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“Um ataque à liberdade de expressão”, “vergonhoso”, “pior que a URSS”. Os patrões dos “grandes” jornais nacionais não tinham palavras duras o suficiente para condenar a ação da Federação CGT de Trabalhadores da Indústria do Livro, do Papel e da Comunicação (Filpac), que bloqueou, quarta-feira (25), a impressão dos jornais de abrangência nacional. A única exceção foi o jornal L’Humanité que tinha aceitado publicar uma matéria assinada por Philippe Martinez onde eram explicas as razões da oposição da Central de Montreuil à Lei do Trabalho. Quando os jornais Le Figaro, Les Echos e Laurent Joffrin falam, em conjunto, de uma “negação da democracia”, significa que há alguma coisa errada...

sexta-feira 27 de maio de 2016 | Edição do dia

Na última sexta-feira, a Filpac, da qual a “CGT do Livro” é dos ramos mais fortes, tinha convidado os trabalhadores do setor a “fazer constar em seus jornais um comunicado [...] sobre a realidade do movimento social e sobre o contexto, presente e futuro, colocado pela lei El Khomri”. Uma nova correspondência foi endereçada na terça-feira (24) aos dirigentes do Sindicato da Imprensa Cotidiana Nacional (SPQN) - surdos às exigências dos trabalhadores - para reiterar a demanda.

Os chefes dos principais jornais nacionais então subiram pelas paredes. Aqueles mesmos que tratam, há dois meses e meio, os manifestantes como “vândalos”, os militantes como “terroristas”, a greve como uma “catástrofe para o país” e os sindicatos como a “escória de um passado que se foi”, se reuniram para denunciar o que chamaram de “sequestro”.

“O único sequestro, replicou Didier Lourdes da CGT do Livro, é este levado a cabo pelo governo com o 49.3” [referência ao artigo 49.3 da Constituição da França usado pelo governo para implantar a Lei do Trabalho sem passar pelo parlamento].

Continuando com a intransigência, a exemplo do primeiro ministro Manuel Valls, os patrões da imprensa nacional recusaram a “chantagem” e os trabalhadores, então, bloquearam a impressão dos jornais de quinta-feira (26), com exceção do jornal L’Humanité, que publicou a tribuna de Martinez.

Os gritos de indignação do SPQN continuaram durante todo o dia na quinta-feira (26), sendo transmitidos no radio e na televisão. Talvez para remover os bloqueios e quebrar as greves em curso por todo o país, os chefes do Le Figaro se consideram em boa posição para dar conselhos de “boa conduta” ao governo?

Do lado dos trabalhadores, no entanto, os grevistas têm mil vezes razão de terem saído em greve e de terem bloqueado a impressão dos jornais na quinta-feira (26) pela terceira vez desde o início do movimento. Quando será a próxima?

Tradução: Rodolfo Ferronatto de Souza




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