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DENUNCIA | Professor da Rede Pública paulista estado grave de saúde não consegue afastamento

Publicamos a denúncia de um professor da rede estadual paulista em grave quadro clínico e que não consegue ter seu pedido de afastamento aprovado pelo governo Alckmin.

quinta-feira 22 de dezembro de 2016 | Edição do dia

A quem interessar possa. Meu nome é Sérgio Fabrício, tenho 50 anos, sou funcionário público estadual desde 2009, lotado na Secretaria de Estado da Educação, sediado na E. E. Prof. Joaquim Leme do Prado, Diretoria Centro, na capital paulista, professor de Geografia, com aulas atribuídas e carga completa, 32 aulas por semana, formado pela UNESP, campus de Presidente Prudente (SP). Pois bem.

Desde 2015 foi detectada em mim uma doença de nome STC (Síndrome do Túnel do Carpo, CID 56.0), esta que me vem tirando os movimentos da minha mão direita, principalmente dos três primeiros dedos: polegar, indicador e médio, dos quais sou totalmente dependente, já que sou destro. Não bastasse essa detecção da STC, há muito convivo com a gota (CID M.10), detectada e não tratada por conta da inoperância do sistema de saúde público (e minha também), já que tive crises agudas e internado várias vezes por conta da mesma, essa que ataca as articulações centrais e periféricas (tornozelo, joelho, ombro e mão). Busquei internação e fui liberado após doses de Profenid e Besetasil e não me foi dada nenhuma orientação para tratar dessa doença, como a busca de um reumatologista e nutricionista, já que tais doenças são derivadas de alimentação rica em proteínas, como o ferro, sem contar o uso de bebidas alcoólicas.

Eis que, após todos esses problemas de saúde, visíveis e notórios, como é o caso da gota (tofos nos dedos, cotovelos e pés), entrei com pedidos de afastamento das minhas funções laborais, atestado por médicos competentes das áreas de Ortopedia e Reumatologia, atestados esses que foram questionados e cancelados via perícia médica, órgão terceirizado pelo estado mínimo e disposto a não dar a nenhum trabalhador vinculado ao estado licença ou afastamento para buscar tratamento adequado. Por não ter recursos financeiros necessários para uma busca particular no tratamento desses meus problemas de saúde recorri ao Hospital do Servidor Público Estadual, órgão este inchado e sucateado pelo governinho estadual, que se diz responsável e competente, mas que não aplica recursos mínimos para que o mesmo funcione de acordo, como deveria.

Fiz várias incursões neste departamento e nunca obtive um retorno plausível, há não ser “aguarde na fila de espera”, ou busque um “encaixe” na fila do grupo de mãos, joelho e outros membros, sendo que os mesmos grupos são atendidos pelos mesmos médicos residentes (médicos ainda sem graduação concluída, todos esses na mesma área de Ortopedia) e fico eu há meses na busca para uma cirurgia simples, como é o caso do carpo, cirurgia esta que me devolveria a sensibilidade e movimentos da mão direita, já que a mão esquerda só sofre com aumento da gota (tofo) no dedo indicador, mão esta que está me tornado ambidestro, por conta das dores e dificuldades impostas por essa doença na mão direita. Tenho em mãos vários pedidos de encaminhamento às mais diversas áreas, todos com o devido CRM, exames estes pedidos e feitos pelo próprio HSPE, esses que já não têm quase valor nenhum (exames de sangue, ultrassonografia, raio x, eletroneuromiografia urina), por conta da demora de serem analisados pelos profissionais adequados desde a data de sua realização. Tenho encaminhamentos de médico ortopedista geral para grupo de joelho, de mãos, medicina trabalhista, reumatologia e também um atestado recente de uma médica da área de psiquiatria pedindo acompanhamento psiquiátrico, ortopédico e reumatológico, acompanhamentos esses ainda não feitos por conta da burocracia deste estado mínimo e pela falta de vagas no sistema. Tive exames e licenças negados por peritos que mal olharam na minha cara, um mês de salário cortado e contas atrasadas até hoje.

Procurei a ouvidoria do HSPE e esta me indicou buscar a secretaria da Ortopedia, que fica no mesmo prédio do referido hospital, sala 180, primeiro andar, para saber se meu nome constava na fila de espera para a cirurgia do carpo, já que havia comparecido a uma consulta agendada em junho e marcada para 19 de setembro. Eis que chegando a esta secretaria fui informado que a mesma não detinha esta informação, pois o sistema é travado, ou seja, somente os especialistas dos grupos de Ortopedia é que detém essa informação. Se eu quiser saber se estou ou não na fila de espera para passar por cirurgia, terei que passar por outra consulta, agendada para não sei quando (se isso vier a acontecer). Que secretaria é esta que não tem acesso ao órgão que ela deveria ser a gestora mor e sabedora de tudo o que se passa neste setor? Estão de brincadeira para com nossa cara, né?

Diante de tudo isso, fiquei internado numa clínica psiquiátrica por 34 dias (que para mim, dono das minhas faculdades mentais intactas, mais é um presídio do que uma clínica para reabilitação psiquiátrica), internação feita de livre e espontânea vontade para tratar do quadro de alcoolismo, este agravado por conta dessa falta de preocupação para com o servidor público em ser tratar, fazendo que aumente o quadro danoso de suas doenças. Só para constar, fui "induzido e convidado" a ter alta desta unidade por conta da minha inquietude diante do quadro de descaso que se percebe nesta unidade e a falta de recursos mínimos para com a higiene e o respeito próprio e coletivo. Depois de tudo isso procurei uma clínica terceirizada de Reumatolgia, clínica esta que tem convênio com o IAMSPE, e lá chegando fui atendido por um médico que, após minutos de muita conversa, ele me pediu um exame de sangue, para ver o nível do meu ácido úrico no sangue, que causa e aumenta a gota. O mesmo chegou a me perguntar o que ele poderia fazer por mim, já que a clínica não opera, simplesmente trata, com remédios e acompanhamento pós-cirúrgicos. Com o exame em mãos, realizado no Hospital do Servidor, retornei à clínica e, pasmem, só poderia ter o exame analisado pelo médico após consulta previamente agendada, assunto este que não me foi informado por esta clínica em momento algum. Dia 31/10 serei atendido por uma médica reserva, já que o médico que solicitou o exame estará em um congresso.

Fica agora a pergunta: quem será por nós, os servidores públicos? O governinho pequeno, o governão ditador ou o governo desgovernado orientado pela cobiça, pela usura e pelo poder pelo poder? Quanto a mim, vou continuar na luta pela minha reabilitação, pela minha vontade de continuar vencendo e buscando ser cada dia um pouco mais do fui ontem. Aliás, se estou escrevendo essas letras é por conta da minha habilidade de usar minha mão esquerda e os dois únicos dedos da mão direita, principalmente o anelar, que ainda funcionam e correspondem aos meus nervos sensoriais. Para finalizar, quem estiver na mesma situação da qual me encontro (para mais ou para menos) junte-se a mim e aos demais e vamos fazer nossa voz ser ouvida. No meu caso, não só em sala de aula, mas também na sala de professores, nos corredores, na diretoria, na coordenação pedagógica, nas ruas, enfim, em todos os segmentos da sociedade livre e crítica de si mesma.

Observação: tofo gotoso é o aumento patológico em certas partes do corpo, principalmente nas articulações, ou seja, nas juntas (dedos, cotovelos, pés e afins). Depois de tudo isto posto, tive mais um pedido de reconsideração negado, pedido esse impetrado dia 09/11/16 e negado dia 09/12/16, conforme DOE. Ouvi de um certo ortopedista geral, que está como uma puta a serviço do estadinho a seguinte frase quando adentrei em seu consultório via uma consulta de encaixe no Servidor: "Ahh. Vocês não querem trabalhar. Querem viver às custas do Estado." O CRM desse mercenário é 14.143. Para quem não entendeu, nos chamou de vagabundos. "Consegui" uma consulta no grupo de mãos para do dia 20/02/17. Ou seja, depois de seis meses. Sem mais, só posso lamentar




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