×

ACABOU O TEATRO DO PT OPOSITOR | Refém do PMDB, PT do Rio volta ao governo Pezão

Val LisboaRio de Janeiro

quinta-feira 26 de março de 2015 | 00:01

FOTO: EFE

Nesta quarta-feira, jornais e sites do Rio noticiam a volta do PT ao governo Pezão (PMDB), recompondo a aliança iniciada em 2006 em apoio ao pemedebista Sérgio Cabral. Acordo entre os presidentes regionais do PT, Quaquá, prefeito de Maricá, e Jorge Picciani, deputado estadual do PMDB (e pai de Leonardo Picciani, líder deste partido na Câmara Federal) prevê, óbvio, cargos para a deputada federal Benedita da Silva (Secretaria da Cultura) e Rosângela Zeidan (Secretaria da Assistência Social), esposa de Quaquá.

Quando das enormes manifestações de Junho, que no Rio foram frontalmente contra o governador Cabral, o PT estava e se manteve aliado ao governador mais rejeitado do país. No ano passado, o partido se aproveitou desse desgaste do PMDB, que vinha em rota de colisão com o governo Dilma e não abriria mão de manter-se no poder do estado, e das condições econômicas ainda favoráveis para levar adiante o plano de candidatura própria, com o senador Lindbergh Farias. Doce ilusão, pois imaginavam que Junho não atingira em cheio o PT e sua conversão em partido da ordem, fisiologista, um “partido igual aos outros”. Lindbergh obteve menos de 10% dos votos, quase perdendo para o candidato do PSOL.

O PT iniciou o mês de março do ano passado já fora do governo Cabral. Como se diz sobre as brigas de quadrilhas, o que se viu foi um “tiroteio” entre os dois partidos. Os dois presidentes regionais dispararam as metralhadoras. Picciani dizia que “é inegável o atraso em que o Brasil está pela incompetência do governo petista” e definia que “o PT do Rio é muito ruim”. Quaquá não deixou por menos e mandou seu projétil afirmando que “Picciani e Eduardo Cunha são a ‘banda podre’ do PMDB”. Enquanto trocavam estes “podres” estaduais, seguiam aliados na prefeitura da capital, com Eduardo Paes (PMDB) tendo Adilson Pires (PT) como vice-prefeito.

Os dois lados da quadrilha, com as línguas nervosas, até falavam a verdade um sobre o outro, mas tudo não passava de verborragia para justificar a corrida por pedaços do poder – regional e nacional – e o controle dos fabulosos negócios às custas dos interesses dos trabalhadores e do povo do estado que rendem a esses “políticos” rios de dinheiro público, seja como doações “legais” ou diretamente nos esquemas de corrupção que são o principal mecanismo de “governo” da “coisa pública”.

Pois bem, exatamente um ano depois, talvez trazidos como entulhos das águas de março, PT e PMDB se abraçam e aliam. Novamente juntos, PT e PMDB preparam, em Brasília, no Palácio da Guanabara e no centro administrativo da Prefeitura os ajustes econômicos e sociais contra a população, cortando verbas sociais, negando os direitos sociais exigidos em Junho, reprimindo as manifestações e greves – como a dos garis, nos últimos dias –, enquanto garantem os negócios dos empresários e, literalmente, roubam o país e nossas cidades, a riqueza produzida por nosso trabalho.

Junho não foi apenas um “momento” no calendário político do país contra, principalmente, esses dois partidos. Os governos federal, estaduais e municipais, e a casta política continuam ignorando e zombando dos interesses sociais da população, do seu ódio crescente e suas esperanças. Mesmo as mobilizações recentes, onde a direita pode ter influência, não poderão ser contidas pelos partidos da oposição burguesa, uma vez que eles também não têm resposta a estas profundas questões sociais que motivam os manifestantes, inclusive aqueles que saíram as ruas contra a corrupção.

Esses sentimentos e estado de ânimo das massas buscam cada vez mais exteriorizar-se. Canalizados por um programa operário e popular, democrático e anticapitalista, contra esse regime e as castas empresariais e políticas, poderão ajustar as contas em favor da maioria que tudo produz e nada recebe.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias