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GOLPE INSTITUCIONAL | Promessas e distribuição de cargos ampliaram votos a favor do impeachment

quinta-feira 11 de agosto de 2016 | Edição do dia

Na terça-feira, dia 9, aconteceu mais uma etapa do processo de impeachment. O Senado se reuniu em uma sessão de mais de 10 horas e aprovou o relatório do senador Antonio Anastasia (MG) do PSDB cujo conteúdo prevê o julgamento de Dilma Rousseff. Estiveram presentes 81 senadores, dos quais 59 foram favoráveis e 21 contrários à continuidade do processo de impeachment. Em maio, quando o Senado aprovou o afastamento temporário de Dilma, os votos contabilizaram 55 a favor e 22 dois contra.

A quantidade a mais de votos contra Dilma não é uma surpresa. Mediante uma política de apadrinhamento de Senadores, distribuição de cargos e retomada de obras de interesse dos parlamentares, Michel Temer com o apoio do presidente da casa Renan Calheiros, do líder da bancada do PMDB Eunício Oliveira e de Romero Jucá, presidente do partido, foi possível a Temer aumentar o saldo desfavorável à Dilma e obter vantagem contra a oposição. Com isso ele também mostra que está se fortalecendo no parlamento para impor à população seus planos de ajuste fiscal.

Desde o início do ano, mesmo comprometido pelas delações premiadas de empresário da Andrade Gutierrez na Operação Lavaja Jato, Romero Jucá vinha negociando “favores” para o governo temer. Ele foi eleito não apenas presidente do PMDB, como também é reconhecidamente um dos responsáveis pela articulação política do governo Temer, negociando cargos com PP, PR, PSD e PTB.

Em maio se ausentaram da sessão alegando motivos de saúde, os senadores do PMDB Eduardo Braga (AM) e Jader Barbalho (PA). À época do PT e agora sem partido, Delcídio do Amaral (MS), também esteve ausente devido à cassação do mandato como senador, seu suplente Pedro Chaves (MS) do PSC até então não tinha tomado posse. Na sessão do dia 9, Eduardo Braga, Jader Barbalho e Pedro Chaves votaram a favor do julgamento, contabilizando 3 votos a mais contra Dilma. O quarto voto acrescido partiu do senador João Alberto Souza (AM) também do PMDB, que mudou de posição.

"Não mudei de ideia, a minha postura foi em função da conjuntura política. Não foi em função de haver cometido ou não o crime. É uma postura pelo Brasil, de achar que no momento fica muito difícil para a presidente governar", afirmou João Alberto. O senador também mencionou não ter encontrado Dilma desde o início do processo de impeachment, porém chegou a se encontrar com Temer. "Diga-se de passagem, Temer nunca pediu o meu voto. Mas evidentemente conversei com o meu partido", completou. A senadora Kátia Abreu (TO), ministra da Agricultura durante a gestão de Dilma, e o senador Roberto Requião (PR), os dois do PMDB, foram os único a votarem contra o impeachment, com posição isolada dentro do partido.

Durante o governo de Dilma, Helder Barbalho, filho do senador Jader, era ministro da Secretaria Especial de Portos. Depois do impeachment, Helder assumiu o ministério da Integração Nacional, pasta responsável por projetos federais de peso no país, como Projeto de Integração do Rio São Francisco, considerado pelo governo o maior empreendimento hídrico do país, com forte influência na região de origem da família Barbalho, Norte e Nordeste.

Segundo interlocutores de Temer no congresso, Eduardo Braga, ex-ministro de Minas e Energia e ex-líder do governo do PT no senado, manteve aliados em cargos estratégicos no setor elétrico.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, pleiteou com êxito uma parceria com o presidente para a conclusão de obras o que possibilitou o encontro de Temer com senadores. Além disso, Renan também manteve seu afilhado político Vinicius Lage na presidência da Sebrae e garantiu o ex-ministro de FHC, Juarez Quadros, para a presidência da Anatel. Apesar de se abster durante a votação, é notadamente exemplar o esforço de Renan para acelerar o processo de impeachment. Todo esse conchavo político mostra a que o PMDB está disposto.




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