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Machismo | Record TV é condenada por debochar em tom jocoso de caso de feminicídio

Caso aconteceu em 2015 no sensacionalista programa "Cidade Alerta". A emissora foi condenada em primeira e segunda instância mas ainda pode recorrer da decisão.

quinta-feira 4 de novembro de 2021 | Edição do dia

Foto: Reprodução

A Record TV foi condenada pela Justiça paulista a pagar R$ 20 mil de indenização por danos morais à filha de uma mulher que foi assassinada pelo marido em junho de 2015. O Tribunal de Justiça considerou que a emissora, preocupada em "angariar audiência", usou, no programa "Cidade Alerta", um tom "jocoso" e "apelativo" ao tratar do crime.

A mulher foi morta pelo marido que não aceitava o fim do relacionamento, e a reportagem dizia que o casal vivia entre "sapecas e sururus, ora tem tapas, ora tem beijos". Ao fazer uma suposta reconstituição dos fatos, a emissora exibiu também uma cena em que uma atriz, interpretando a vítima, aparecia dançando com outro homem na frente do marido. A versão, de acordo com os familiares da mulher, é totalmente "alheia à realidade". "A reportagem deu a entender que a vítima era uma mulher desfrutável, que se envolvia com homens enquanto convivia com o ex-companheiro", afirmou a família da vítima à Justiça. A mensagem que ficou, de acordo com o processo, era a de que ela "mereceu ser morta", já que era uma mulher que "não prestava".

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O desembargador José Aparício Coelho Prado Neto, relator do processo no TJ, disse que não há interesse social algum em saber sobre os hábitos e a vida privada da vítima e declarou que a reportagem causou transtornos à filha que, em um momento tão difícil, "foi obrigada a testemunhar o relato jocoso do crime brutal".

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É preciso lembrar quem é o dono da Record TV: o bispo Edir Macedo, bolsonarista misógino que já chegou a afirmar que as mulheres não podem ser mais inteligentes que seus maridos e que até já proibiu suas filhas de fazerem faculdade antes do casamento. Uma figura asquerosa que escarra machismo, racismo e lgbtfobia por onde passa. O pastor é um assíduo apoiador do presidente e de sua política negacionista, além de ser acusado em uma série de esquemas de corrupção, enchendo seu bolso de dinheiro com sua mega-corporação da fé, às custas de seus fiéis. No Congresso, os interesses da Universal são representados pelo partido Republicanos (que faz parte do “Centrão” e da base aliada do presidente), também controlando o Ministério da Cidadania, hoje sob o comando do deputado João Roma.

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