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Crise dos combustíveis | Presidente da Petrobrás renuncia, Bolsonaro, Lira e Centrão fazem demagogia eleitoral com combustíveis

José Mauro Coelho, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (20), em meio a disputas com Bolsonaro e seus aliados, que buscam fazer manobras eleitoreiras com os valores dos combustíveis, enquanto atacam a Petrobras. Com a renúncia, Bolsonaro irá escolher o 4º presidente da estatal em seu Governo.

segunda-feira 20 de junho de 2022 | Edição do dia

O grande laboratório de ideias mirabolantes do Governo Bolsonaro para reduzir o preço dos combustíveis tem gerado conflitos entre setores diferentes da burguesia. Na última sexta-feira (17), seguindo os anseios dos acionistas,a Petrobras anunciou um novo aumento nos combustíveis, ignorando os pedidos de Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira, que agora está articulando, junto ao centrão, uma nova ofensiva contra a empresa.

No domingo (19), Lira, em reunião com apoiadores, atacou diretamente a diretoria da Petrobras. Chamou de “ilegítimo” o agora ex-presidente da empresa, José Mauro Coelho, e falou sobre levantar informações sobre ganhos e despesas dos diretores. Enquanto isso, deputados querem uma CPI para investigar os lucros da Petrobras. Lira receberá hoje os líderes dos partidos do Centrão na Câmara para adiantar a votação desses projetos.

No início do mês, Bolsonaro determinou a substituição de Coelho, que havia sido escolhido pelo próprio presidente 40 dias antes, por Caio Paes de Andrade, auxiliar de Paulo Guedes, que seguia no comando até amanhã do dia de hoje, na reunião do Conselho de Administração.

Esses atos revelam a profunda irritação de Bolsonaro com o reajuste realizado pela empresa na última sexta-feira. Bolsonaro, preocupado com as eleições, tenta de todas as formas procurar um culpado que não seja ele mesmo para o aumento dos preços, já que a alta afeta o conjunto da população (o que inclui também parte da sua base social reacionária). Entre as tentativas de baixar o preço dos combustíveis está o projeto demagógico de redução do ICMS, que tem como fim responsabilizar os governadores pela alta nos preços, esconder sua política de privatizações que tem tido impacto direto nos aumentos - para o benefício único e exclusivo dos acionistas nacionais e internacionais que lucram bilhões com a nossa miséria.

Ou seja: apesar dos atuais atritos de motivação eleitoral, que contrapõe a base governista com os interesses imediatos de um punhado de investidores internacionais proprietários das ações, Bolsonaro, os militares, Lira e o Centrão foram até aqui os principais responsáveis pelos ataques que vêm destruindo o sistema Petrobrás e garantindo margens de lucro exorbitantes, pagas pelo povo trabalhador que amarga uma inflação brutal.

Com a alta dos preços, a estatal nunca teve um lucro tão alto. Nesta segunda-feira, será distribuído entre os acionistas a 1ª parcela dos 48,5 bilhões de juros e dividendos. Do valor total de 24,25 bilhões de reais, a união ganhará apenas 8,8 bilhões, o restante irá diretamente para o bolso dos capitalistas que têm parte das ações da empresa.

Privatização:Governo Bolsonaro busca privatização da Petrobras, à serviço dos lucros dos capitalistas-

Bolsonaro tenta esconder sua participação em garantir lucro obsceno, porém é responsável pela política de privatização que lucra com a inflação generalizada, diminui os ganhos do Estado e aumenta a precarização do trabalho nas refinarias, onde, como na Bahia, há recordes em acidentes de trabalho. A pressão para o aumento de tarifas no transporte público se agrava, e o gás de cozinha tem seus valores decolando, com parte da população se submetendo a usar lenha e até mesmo álcool para o preparo de seus alimentos, causando acidentes onde mulheres foram para no hospital com queimaduras sérias pelo corpo.

Com todo o impacto da Guerra da Ucrânia (uma das causas do aumento mundial no valor dos combustíveis) e com a crise entre os setores da burguesia que disputam a Petrobrás para seus próprios interesses, há apenas uma resposta viável para nós, trabalhadores: a luta por uma Petrobras 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores petroleiros e do conjunto da população, para que nossas riquezas estejam à serviço das necessidades da população e não do lucro capitalista!




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