×

MUNDO OPERÁRIO | Quem confia na JBS? Sobre a propaganda e os crimes da família Batista

Uma das empresas que mais recebeu incentivos do BNDES durante o governo Lula, ela garante nas páginas do Estadão e da Folha de São Paulo que só compra carne de fazendeiros que respeitam as leis ambientais e cumprem regras de bem-estar animal.

Fábio NunesVale do Paraíba

quarta-feira 16 de dezembro de 2015 | 01:00

Confiança do início ao fim, diz a JBS, maior processadora de carnes do mundo, dona das marcas Friboi e Seara. Segundo a empresa, pode confiar porque a criação animal, o abate e os produtos vendidos nos açougues e supermercados estão sob rígido controle de qualidade e inspeção federal. Uma das empresas que mais recebeu incentivos do BNDES durante o governo Lula, ela garante nas páginas do Estadão e da Folha de São Paulo que só compra carne de fazendeiros que respeitam as leis ambientais e cumprem regras de bem-estar animal.

Em março de 2014 a JBS Friboi foi multada em R$ 6 milhões e teve embargada a sua planta frigorífica de Barra do Garças (Mato Grosso), por crime ambiental. A empresa foi flagrada enterrando carcaças de bovinos durante o transporte em uma área dentro da reserva florestal da unidade, contaminando o solo e os mananciais hídricos. Em março de 2015 a JBS foi acusada de comprar gado de uma quadrilha responsável por trabalho escravo, grilagem de terras, invasão de áreas públicas e desmatamento ilegal no entorno da BR-163 que atravessa quilômetros de floresta amazônica.

A JBS também jura que não negocia com os latifúndios que roubam e matam os povos indígenas. Em novembro deste ano a BR-040, que liga Brasília e Valparaíso de Goiás, foi tomada por Pataxós e Kaiapós que protestaram em frente a uma unidade da JBS. JBS/Friboi: carne com sangue indígena. Dá pra confiar?, dizia uma das faixas do protesto. A família Batista, dona da empresa, financiou a campanha de 162 deputados eleitos e influencia a bancada ruralista responsável por propostas como a PEC 215 que altera as regras para a demarcação de terras e promove o extermínio dos povos indígenas.

Nos comerciais de tv protagonizados pelos atores Tony Ramos e Rodrigo Faro as fábricas e frigoríficos da JBS são apresentados como ambientes limpos e tranquilos. Mas a realidade é bem diferente para as trabalhadoras e trabalhadores da unidade em Forquilhinha (Santa Catarina), obrigados a trabalhar no frio sem os equipamentos de proteção necessários. Os comerciais da Seara protagonizados pela apresentadora Fátima Bernardes também escondem crimes hediondos. A cena é terror para o operário coagido a cumprir uma função sem treinamento e teve a mão decepada após acidente na unidade da JBS de Carambei (Paraná). Terror e morte para o trabalhador que caiu em uma máquina de trituração na unidade da JBS de Lins (São Paulo).

Talvez a confiança do início ao fim vendida nas propagandas da JBS não seja relacionada à procedência e à qualidade dos produtos, e sim à confiança que a família Batista tem nos acordos com os políticos, sindicatos pelegos, jornais, emissoras de tv, atores e apresentadoras de olhos bem abertos para as doações e pagamentos milionários desta gigante da carne.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias