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HARRIET TUBMAN | Primeira mulher negra com o rosto estampado no dólar

A partir de 2020, ano do centenário da conquista do voto feminino nos Estados Unidos, a famosa nota de 20 dólares passará a ter o rosto de uma das maiores figuras da luta contra a escravidão e o racismo nos EUA - Harriet Tubman, mulher negra que fugiu da escravidão e passou a comandar do sul para o norte, a fuga de negros escravizados através das rotas conhecidas como Underground Railway, e posteriormente, se tornou uma sufragista de destaque. A ideia começou a partir de um grupo feminista, tendo em vista a falta de representação feminina nas cédulas mais populares do mundo

sábado 30 de abril de 2016 | Edição do dia

Conhecido como “Women on 20’s” – “Mulheres nos anos 20”, o movimento começou a partir da falta de figuras e rostos femininos na moeda nacional. Foi elaborada uma enquete envolvendo mais de 600 mil pessoas a partir de 2015, onde 40% escolheram por Harriet Tubman. Rosa Parks, outra incrível lutadora contra o racismo, ficou na terceira posição.

Harriet Tubmam possui uma história impressionante, mulher afroamericana, nasceu em 1820 em situação de escravidão na cidade de Maryland. Em 1844 foge para Filadélfia, onde não havia mais escravidão. Carregava em seu corpo várias marcas e sequelas dos tempos de cativeiro, o que não a impediu de tornar-se uma incrível militante abolicionista. Voltou ao sul para comandar fugas de negros em condição escrava, através das “Underground Railway’s” – “Rotas Subterrâneas”, redes de rotas secretas do início do século 19, usada por negros para fugir para os estados onde não havia trabalho escravo. De 50 a 100 mil escravos conseguiram sua liberdade desse modo.

Harriet Tubman comandou dezenove jornadas ao sul, nunca perdeu um companheiro, ajudou a fuga de seus familiares e mais de trezentos escravos a escapar. Após isso, prestou serviços secretos ao Norte durante a Guerra Civil. Recebeu sua aposentadoria somente trinta anos depois da guerra... Compôs o movimento das sufragistas pela liberdade do voto feminino e morreu na cidade de NY em 1913, sete anos antes da conquista do direito ao voto em 1920.

O rosto de Tubman irá suplantar o rosto do racista Andrew Jackson, sétimo presidente dos EUA, senhor de escravos e responsável pela morte de milhares de índios no século 19. Tal medida deixou outros racistas incomodados, como Donald Trump, um dos possíveis candidatos do Partido Republicano para as eleições presidências dos EUA, que disse que não era correto retirar uma figura tão importante como o presidente Andrew Jackson, que isso era uma espécie de perseguição política (em entrevista a CNN). Além de Harriet Tubman, outras mulheres sufragistas podem ser representadas até 2020, ano que pode coincidir com o término do primeiro mandato de uma mulher, caso Hillary Clinton ganhe as eleições este ano.

Coincidindo com o final do governo Obama, a luta contra o racismo volta a ganhar projeções nos EUA, muito também pelas mobilizações de rua contra os assassinatos causados por policiais a jovens negros, como Eric Garner e Mike Brow, nas cidades de Ferguesson e Baltimore. Temos também como destaque o Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), denunciando e lutando contra o brutal racismo da polícia estadunidense. Para muitos, ter uma figura como Harriet Tubman e toda a sua carga simbólica na luta por liberdade e igualdade é muito importante, pois ajuda a levar adiante uma conversa que ainda hoje é extremamente negligenciada. No sentido de superação, as heranças escravocratas e o racismo ainda precisam ser levados mais a sério.

É necessário refletir como a burguesia utiliza estratégias que até o final não combatem o racismo. Ter um rosto de uma referência histórica da luta contra o racismo em uma nota, nomes em praça e filmes de Hollywood, cumpre um papel de representação, mas com o objetivo de integrar os negros na cultura de massas, sem sequer garantir direitos básicos e fundamentais. O que a burguesia tanto nos EUA , África, Haiti, Brasil e etc, garantem aos negros, é o desemprego, o trabalho precário, os impactos das catástrofes naturais, as balas, as celas e as valas.

A substituição, da face do racista Andrew Jackson, pela face de Harriet Tubman na nota de 20 dólares, expressa ao fundo de maneira muito poderosa, porém distorcida, o peso social que o movimento negro vem ganhando, no sentido de serem cada vez mais a linha de frente na luta contra a ordem vigente capitalista nos EUA. Mas o capital dá com uma mão e tira com a outra! Na realidade, o último lugar que uma referência como Harriet Tubman merece ser homenageada é numa nota de dólar!

Citando Racionais Mc’s, “preto e dinheiro são palavras rivais...”, faz pensar sobre como o dinheiro também é uma expressão da opressão econômica que os negros sempre sofreram num sistema racista. O capitalismo reforça absurdamente o racismo de várias maneiras. A melhor forma de homenagear Harriet Tubman, é seguirmos seu exemplo de vida, uma vida inteira contra a ordem social, escravocrata, batendo de frente contra os racistas, e após a abolição, lutando pelo direito das mulheres. Um exemplo a ser seguindo por toda a classe trabalhadora, em nossa memória, na luta contra as opressões e o capitalismo.

Ter um rosto como o de Harriet Tubman nas notas de dólar, em nada abala a ordem capitalista e logo o racismo. É uma maneira irônica que o Estado estadunidense tentar utilizar para desviar a classe operária da lutas que abalam seus pilares. “Não há capitalismo sem racismo”, dessa maneira, somente lutando por uma sociedade sem moeda, ou seja, comunista, vamos enterrar de vez o racismo!




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