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AJUSTES FISCAIS DO PT | Pressionada por Lula, Dilma condiciona permanência de Levy

A permanência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no cargo está condicionada a uma melhora na economia em 2016.

quarta-feira 18 de novembro de 2015 | 00:16

Para a presidente Dilma Rousseff, neste momento, Levy ainda tem missões para cumprir e contou a favor, por exemplo, a nova vitória obtida ontem por ele, no Congresso, ao aprovar na Comissão Mista de Orçamento a nova meta fiscal de 2015.

Mas Dilma gostaria, segundo auxiliares, que Levy mudasse sua forma de agir, mostrando o que está sendo feito para retomar o crescimento do País e apontar caminhos para tornar isso viável. Para ajudar nessa estratégia, a própria presidente tem reforçado a defesa da recriação da CPMF, uma das propostas consideradas fundamentais pelo ministro para dar um fôlego às contas públicas.

A ideia é que Levy apresente um discurso mais otimista, apontando para um futuro melhor em 2016, e não se limitando apenas a falar de "ajuste, ajuste e ajuste". Dilma entende que as vitórias obtidas por Levy fortalecem ela própria e o governo

Na avaliação de Dilma, que nas últimas semanas presenciou os ataques de Lula e Henrique Meirelles ao atual Ministro da Fazenda e as especulações de sua substituição pelo favorito do ex-presidente petista, ela e Levy têm, cada um, um "papel a desempenhar". Apesar de toda a aposta e pressão para a saída de Levy, Dilma tem resistido e, se o ministro for bem-sucedido nas missões, poderá "ir ficando" no cargo porque nem Dilma quer tirá-lo nem ele quer sair. Prova disso é que Levy continua se empenhando para aprovar projetos importantes para a economia no Congresso e tem tido vitórias, como a desta terça-feira.

Dilma tem resistido às pressões para substituir Levy e, desta vez, ela demorou mais do que nas vezes anteriores para sair em defesa do seu titular da economia. A defesa de Levy, também, não veio com a mesma ênfase de situações anteriores, quando a presidente chegou a dizer que ele era o "fiel da economia". Desta última vez, ela se limitou a dizer que Levy "fica onde está". Nesta mesma declaração, a presidente fez questão de demarcar espaço no governo por causa da interferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que insiste no nome do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que não é do agrado de Dilma.

Os ajustes de Levy são a agenda de Dilma e do PT

As semanas de insinuações por parte de Lula contra Levy e postulando a possibilidade de substituí-lo por Henrique Meirelles, apesar de seu acordo absoluto com a aceleração dos ajustes e até mesmo saudando Levy, surtiu efeito em Dilma. Dilma, resistindo a trocar Levy, já admitia "ser preciso fazer algumas mudanças na política econômica" para injetar crédito na economia. Agora, estas exigências da presidente se aprofundam na medida em que fica mais claro que os ajustes de Levy são inseparáveis da agenda política de Lula e Dilma. De fato, Levy é a cria econômica de um governo posneoliberal em crise como o PT.

Este condicionamento serve de alerta para que Levy "esconda com mais astúcia" seu neoliberalismo inveterado atrás do discurso de crescimento. Uma armadilha preparada por Dilma para dar um verniz "progressista e desenvolvimentista" aos ajustes.

É mais do que evidente que Lula, Dilma e o PT são os principais agentes do ajuste de direita que atravessa o país. Levy é sua cria, e se desenvolve em "águas favoráveis" num governo que avança um projeto noventista e neoliberal. Mais que de Meirelles, Lula e o PT (assim como o PSDB e o PMDB) não podem prescindir dos ajustes contra os trabalhadores.




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