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29 DE MAIO | Que a APEOESP organize os professores para se unificarem aos estudantes nos atos do 29M

O dia dos atos do 29M contra o governo de Bolsonaro se aproxima e não seria óbvio que os sindicatos e principalmente o maior sindicato da educação do país, a Apeoesp, deveriam estar organizando suas categorias e bases, em reuniões e assembleias virtuais ou presenciais, para participar e se somar ao chamado dos estudantes?

quarta-feira 26 de maio de 2021 | Edição do dia

Foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo

Faltam 3 dias para o ato chamado inicialmente por estudantes, mas que ganhou convocatórias de partidos de esquerda e movimentos sociais também. O dia 29 de maio, sábado, vem sendo comentado por estudantes e parte de trabalhadores, mostrando um sinal importante de que a extensa campanha do “fique em casa” das direções sindicais e de massas tem grandes limites, e mais, que difere muito da inspiração pulsante dos nossos irmãos colombianos e da juventude em todo mundo que se coloca a marchar nas ruas contra o massacre de Israel ao povo palestino.

Veja também: 5 motivos para unificar estudantes e trabalhadores nas ruas no dia 29 de maio contra Bolsonaro.

Motivos para irmos às ruas não faltam e listar todos aqui seria dizer o que todo mundo já sabe e sente na pele, mas vale ressaltar alguns: vivemos agora a iminência de uma terceira onda da pandemia, que pode dar contornos ainda piores aos números - hoje já com 452 mil mortos, um número aterrador. Culpa do contínuo negacionismo de Bolsonaro e seus militares, como fez Pazuello ao desfilar sem máscara em manifestações de apoio ao presidente, mostrando que as Forças Armadas nunca foram contra o projeto do governo que levou à morte de milhares de pessoas.

Milhões de pessoas sentem a fome devido os salários corroídos e o desemprego crescente, e sentem o desmonte dos direitos e as sucessivas privatizações e reformas, como a reforma administrativa que avança agora no Congresso. E na educação, como se tudo isso já não bastasse, nos vemos obrigados a batalhar pelo mínimo: lutar pelo direito de manter nossas vidas, contra o retorno inseguro e autoritário dos governos estaduais - como Doria, Covas, e agora Nunes, na cidade de São Paulo, e até mesmo de governos municipais do PT, como em Araraquara. Governos esses que mesmo vendo o aumento enorme da lista de profissionais da educação mortos pela Covid, seguem com o retorno indiscriminado e sem medidas eficazes de combate a pandemia. Doria é um dos principais demagogos que diz combater o negacionismo de Bolsonaro, mas segue administrando uma das piores estatísticas do país.

Esse é o cenário que antecede as manifestações do dia 29, o que nos faz perguntar: não seria óbvio que os sindicatos e principalmente o maior sindicato da educação do país, a Apeoesp, deveriam estar organizando suas categorias e bases, em reuniões e assembleias virtuais ou presenciais, para participar e se somar ao chamado dos estudantes?

Ao contrário disso, a direção majoritária da Apeoesp, PT e PCdoB, encabeçada pela deputada estadual Maria Izabel Noronha, segue achando que somos ingênuos ao ponto de acreditar que a única frase que saiu sobre o dia 29 no Informe Urgente de várias páginas no site do sindicato é de fato algum nível de convocação da manifestação do sábado. Até agora a Apeoesp não convocou sequer uma reunião regional para debater com os professores a necessidade de organizar um forte dia de mobilização, com os professores.

Os sintomas da volta no horizonte das manifestações presenciais mostram que cada vez mais setores da população começam a sentir de volta o ânimo e, sobretudo, a necessidade de questionar a linha ambígua das centrais sindicais do “fique em casa”, primeiro porque para grande parte da população nunca foi possível um verdadeiro isolamento social racional, e nem mesmo as direções dos movimentos de massa lutaram seriamente por isso; e segundo porque começa a ficar claro que o sentido que as direções dão para isso é apenas o de conter as manifestações e revoltas da população que enfrenta uma situação tão dura.

A preocupação das burocracias sindicais em conter o retorno das manifestações de rua não aparece só com o fato de não organizarem e convocarem nada, como faz a presidente da Apeoesp. Se expressa também na política absurda das grandes centrais sindicais decidirem convocar um ato simbólico para o dia 26, pouquíssimos dias antes da manifestação do dia 29 que vem ganhando corpo, para tentar uma manobra já usada antes, de dividir trabalhadores e estudantes como fizeram em 2019, também no final de maio, no Tsunami da Educação.

Não existe qualquer justificativa para esperar mais, aliás foi essa a proposta das direções sindicais e dos movimentos sociais em toda a pandemia, que enquanto passavam todos os ataques como reforma da previdência federal e as estaduais, privatizações, 452 mil mortes da Covid-19, corte no auxílio emergencial etc. - a política foi de esperar e esperar por uma saída “milagrosa” em 2022, ou seja, que em 2022 Lula se eleja e administre toda a obra econômica que foi aprovada pós golpe de 2016, o que o próprio ex-presidente, agora quase candidato oficial, já mostrou que vai fazer, preservando todas as reformas aprovadas que deterioram nossas vidas e se mostrando-se como um bom samaritano que perdoa os todos os golpistas, mesmo aqueles que comemoram aniversário do golpe militar.

Pode interessar: A conciliação de Lula com os golpistas é cilada: a luta dos colombianos mostra o caminho.

O momento é gravíssimo para a educação e seus trabalhadores: os números de mortes de estudantes, familiares, professores e funcionários que morreram com a contaminação do retorno inseguro das aulas presenciais aumenta dia após dia. Essa postura impede, inclusive, que lutemos de forma consequente contra o retorno inseguro das aulas presenciais e para que possamos impor que seja a comunidade escolar quem decida.

Em São Paulo enfrentamos uma ofensiva enorme do governo Doria e de Rossieli Soares com as excludentes PEIs, que precarizam o ensino e o trabalho do professor; o avanço do projeto de escolas cívicos-militares; e a implementação da reforma do ensino médio. Por isso, a Apeoesp ignorar o chamado do ato do dia 29 e não chamar reuniões regionais para organizar os professores, para que mais uma vez expressem a força que essa categoria tem historicamente, é seguir aceitando passivamente a política de Doria e, em escala maior, de Bolsonaro.

Como diz o cartaz colombiano que rodou as redes sociais, nos trazendo os ares internacionais, ”quando um povo sai às ruas em meio a uma pandemia, é porque seu governo é mais perigoso que o vírus”. É um absurdo que a Apeoesp, ao invés de divulgar amplamente as manifestações do dia 29 e convocar reuniões com os professores nas diversas regiões e subsedes, siga se limitando a ser departamento jurídico do gabinete parlamentar da deputada Bebel Noronha. Toda e qualquer decisão dessa justiça burguesa, que não está do nosso lado, só terá força se encontrar a luta dos trabalhadores nas ruas. Exemplo disso foi o que aconteceu com as liminares favoráveis a Apeoesp contra o retorno das aulas que Doria e Rossieli deliberadamente ignoram.

A direção majoritária da Apeoesp atua apenas pelos objetivos de 2022 e nós precisamos nos guiar pela saída que pode de fato questionar toda a ordem de ataques que estamos sofrendo, e nesse sentido o dia 29 pode ser um primeiro, mas importante passo. Infelizmente grande parte da oposição da Apeoesp se adapta ao calendário e modo de atuação da Chapa 1, como faz as correntes do PSOL Resistência e TLS (MES), sem fazer qualquer denúncia da forma rotineira que estão levando a construção da mobilização e menos ainda exigência de que de fato organizem a categoria pela base, com reuniões que se expressem as vozes dos professores; mas também o PSTU, que através da CSP-Conlutas convoca o dia 29 de forma acrítica às grandes centrais sindicais, mesmo sobre a divisão imposta entre as datas do dia 26 e 29.

Por isso, o chamado que fazemos às correntes de oposição é para que conformem um polo anti-burocrático para exigir de Bebel Noronha e toda direção majoritária, reuniões em todas as regiões, organizando os professores para um forte dia 29, e que esse seja um primeiro passo para que a categoria possa responder a situação caótica que estão nas escolas de SP.

É fundamental batalhar por fortalecer as manifestações do dia 29. Para que isso ocorra é necessário a organização de assembleias e reuniões desde a base de cada categoria e instituição de ensino contra os cortes na educação, as privatizações e as reformas de conjunto. Além de exigir dos governos medidas emergenciais essenciais de combate à pandemia e a terceira onda que se aproxima. Nesse sentido, é tarefa das direções do movimento operário e estudantil organizar a luta da classe trabalhadora e da juventude contra todo o regime político do golpe institucional que quer descarregar crise capitalista nas nossas costas e seus espetáculos como, por exemplo, a CPI da Covid e, que não pare em Fora Bolsonaro, como é a política do impeachment que abre espaço para o execrável general Mourão.

Veja também: ED Comenta: Pazuello na CPI da Covid.

O dia 29 deve ser o primeiro passo para o “Fora Bolsonaro, Mourão e os militares”, sem nenhuma confiança no STF e no Congresso golpista. O Movimento Nossa Classe Educação batalha por essa política e por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela força da nossa mobilização, para que seja o povo e não aqueles que riem das nossas mortes e desespero, como Bolsonaro e todos os golpitas, que decidam os rumos do país. Desde as nossas escolas e dos espaços políticos que atuamos defendemos que o retorno as aulas presenciais é uma decisão da comunidade escolar e batalhamos por um plano emergencial de combate à pandemia com vacinação para todos com quebra das patentes e sem que para isso haja indenização das empresas. Além de um auxílio emergencial de pelo menos um salário-mínimo para toda população que necessite.




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