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PSOL e Rede | Rede, partido que o PSOL vai fazer federação, vota com Doria e contra os professores na Alesp

Enquanto na última terça-feira (29) acontecia um protesto na porta da ALESP contra a nova carreira que destrói direitos históricos dos professores e vem como mais uma bomba contra a educação pública, sem surpresa, a deputada da Rede Sustentabilidade votou junto com o governo tucano por mais esse ataque à educação, como é de costume deste partido. Contudo, no dia seguinte o PSOL anunciou que fará federação partidária com a Rede de Marina Silva. A pergunta que fazemos é: como o PSOL defenderá então os professores e a educação pública estando de mãos dadas com a REDE?

quinta-feira 31 de março de 2022 | Edição do dia

Foto de Marina Helou, deputada estadual de SP pela REDE (Imagem do site da ALESP)

João Doria (PSDB) conseguiu passar na Assembleia Legislativa de São Paulo, com a ajuda da REDE, um ataque que muda estruturalmente a carreira dos professores da rede pública do estado. Mentindo para a população, usam esse ataque para dizer que estão aumentando o salário dos professores por se importarem com aqueles que levam, junto a outros trabalhadores, a educação de São Paulo nas costas. O aumento salarial não é expressivo como o governo propagandeia e vem junto com a retirada de diversos direitos antes conquistados, aumenta a exploração dos professores, abre mais espaço para assédios por parte das direções, fragmenta ainda mais a comunidade escolar e ainda aperta mais o direito de greve da categoria.

Entenda aqui: "Nova Carreira" de Doria e Rossieli esconde precarização e controle sobre professores.

Claro que já era de se esperar que partidos de direita votariam junto com o governo por mais esse ataque, como por exemplo a REDE, que apesar de nova já acumula um passado recente de muitos ataques e serviços bem prestados à burguesia. A REDE foi criada em 2015 e desde então recebe financiamento de empresas como Itaú e Natura. Se propondo à manutenção de um ‘capitalismo verde’, a própria Marina Silva já apoiou até Aécio Neves à presidência, além de seu apoio à reforma da previdência de Bolsonaro e mesmo o golpe institucional de 2016 ou a prisão arbitrária do Lula pela Lava-Jato.

Então ficamos nos perguntando como o PSOL fecha uma federação com a REDE que sempre foi um partido declaradamente de direita, que nunca deixou de se alinhar com a burguesia para atropelar a vida da classe trabalhadora e a juventude? Como o PSOL defenderá então os professores e a educação pública estando de mãos dadas com a REDE, que um dia antes de assinarem a federação estavam de mãos dadas com os tucanos contra a educação pública?

Veja aqui: PSOL aprova federação com a REDE que votou as reformas e é financiada pelo Itaú.

Essa federação faz parte da nova reforma eleitoral aprovada por Lira em 2021. Os partidos que estiverem dentro de uma federação terão que atuar juntos, como um só partido, dentro das bancadas parlamentares. A federação do PSOL com a REDE vem no sentido de ajudar que ambos partidos superem a cláusula de barreira que poderia os impedir de acessar o fundo eleitoral se não for superada. Contudo, chama atenção que o PSOL tenha escolhido para isso justamente o partido de Marina Silva.

No caso da educação, a REDE também tem a sua marca recente em um dos ataques mais perversos contra a juventude: Neca Setúbal, herdeira do Itaú que desde 2014 vem financiando as campanhas de Marina Silva, foi uma das grandes entusiastas e patrocinadoras da Reforma do Ensino Médio, que junta com a Reforma Trabalhista articula uma precarização desde a juventude para os capitalistas melhor explorarem. Não por acaso a REDE segue uma agenda de ataques à educação pública que mais uma vez ficou visível com o voto de Marina Helou apoiando o PLC de Doria contra os professores.

Se com essa federação o PSOL e REDE passarem a atuar como um só partido parlamentar, como será então quando os futuros governos vierem com o aprofundamento de ataques contra a classe trabalhadora e a juventude? Fora que é preciso remarcar que a partir de agora, cada voto no PSOL significará o fortalecimento da REDE. Isto é, as candidaturas do PSOL aqui em São Paulo podem ajudar, de fato, a reeleger Marina Helou que ataca direitos, assim como fez sem titubear contra a educação.

A REDE é um partido burguês que nada tem a ver com os interesses da classe trabalhadora. A crise histórica do PSOL entra em mais um capítulo: essa aliança com esse partido não pode resultar em outra coisa a não ser o fortalecimento de uma organização inimiga dos trabalhadores e do conjunto da educação pública. Marina Helou ter votado a favor do PLC de Doria mostrou isso e assinou embaixo de que é sim um partido burguês contra nós. E o PSOL segue se negando a ter uma política de independência de classe, como mostra com o apoio à chapa Lula-Alckmin, e de atuar pela construção de uma força real na luta de classe, como por exemplo impulsionando a luta e unidade entre professores em SP, garis no RJ, professores e metroviários de MG, entre outras categorias que têm se levantado contra a precarização da vida. Mas, ao contrário, com essa federação o PSOL acaba assinando embaixo do ceticismo e contra a construção da força da classe trabalhadora.

Veja também: Aos militantes do PSOL: É preciso romper com o PSOL e sua política de apoio a uma chapa Lula-Alckmin.




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