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PARALISAÇÃO ARGENTINA | Quando os trabalhadores fazem o Esquerda Diário

quarta-feira 1º de abril de 2015 | 23:14

Desde que abrimos, centenas de correspondentes têm ajudado a fazer o jornal Esquerda Diário. Escrevendo não apenas de disputas sindicais, mas também enviando denúncias sociais e visões políticas. Mas, nos últimos três dias, centenas de depoimentos lotaram o diário. O principal motivo foi a greve nacional no dia 31 de março. Queremos aproveitar para fazer uma proposta.

"Esses políticos fecham os olhos para as necessidades dos trabalhadores telefônicos". "Não admira a posição do burocrata de não parar, está mais preocupado com um lugar nas campanhas governistas que nos direitos dos professores". "A União Ferroviária não para porque está presa com o Governo". "Deveriam fazer mais que dar carta branca, deveriam ter organizado uma greve". "Para os líderes do Sidnicato dos Transportes o governo faz elogios." "Há muitos trabalhadores municipais que recebem salário precário. Por isso é importante que esta paralisação ativa".

Centenas de relatos, de dezenas de sindicatos, de várias cidades. Muito antes do fim do ruído das máquinas e antes de se esvaziar as estações, muitos trabalhadores falaram no Esquerda Diário.

Para denunciar direções sindicais que não quiseram paralisar por suas relações com o governo. Para contar os argumentos que convenceram seus colegas a paralisar. Para trazer algo para o triunfo da greve. Como um colega que relatou que os piquetes de greve anteriores não conseguiam cobrir todas as entradas para o Parque Industrial e trouxe uma boa notícia: "é uma pequena contribuição para que bloqueio seja eficaz." Nós todos sabemos que os piquetes ajudam a "convencer" que ali ninguém entra pra trabalhar.

Mesmo para levantar uma discordância. Um diz que "parar junto com o Moyano (burocrata sindical dos transportes) não é bom", outros respondem que "nas últimas paralisações nacionais se mostrou uma clara diferenciação do sindicalismo combativo nas suas ações na Av. Panamericana (de entrada à zona industrial de Buenos Aires)".

Isso tudo porque os debates "em tempos normais, pacíficos, o trabalhador arrasta sua dor em silêncio. Durante uma greve, proclama em alta voz as suas exigências", disse Lenin escrevendo sobre as greves. Ele era apaixonado tanto pelas lutas da classe trabalhadora como pela maneira em que isso poderia se espalhar por sua própria força.

Assim como nós.

Então, o leitor, ante ao fato político ou social que muda sua rotina, torna-se também cronista. E isso é uma das aspirações do jornal Esquerda Diário desde seu nascimento. "Nossas páginas estão abertas para adicionar colaboradores. Queremos dar voz a quem não encontra nos meios tradicionais”. Não só para informar. Porque, como uma operária da alimentação diz: "Daer (presidente do sindicato da alimentação) está com os patrões e não quer dar lugar para a esquerda". E só nós queremos ajudar que as ideias e propostas de esquerda avancem nos sindicatos para multiplicar a sua influência.

Estes dias, as iniciativas vieram de nossos correspondentes em áreas industriais. Eles usaram as redes sociais, whatsapp e todos os meios que servem para recolher todos esses depoimentos. "Se tudo para dia 31, por isso que o Sindicato metalúrgico não para?"; "Daer, porque não chamou assembléia?". As perguntas percorreram os celulares e o boca-a-boca. Outros estavam relatando enquanto recebiam o jornal La Verdad Obrera em grandes fábricas.

A burocracia quer, mesmo em tempos de greve, continuar em silêncio. Como dizem alguns, "a paralisação é boa, mas aqui dentro, ninguém nos informa sobre nada"; "Os trabalhadores não foram consultados". Nossos correspondentes, pelo contrário, querem que essas vozes tapem o barulho das máquinas, que não falem para si mesmas.
Na semana anterior, alguns delegados escolheram as notas que pareciam mais interessantes e envia aos seus colegas. Uma ótima idéia. Agora, eles foram um passo além: pedir a seus colegas o que eles pensam, escrevam, enviem fotos (dizem que uma imagem muitas vezes vale mais que mil palavras). Não só para que as posições dos lutadores e classistas -que fizeram mais de 1,2 milhões de votos nas últiams eleições argentinas- chegue mais longe, mas também para que estes trabalhadores tenham a oportunidade de se comprometerem mais. O que ocorreria se muitos deles tomassem a frente e escrevessem e difundissem as notas? Expandir a nossa rede de correspondentes não só seria exelente para que o Diário reflita o mundo do trabalho melhor, mas estariamos nos organizando, nossa classe estaria mais forte.

Nos dias anteriores nossos escritores refletiram o descontentamento e as preparações. No dia 31 os grandes meios de comunicação não puderam esconder a realidade do sindicalismo de esquerda. Mas os nossos cronistas continuaram falando desde os piquetes, fotografando as portas das fábricas e hospitais, em silêncio.

Foi um grande passo na argentina, mas temos que avançar muito. Se some a nós nesta experiência também brasileira.




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