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SÃO PAULO | Programa Remédio Rápido de Doria deveria se chamar “lucro certo para as drogarias”

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

domingo 5 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Entre as várias peças de marketing de Doria uma se chama “Remédio Rápido”, trata-se do programa que acabou com a distribuição de remédios nas UBSs e transferiu esse direito dos cidadãos às drogarias privadas. Os efeitos imediatos dessa medida serão: lucros para os empresários, encarecimento do preço pago pela prefeitura e dificuldade de acesso aos medicamentos. No longo prazo será mais uma medida, somada a de outras esferas de governo, para sucatear a produção de tecnologia farmacêutica colocando o país em maior dependência dos monopólios internacionais. Entenda mais como Doria está vendendo um peixe estragado para você.

A desculpa de Doria para adotar essa medida é a seguinte, seguindo seu argumento de Facebook: “um dos principais motivos da falta de medicamentos nas UBSs é o processo extremamente burocrático para compra, entrega e retirada dos mesmos.” Não passa em sua cabeça privatista nenhuma solução para melhorar a gestão pública da compra, distribuição. Como esse tipo de idéia esta proibida em sua mente. Eis a solução no mesmo post: “a retirada dos remédios seja feita nas grandes redes de farmácias espalhadas pela cidade, com mais agilidade e praticidade. Já fizemos reuniões com vários grupos de empresas da área e, felizmente, a aderência tem sido surpreendentemente positiva”.

Surpreendente? Só se for no fantástico mundo de Doria! Como que as grandes redes ficariam insatisfeitas, eles serão pagas por isso. Por que seriam contrárias? Vão ter um fluxo garantido de pessoas para dentro de suas lojas, que potencialmente levam mais uma aspirina, um cosmético.... E vale notar que sua privatização das farmácias públicas beneficiária somente as grandes redes.

Não foi declarado como será esse “convênio” da prefeitura com as grandes drogarias. Serão pagas somente pelos medicamentos, serão pagas também pelo “serviço” de distribuir? Ganharão propaganda gratuita da prefeitura?

É de se esperar que a prefeitura pague um preço de mercado pelos remédios distribuídos, ou as empresas não verão que esse negócio é lucrativo. Em nome da praticidade o cidadão terá que ir em várias farmácias, ou alguém acha que vai encontrar na primeira grande drogaria todos remédios que as UBSs receitaram? A não ser que sejam altamente remuneradas para manter estoques e lucrem mais e mais....

Todo um negócio fantástico para as empresas e ruim para as pessoas e até mesmo para os cofres públicos. Como? Ocorre que o preço praticado pela drogarias é diferente do que o Estado, a prefeitura conseguem comprar. Grandes prefeituras, como São Paulo, são dos maiores compradores de remédios do país, suas compras em grande escala permitem baratear custos e induzem a pesquisa nacional, estimulando Institutos como Butantan, Fiocruz a desenvolverem fármacos nacionais. Mas esqueça isso, Doria tem a solução, a Bayer, Drogaria São Paulo, etc que agradecem.

A defesa de um Sistema Único de Saúde, estatal e controlado pelos trabalhadores e usuários é nosso remédio contra a privatização de um de nossos direitos mais elementares: à vida.




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