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28A | Primeira greve geral em décadas: Uma força para derrotar Temer e as reformas

Nesse dia 28, os trabalhadores demonstraram o grande potencial para derrotar todas as reformas e ataques de Temer.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

sexta-feira 28 de abril de 2017 | Edição do dia

Nos transportes é possivelmente a maior e mais nacional paralisação da história brasileira, com terminais e pontos de ônibus, rodoviárias e metrôs desérticos, relegados às pombas. Na educação são escolas municipais, estaduais, privadas, universidades públicas e privadas, sem aulas, com muito apoio da comunidade escolar aos professores. Com a paralisação dos transportes, a população aderiu ao ponto do trânsito de São Paulo, capital, se reduzir a míseros 2km. Nesse sentido, o próprio comércio em diversas cidades foi muito afetado.

Os bancos estão em grande parte fechados, com importante adesão dos trabalhadores bancários. Ainda mais forte é a adesão dos trabalhadores dos correios, em greve desde o dia 26 contra as reformas, contra a ameaça de privatização e demissão de milhares de funcionários.

Nas indústrias,hoje ocorreu uma importante paralisação nos setores pesados como na siderurgia (CSN, polo Petroquímico de Camaçari, Vallourec), em petroleiros com forte adesão em todas as áreas industriais, e nas montadoras com muito peso (no ABC, Curitiba, zona industrial e franca de Manaus, Marcopolo em Caxias do Sul). Portuários de portos muito importantes do país, como o de Santos e o do Rio de Janeiro, pararam o transporte de carga hoje.

Temer já sinalizou estar temeroso perante o que está sendo esse dia de Greve Geral no país, até agora calado. Expressou este temor ao dizer que a Reforma da Previdência não mais será votada nas próximas semanas. Afirmou também que não deverá realizar o tradicional discurso presidencial no 1º de maio, dia do trabalhador, mas somente gravar um vídeo para transmitir nacionalmente suas mentiras.

A linha dos principais editorais do país está definindo esse histórico dia de luta dos trabalhadores como “pequenos grupos” paralisando vias. O que não passa de uma grande mentira parece querer ocultar o pequeno grupo que apoia as reformas e os 4% da população que aprovam Temer, ao mesmo tempo que essa imensa adesão em setores tão fundamentais da produção, serviços e transportes pelo país inteiro.

O Brasil parou hoje. E isso não há editorial da mídia burguesa capaz de negar. No começo do dia tentaram diminuir as greves do país, pregando um clima surreal de “normalidade” que não se sustentou por muito tempo. Agora tentam em vão diminuir a massividade da mobilização, adesão e apoio popular desse dia histórico para a luta dos trabalhadores.

Essa lista de categorias de trabalhadores grevistas desmente qualquer ideia de “pequenos grupos” mobilizados. O apoio da população é claro, pois na conjuntura atual de ataques aos direitos dos trabalhadores, à previdência, com ampliação da terceirização, é pequeno o grupo que os apoia, como os treze estudantes de um colégio paralisado que o Estadão deu tanta ênfase por estarem contra a paralisação e defenderem as reformas. Basta observar a popularidade de Temer, que nunca foi alta, mas caiu drasticamente nos últimos meses, chegando a míseros 4%. Isso sim é um pequeno grupo para fazer política ou servir de parâmetro para a caracterização do dia de hoje. Seu apoio se reduz aos capitalistas, seus gerentes e asseclas e às redações dos grandes jornais, revistas e TVs.

Esse histórico dia está sendo fundamental para demonstrar a força da resistência contra os ataques por parte dos trabalhadores, que certamente ainda contém um potencial inexplorado, capaz de ser ainda maior. A despeito da vontade de centrais como a Força Sindical, CUT e CTB, a luta dos trabalhadores parou o país. Não fosse suas ações e seu discurso de que os trabalhadores ficassem em casa no dia de hoje, com o objetivo de reduzir a força nas ruas dos trabalhadores a uma paralisação “feriado”, hoje o dia certamente seria imensamente mais impactante mais do que já foi.

A força mostrada hoje precisa ser continuada exigindo dos sindicatos e das centrais que seja organizado um verdadeiro plano de luta para preparar uma greve geral até derrubar Temer e suas Reformas. Com essa força impor uma nova Constituinte onde os trabalhadores, setores populares e a juventude possam desenvolver um questionamento a todo esse podre regime de corrupção e escravidão assalariada e assim abrir caminho para que sejam os capitalistas que paguem pela crise, impondo a redução da jornada de trabalho sem redução de salário para que todos tenham emprego, impor o não pagamento da dívida para garantir aposentadoria digna a todos, garantir recursos para saúde e educação.




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