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Reabertura do comércio em BH: sem testagem da população e com mortes crescendo a cada dia

Essa semana começou o afrouxamento das medidas de isolamento social em BH: enquanto o país passa pela período mais grave da pandemia até então, Kalil decide reabrir parte do comércio, levando cerca de 30 mil a seus postos de trabalho, sem testes nem equipamentos necessários para controlar o contágio.

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

quinta-feira 28 de maio de 2020 | Edição do dia

Belo Horizonte tem sido reivindicada como uma capital que soube controlar os efeitos da pandemia de Covid-19. Mas na verdade é a capital que tem resistido a duras penas ao negacionismo de Bolsonaro e aos ataques de seu capacho Zema. É também a capital que tem um dos prefeitos mais demagogos do país: Kalil se contentou com um “fique em casa”, enquanto trabalhadoras da saúde salvam vidas sem EPIs, testes, licenças remuneradas, e com “salários de fome”, como vêm denunciando trabalhadoras da saúde de BH.

Agora, provando que mais cedo ou mais tarde iria atender aos seus pares, empresários como ele, afrouxa as medidas de isolamento social de forma desorganizada e arriscada: sem testes para a população, sabendo que, devido à subnotificação, MG pode ter 800% a mais de casos do que os dados oficiais oficiais apontam. Os meios da imprensa tradicional alegam que a situação dos hospitais está sob controle, o que é desmentido por técnicas em enfermagem da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais que trabalham em hospitais de Belo Horizonte: “está um inferno, falta de material, hospital cheio”.

O movimento nas ruas e nos transportes aumentam. Trabalhadores e trabalhadoras atendendo à vontade de seus patrões mesmo que o Brasil esteja enfrentando o momento mais crítico da pandemia até então. Também tiveram que ir às ruas aqueles que estão a procura de um emprego, que não receberam os insuficientes R$600 do governo federal. Também se enquadram nos prejudicados pela falta de assistência dos governos comerciantes que reabriram seus comércios sem ter nenhuma garantia de que as vendas serão suficientes para sustentar suas famílias e não encontram sequer crédito barato já que os bancos atendem os grandes empresários.

A falta de testagem da população, até mesmo de profissionais de saúde, já é preocupante o suficiente para tomar qualquer decisão que leve em consideração o dado oficial de infectados e mortos por Covid-19. Além disso, o prefeito toma o dado, muitas vezes distorcido, da ocupação dos leitos na cidade para calcular que é possível fornecer leitos para aqueles que, agora, vão se infectar no trajeto para seus trabalhos, ou nos supermercados, farmácias, e outros espaços que passarão a ter mais chance de conter maiores cargas virais daqui para frente. Mas as vidas de nossos parentes não são números, as vidas daqueles que se infectarem e não sobreviverem mesmo com um tratamento em UTI importam.

A prefeitura alega que, caso a taxa de contaminação chegue à marca 1.2, o plano de flexibilização deverá ser suspenso. Mas não explica como aplicaria novas medidas de isolamento com o avançar da crise sanitária e econômica em todo o país, com crescentes demissões e um desamparo escandaloso por parte do Estado. Estaria avaliando um lockdown, com direito a medidas repressivas como multas e prisões? Os trabalhadores, oprimidos e a esquerda não poderiam avalizar uma política como essa.

Viemos denunciando como o isolamento social é pura demagogia vindo de qualquer governo que não avance em fornecer testes massivos, licenças remuneradas para os trabalhadores dos setores não essenciais, proibição das demissões, um auxílio emergencial de ao menos 2000 reais a todos os desempregados, informais e autônomos, a reconversão das indústrias para produção de insumos usados no tratamento da pandemia. A medida de flexibilizar o isolamento neste momento da pandemia no Brasil para atender aos interesses de poucos empresários e não da maioria da população, mostra a verdadeira cara de Alexandre Kalil.




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