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EDUCAÇÃO ABC | Pós 28A: Como responder a crise das universidades no ABC?

Nesta semana, os jornais regionais do ABC quiseram expressar a crise financeira das duas principais universidades do ABC, a Universidade Federal do ABC e Fundação Santo André. A primeira sofreu um corte de 11,1 milhões, já a segunda a reitoria admitiu sua proposta de privatização para não fechar as portas da universidade. Num momento onde os trabalhadores e jovens do país protagonizaram a maior greve geral dos últimos 20 anos, quais são as tarefas do movimento estudantil?

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

segunda-feira 8 de maio de 2017 | Edição do dia

Enquanto no Congresso Nacional, os golpistas querem descarregar a crise econômica nas costas dos trabalhadores e jovens, as universidades começam a desmoronar junto com o projeto de "Brasil Potência" que já pertence ao passado. Os estudantes se informam mais pelos jornais da região do que pelos seus próprios reitores que lhes deveriam uma explicação sobre a crise e os rumos da universidade. A prefeitura de Paulo Serra não se pronuncia a respeito, mas todos utilizam do mesmo discurso de que frente a crise, os estudantes e trabalhadores é quem devem "apertar os cintos".

Segundo o Diário do Grande ABC, o reitor Klaus Capelle justificou o ajuste dentro da universidade pelo fato da verba repassada pelo MEC não levar em consideração o aumento da inflação, o que significou um corte que coloca em risco a manutenção do ano letivo de 2017. São cerca de 13.098 alunos hoje na universidade que não tem segurança das bolsas de ensino e de sua permanência. Já para os trabalhadores, o reitor deixa claro que entre suas medidas "para conter a crise" querem estipular limites mais restritivos para o custeio do transporte dos servidores e professores (o que atinge os trabalhadores dos bairros mais afastados), além de estudo sobre formas de redirecionar o serviço terceirizado de segurança da instituição de ensino, o que significaria a demissão em massa de trabalhadores.

Segundo Natália, estudante da graduação e participante do Coletivo Prisma LGBT - Diversidade Sexual, um dos coletivos que impulsionou a greve geral do 28A: "Os movimentos na UFABC previram isso assim que foi divulgado o orçamento pra esse ano. O reitor fez declarações públicas em convocações que houveram, [na época], pra esclarecer as dificuldades pelas quais passaríamos esse ano. A verba liberada seria muito abaixo do necessário para manter as funções da universidade o ano todo e até fizeram uma estimativa de quando a UFABC pararia de funcionar com os recursos que receberia, [o que] daria até meados de agosto. Não teve esse ano nenhuma declaração da administração da UFABC falando sobre a situação como está no momento".

Nem precarizar, nem privatizar: #AFSAÉNOSSA

Já a antiga Fundação Santo André que já vinha arrastando uma crise financeira há alguns anos, encontrou um beco sem saída. Por um lado, segundo o Diário do Grande ABC a reitora Leila Modanez garantiu que não fechará as portas da universidade, e anunciou ao jornal que "vai buscar parceria onde for preciso”, ainda que não tenha aparecido para os estudantes para comunicá-los a situação da universidade e debater com o conjunto da comunidade acadêmica o futuro da instituição.

Em 2016, já se começava a implementar ataques para descarregar nos estudantes e nos trabalhadores a crise gerada pelas antigas reitorias e pelas gestões passadas da prefeitura, como o aumento das mensalidades, a redução de custos com serviços de segurança, limpeza, contratos de prestadores de serviços, o pagamento parcial do salário dos professores e a não abertura de turmas de duas graduações, além da abertura precária mesclando diferentes anos para preencher salas. Agora, os professores seguem sem receber integralmente seus salários e os estudantes cada vez mais endividados e sendo expulsos da instituição.

Segundo nova matéria do ABCDMaior a crise financeira "abre oportunidade" para se "iniciar discussão a respeito da necessidade de mudança de seu regimento interno". A reitora já sinalizou que o Conselho Diretor é simpático a privatização, mas que ainda precisam ganhar o Conselho Universitário. As reuniões do Conselho Universitário e Diretor, órgãos máximo de decisão da universidade, possuem apenas 3 cadeiras ao todo para expressar uma maioria de estudantes que possuem demandas muito distintas das que ali estão sendo decididas.

O movimento estudantil precisa estar unificado para ocupar Brasilia em defesa da educação

Tanto na UFABC quanto na FSA e na realidade de outras tantas universidades, as reitorias querem agir como os prefeitos e o Presidente golpista do Temer de atacar justificando a crise econômica. Querem descarregar nas nossas costas, de todos os lados. Nós que construímos a Faísca - Anticapitalista e Revolução e o Movimento Nossa Classe achamos que as empresas que hoje controlam o Estado e se encontram nas listas da Odebretch e da Fachin não podem controlar as universidades e por isso somos contra a privatização. Exigimos a abertura dos livros de contabilidade de cada universidade privada e pública que alegue crise financeira para que todos possam ter acesso aos números reais de dívida e de arrecadação para que a comunidade acadêmica, ou seja, os trabalhadores, professores e estudantes possam decidir de maneira consciente quais são as prioridades de cada instituição.

Mas sabemos que a luta não é só no ABC. A luta em defesa da educação, está dentro das escolas, dos institutos, das universidades privadas e públicas em todo país. E depois da greve geral do dia 28, onde participamos do bloqueio da Av dos Estados com diversas outras organizações, podemos sentir que é possível derrotar as reformas e o Temer golpista. Se construirmos esta unidade, não apenas entre as organizações, mas pela base em comitês de centenas de estudantes em cada universidade, podemos avançar por mais: como revogar o congelamento dos gastos para a saúde e educação e poder lutar para que os capitalistas paguem pela crise. Que não paguemos a dívida pública para garantir mais investimento para educação.

Para essa batalha é fundamental que a União Nacional dos Estudantes (UNE), que está em meio a eleição de chapas para seu Congresso, coloque todas as suas forças e suas finanças para disponibilizar centenas de ônibus para que sejamos mais de 100 mil no próximo dia 24, e ocuparmos a capital do país para dar nosso recado: Não aceitamos os ataques deste governo! Porém partindo da experiência que temos com esta entidade desde o golpe institucional, a aprovação da PEC 55 e da Reforma do Ensino Médio, vemos que é decisivo tomar a luta em nossas próprias mãos. Por isso a Oposição de Esquerda, que dirige o DCE da UFABC e também as demais organizações que constroem o Comitê Regional contra as Reformas precisam se colocar a tarefa de construir comitês, que sejam muito além da vanguarda organizada como o são hoje, precisamos da mais ampla unidade para construir comitês de centenas de estudantes para que a nossa ocupação de Brasília, não seja apenas uma pressão parlamentar e o Fora Temer apenas uma frase para desgastar este governo. Mas sim como parte de um plano de luta para preparar uma greve geral até derrubar as reformas e o governo golpista de Temer.




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