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DESAFIOS DA JUVENTUDE | Quais lutas a juventude terá que enfrentar para ter trabalho?

O desemprego está alto, ainda mais na juventude, alcançando perto de 20% segundo o IBGE. Qual será o perfil dos empregos que querem nos dar e porque a luta pela educação é tão importante para não nos atirarem no fundo do poço?

quinta-feira 31 de março de 2016 | Edição do dia

Quais lutas a juventude terá que enfrentar para ter trabalho?

Nos [debates sobre Nova Juventude ] e quais os desafios que teremos que enfrentar em meio a crise econômica fica a dúvida de como estão e como se desenvolverão os trabalhos que podemos ter no Brasil. Um termo bastante usado na Europa é da “Juventude Nem-Nem”: Nem emprego, nem escola. Uma realidade para muitos jovens no Brasil mas que tem características específicas das condições do Brasil, iremos colocar aqui alguns elementos.

Continuando o debate que fizemos duas semanas atrás, vamos partir de que há uma desindustrialização relativa no Brasil, afetando de formas diferentes cada região e cada setor da economia, por exemplo um dos setores que mais diminuiu o número de trabalhadores foi a indústria de automóveis, nisso o desemprego no ABC Paulista, onde são históricas as montadoras, será diferente do que na Baixada Fluminense, conhecida pelos investimentos do Petróleo. Não iremos entrar nesse nível de detalhe nesse artigo.

Na pesquisa do IPEA sobre escolaridade e trabalho da juventude, a primeira coisa que notamos é que a maioria da juventude entre 15 e 29 anos trabalha. Quando vemos quem está estudando, apenas 36% estão nas escolas ou universidades (lembrando que é contado o ensino médio, técnico e faculdade!), para além de que a maioria desses jovens estudantes ou trabalha ou está desempregada procurando emprego.

Embora não tenhamos uma pesquisa que dê conta do que acontece do ano passado até agora, momento que o governo Dilma começou o corte de verbas e de direitos, podemos perceber a fragilidade dos empregos da juventude: quase 20% dos homens jovens estavam empregados na construção civil em 2015, um setor que vem tendo muitas demissões nos últimos tempos. Na indústria, que emprega cerca de 10% dos jovens sejam homens ou mulheres também vemos um setor com muitas demissões, como discutimos no último artigo.

Mas quando pensamos em condições de emprego da juventude o que preocupa é que quase a metade dos jovens ou está em empregos terceirizados, ou em lojas (comércio) ou no serviço de domésticas (principalmente mulheres). Esses setores são reconhecidos por terem maiores níveis de informalidade, além de menos direitos e menores salários.

A Juventude Nem Nem e a Questão de Gênero

Cerca de 15% dos jovens “Nem estudam, nem trabalham”, as razões são muitas: falta de formação, lesões, ou mesmo idade. Mas dentro dessa juventude, cerca de 1 milhão e 400 mil mulheres (46% dos jovens “nem, nem”) ou tem que assumir as tarefas domésticas ou estão cuidando dos próprios bebês. Ou seja, a juventude “nem nem” no Brasil tem como perfil a mãe dona de casa, que tem que interromper os estudos e parar de trabalhar para cuidar dos filhos e da vida matrimonial, uma questão agravada quando vemos a diferença da média salarial entre homens e mulheres jovens: 1200 para os homens e 900 reais para as mulheres.

Uma juventude que lute pela educação e pela emancipação da vida

No dia 02 de abril ocorrerá o lançamento de uma nova juventude. Inspirada pelas lutas pela educação dos secundas de SP e do Rio, os jovens devem se organizar para responder aos problemas políticos e econômicos do país. O desemprego da juventude e os trabalhos precários nos são impostos pelos governos e pelos empresários, não a toa eles pretendem precarizar também nossa educação pois fica mais fácil nos empurrar para esses trabalhos ruins.

Quando as lutas pela educação chegam a níveis como vemos no Rio, onde não só secundas estão mobilizados, mas também os professores estaduais e os alunos da UERJ, podemos ver com mais clareza a frase “Hoje são eles, amanhã seremos nós”, semelhante ao que a juventude francesa vem levantando nas lutas contra a reforma trabalhista. Perceber que a luta contra fechamento de escolas ou cortes de verba significa também tomarmos em nossa mão nosso destino, mostrando que não nos calaremos se nos empurrarem para empregos precários, assustam os poderosos e os fazem recuar.

A luta pela educação no Brasil é também a luta para que o nível de precarização das condições de trabalho não se aprofunde. Que nossas escolas sejam também “escolas de luta” para o restante de nossa vida, para que as mulheres consigam romper com a família que a mantém em casa, para que tenhamos empregos com direitos fundamentais como 13º, férias, pagamento em dia e aumento conforme o aumento do custo de vida e tantos outros que já foram ou podem ser cortados. Para os conservadores e o petismo dos cortes diremos que somos a faísca de uma nova sociedade!




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