoriamente pela polícia.

O maior problema no caso, para a defesa da togolesa, é que os casos não foram analisados de forma individual, por se tratar de um processo de cerca de 20 mil páginas e mais de 200 réus.O emaranhamento dos casos, complica análise de um a um e por isso Falilatou está sendo acusada de forma arbitrária e sem provas de crimes como extorsão, lavagem de dinheiro e estelionato

Das 210 pessoas acusadas, 140 são mulheres, que vêm de países como Angola, África do Sul, Haiti, Tailândia e Venezuela. De uma forma absurda todos os réus estão sendo sentenciados pela mesma pena, sem uma análise individual de cada caso, sendo assim os chamados “correntistas” estão sendo julgados da mesma forma que os líderes da organização. Se o Ministério Público dividiu cada um por seu papel na organização, em tese deveria haver uma tipificação adequada a cada um.

No Brasil de Bolsonaro e Mourão esse é o tratamento dado aos refugiados, uma maior perseguição e diminuição de seus direitos. A defesa já apresentou muitos argumentos e provas pela defesa de Fali, e segue ignorada pela Justiça, que mostra mais uma vez o papel racista e machista do judiciário.

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