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ENTREVISTA | Professores se mantém em greve com apoio dos estudantes na UNIFIEO, em Osasco

Professores há 4 meses sem salário se mantém em greve com apoio dos estudantes. Na semana passada os estudantes paralisaram a Av. dos Autonomistas, em Osasco, pelo imediato pagamento dos salários dos professores, no dia 7 os estudantes ocuparam a Reitoria da Universidade. Amanhã, dia 13, às 18h, haverá nova manifestação. O Esquerda Diário entrevistou estudante que está participando junto às mobilizações na UNIFIEO (que pediu para não ser identificado), confira abaixo.

segunda-feira 12 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Esquerda Diário: Como e quando começou o movimento dos estudantes?

Tive conhecimento da situação pela qual a UNIFIEO participou de uma entrevista na TV Osasco em que dois professores explicaram as condições que passavam, pois até dia 30 de outubro de 2016 nenhum aluno sabia da crise que a faculdade enfrentava. Em outubro de 2015, um ano antes de iniciar a greve, os sintomas da crise iniciaram, com atrasos dos salários de novembro de 2015, dezembro de 2015 e 13º salário. Em janeiro de 2016, os professores voltam as atividades, e os atrasos continuam, porém de forma periódica, de janeiro de 2016 a julho de 2016 os atrasos foram frequentes, atrasando alguns dias, depois pagamento parcelado de um único salário, fazendo com que a dívida com os professores e funcionários fossem aumentando. Com esses atrasos, os professores, criaram uma comissão dentro da instituição, para que a reitoria desse uma satisfação do que estava acontecendo, até o presente momento isso nunca ocorreu, nenhum professor foi chamado para uma explicação da situação e, no final de junho cerca de 50 professores que participaram da comissão foram demitidos, sem receber até o momento as verbas rescisórias. Os professores que ainda estão na instituição, estão sem receber os meses de agosto, setembro, outubro e novembro, mais a primeira parcela do 13º salário.

No dia 7 de novembro as aulas foram interrompidas e a greve se iniciou, os professores estão quase 40 dias em greve. Logo depois dessa data, em novembro, os alunos cobraram do Professor e Pró-reitor, Edmo Minini, uma explicação, das quais nenhuma delas foram claras e convincentes, e seguiram os professores sem receber seus salários. Já em novembro os estudantes e professores organizaram duas manifestações pelo pagamento dos salários. No dia 6/12 os estudantes e professores organizaram uma grande manifestação, em que pararam em frente a sala da reitoria, exigindo explicações, o pagamento dos professores e uma solução dos problemas que a faculdade diz enfrentar. Nesse mesmo dia 6, os alunos ocuparam a Avenida dos Autonomistas, importante Avenida de Osasco que liga a rua da faculdade.

ED: Como os estudantes estão se organizando?

Os alunos se organizam através de comunicação pelo whatsapp e páginas no facebook, compartilhadas por alunos e professores

ED: Como a reitoria tem respondido à mobilização dos estudantes e professores?

A faculdade tem uma dívida de 20 milhões de reais, que a crise foi devido ao não repasse pelo FIES, e que a faculdade diz não receber dos ex-alunos. Embora haja está crise, a Universidade afirma que em 2017 a expectativa é de melhoria, e que os alunos não serão prejudicados (já estamos sendo bastante prejudicados). Segundo a Reitoria, uma das saídas é a implementação de cursos técnicos e EaD (Cursos à distância). A UNIFIEO diz também que há alguns investidores querendo comprar o prédio da UNIFIEO que não está ativo, e que outros grupos e fundações vão assumir a UNIFIEO, ou que a faculdade fará uma fusão com outra faculdade, são resposta que ouvimos de várias pessoas que conversamos.

ED: A ocupação se mantém? Quais as perspectivas dos movimentos?

No dia 7/12 o movimento UJS e o UEE ocuparam a Reitoria, acamparam e passaram a madrugada na faculdade. Há uma perspectiva muito baixa de alguns alunos e professores, já que até o momento a Reitoria não apresentou nenhuma saída para a crise colocada

ED: A educação está sofrendo cortes consideráveis no orçamento público desde o governo Dilma, e pretende avançar com a PEC 55 de Temer, ao mesmo tempo em que surgem ocupações no Brasil inteiro. Como você acha que os estudantes devem responder?

Acredito que tudo deverá ser feito de forma organizada, que os grupos de movimentos dos estudantes se mantenham unidos, com um organograma muito bem detalhado, com reuniões, decidindo qual horizonte devem segui-lo, e dessa forma partir para a ação, fazer com que as escolas tenham um grêmio estudantil ou um club, para que os alunos se unam de verdade. Nunca participei de um movimento para defender a escola pública, mas o governo pensa muito em cortar orçamentos e, isso não ajudará em nada, o estudo é fundamental, um aluno bem preparado pode ser a razão do desenvolvimento da nossa nação. Certa vez perguntaram a um deputado federal que é a favor da PEC 241/55 "mas como os alunos pobres vão fazer uma faculdade?" Ele respondeu: "se não pode pagar, não poderá estudar, se pobre quer estudar que vá para USP", mas se um pobre vai prestar a USP, perdem para aqueles de classe média-alta para cima, ou até mesmo classe alta. Eu, por exemplo, sou da classe baixa, nunca tive condições de pagar um cursinho, e o pobre sofre muito com isso. Todos devem ter o direito de estudar em universidades públicas, mas deve haver separações de vagas conforme uma renda per capita, acho que já ajudaria muito os dois lados. Sou a favor de toda a juventude, a juventude sempre foi a força de um país, todos têm o mesmo direito de estudar e ter um ensino de qualidade.




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