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Polícia racista | Racismo religioso: policiais que procuram assassino no interior de Goiás invadem terreiros

Representantes de terreiros na região entre Cocalzinho de Goiás e Águas Lindas, denunciam invasões de policiais militares nestes locais e repudiam a tentativa de ligar os crimes de Lázaro Barbosa com as religiões de matriz africana.

Cris LibertadProfessora da rede estadual em Anápolis - GO.

segunda-feira 21 de junho de 2021 | Edição do dia

(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A. Press)

Já são mais de dez dias que uma força-tarefa que envolve mais de duzentos homens, e todo um aparato bélico que abarca helicópteros, equinos e cães de caça, tentam capturar Lázaro Barbosa, acusado de cometer uma chacina em Ceilândia (DF) e diversos outros crimes hediondos. A polícia militar goiana, que tem um orçamento de quase 2 bilhões de reais somente para 2021, não consegue prender um sujeito que vem causando pânico na região entre Cocalzinho de Goiás e Águas Lindas de Goiás. Já está sendo cogitada inclusive a participação de homens da Força Nacional na busca por Barbosa, algo que o secretário da SSP/GO (Secretaria de Segurança Pública de Goiás), Rodney Miranda vem se desviando há dias para não transparecer o fracasso de suas forças, mas que quando o assunto é reprimir manifestações contra Bolsonaro, não hesitam em como base a autoritária e retrógrada Lei de Segurança Nacional, ou mesmo de abordar com caráter racista a juventude negra como fizeram com o influencer Filipe Ferreirano último mês de maio.

Segundo publicação do jornal O Popular, na busca por Barbosa, os policiais militares goianos mostraram outra de suas facetas, que passam longe de apoio ou proteção à população. É o que denunciam adeptos de religiões de matriz africana na região. No domingo (13) policiais invadiram uma casa de Candomblé na zona rural de Águas Lindas e segundo o pai de santo André Vicente de Sousa teriam espancado o caseiro da casa para saber onde o foragido está. Na última quarta-feira (16), policiais teriam invadido o terreiro Ilé Asé Aladé Osún, situado entre os distritos de Edilandia e Girassol, em Cocalzinho. A mãe de santo Isabel Cristina Moreira do terreiro Ile Ase Olona, relatou que na última quinta-feira (17), acordou com a movimentação de agentes dentro da sua casa religiosa, teve que pedir a retirada dos homens, pois não tinham mandado judicial. Isabel também relata que sua casa vem recebendo constantes visitas da polícia, diferentemente de seus vizinhos, e que os agentes questionam se o fugitivo seria da religião dela ou mesmo se o conhece. “Como se a gente fosse íntimo do tal do Lázaro”, lamenta.

A situação de racismo religioso é relatada por outras lideranças religiosas da região, dizendo que não há nada que ligue o foragido às casas e tradições religiosas de matrizes africanas. E mesmo que o suspeito tenha frequentado qualquer uma desses locais, não há justificativas para que esses espaços sejam suspeitos ou mesmo que validem ações de depredação como os policiais vem fazendo, “quebraram porta do barracão, da casa de santo”, como afirma Tata Ngunzetala. Os integrantes de vários centros religiosos publicaram manifesto em repúdio a essas atrocidades.

Leia aqui o manifesto.

Tais abordagens absurdas, nos fazem pensar que não existe reforma para a polícia. Suas vítimas têm classe, cor e culturas específicas. Dessa forma, podemos concluir que não há possibilidades de confiança na polícia. Esta força existe para proteger a propriedade privada e para reprimir a classe trabalhadora e independentemente da origem de cada um de seus membros, a função social que eles cumprem é em favor de uma classe também específica, caracterizando um problema estrutural e não do caráter dos indivíduos que fazem parte de suas fileiras e portanto, não sendo passíveis de reformas.

Leia mais: 4 mentiras que te contaram sobre a polícia




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