sexta-feira 19 de junho de 2015 | 14:06
Atualizado às 0H00 - A Polícia Federal (PF) iniciou nesta sexta-feira uma nova fase de investigação sobre a corrupção na Petrobras, na chamada operação Lava-Jato, e deteve os presidentes das gigantes empreiteiras Andrade Gutiérrez e Odebrecht.
Segundo informaram fontes oficiais, a operação ocorre nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e tem como objetivo a detenção de 59 pessoas.
A PF confirmou que, entre as pessoas que já foram detidas, estão os empresários Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo, que presidem as empresas Odebrecht e Andrade Gutiérrez, respectivamente.
Essas duas companhias figuram entre as mais importantes construtoras do Brasil e mantêm operações em dezenas de países, nos quais atualmente desenvolvem desde obras para trens e metros até represas hidrelétricas.
Repercussão internacional da denúncia
O vice-presidente da Colômbia, Germán Vargas Lleras, afirmou nesta sexta-feira que se a Odebrecht receber "qualquer condenação internacional em matéria de suborno", será suspensa de contratações e execução de obras no país. A sanção está prevista no estatuto anticorrupção da Colômbia, lembrou Vargas Lleras na cidade de Cartagena, onde participou de uma convenção bancária.
Vargas Lleras destacou que a Odebrecht "há muitos anos tem vários contratos na Colômbia", como o da estradas Rota do Sol II, que poderá ser prejudicado se forem apresentadas acusações formais contra a companhia e a justiça brasileira condená-la.
Gigantes empresariais, gigantes subornos
Estas empreiteiras operam não somente no ramo da construção civil pesada mas em diversas áreas, a Odebrecht, por exemplo, é detentora do monopólio da indústria petroquímica no país através de sua empresa Braskem. A mesma Petrobras acusada neste esquema de corrupção é sócia minoritária na Braskem. A formação deste monopólio, unificando todas empresas de petroquímica do país, envolveu bilhões de reais da Petrobrás e do BNDES. Já a Andrade Gutierrez tem participações nas rodovias privatizadas através da CCR, participa ainda em negócios da CEMIG, detém parte das ações da Oi e da gigante de telemarketing Contax.
Os tentáculos legais e ilegais destes poderosos empresários vão muito além de onde a mídia tem divulgado, e através dos vários ramos destas mega-empresas as ligações das mesmas vão muito além de ligações exclusivamente com o PT e governo federal através da Petrobras, perpassam todos os partidos do regime e desde o regime militar são peças cruciais do Estado brasileiro.
No caso específico desta prisão, a Camargo Correa é acusada de pagar subornos no valor de R$ 200 milhões e a Odebrecht o valor alcançaria R$ 510 milhões.
Como conhecer a verdade e punir corruptos e corruptores?
Vários julgados e condenados no esquema do Mensalão já encontram-se em liberdade. Apesar da atenção midiática da prisão destes poderosos empresários e mesmo de influentes políticos o Brasil continua sendo o país da impunidade para os políticos e para os milionários. Enquanto aqueles que roubam os recursos da nação em cifras bilionárias diversos políticos acusados de participar do mesma esquema, como Eduardo Cunha, presidente da Câmara de Deputados, apressam-se a encarcerar jovens negros acusados (e muitas vezes nem julgados) de cometer algum furto.
A CPI da Petrobras no Congresso Nacional mostra como nas mãos dos políticos dos partidos patronais, envolvidos por mil e um laços com estas empresas e esquemas, nunca se conhecerá a verdade. O mesmo pode-se dizer desta justiça indicada por estes mesmos políticos e ligada a estes mesmos empresários.
Faz falta um grande movimento independente encabeçado por intelectuais, sindicatos, entidades democráticas e populares que exigisse a publicidade das investigações, que conduzisse sua própria investigação e colocasse na rua a exigência de punição e confisco dos bens de todos os envolvidos. Em tempos de cortes de recursos na educação, perda de direitos no seguro desemprego, decretos que aumentam o tempo que cada brasileiro tem que trabalhar, tudo isto com a justificativa de falta de dinheiro, os bilhões roubados e acumulados por estes empresários e políticos poderiam servir aos interesses dos trabalhadores e do povo.
Redação Esquerda Diário/ EFE
IMAGEM: Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão na sede da empreiteira Norberto Odebrecht, no Rio de Janeiro, como parte da 14ª fase da Operação Lava Jato. Créditos: Tânia Rego/Agência Brasil
