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VIOLÊNCIA POLICIAL | Porta-Voz da PM afirma que assassinato de estudante de 13 anos é "dano colateral"

Em uma escandalosa entrevista defendendo a atuação assassina e racista da Polícia Militar, o Major Ivan Blaz afirmou que o assassinato de Maria Eduarda, de 13 anos, enquanto tinha aula de educação física dentro de sua escola, é um "dano colateral" do ofício da polícia.

sexta-feira 31 de março de 2017 | Edição do dia

O assassinato de Maria Eduarda Alves da Conceição está gerando revolta, mas infelizmente não é uma revolta nova, fruto de um acontecimento extraordinário. A morte de jovens negros pelas mãos da polícia nas favelas cariocas, e nas periferias em todo o país, é absurdamente recorrente.

Somente nos dois primeiros meses de 2017, 182 pessoas foram mortas pela polícia no Rio de Janeiro. Poderíamos dizer que são os números de uma guerra civil, mas na realidade são de um massacre feito pelo Estado contra o povo negro e pobre das favelas. A entrevista do Porta-Voz da PM evidencia isso, pois mesmo um caso extremo como o de Maria Eduarda, que foi assassinada enquanto estava dentro de sua escola, é defendido, justificado pela voz oficial da instituição.

Outro absurdo que foi justificado pelo Major foi o flagrante de dois policiais executando suspeitos já rendidos e deitados no chão, outra realidade que sabemos ser cotidiana e completamente legalizada pelo expediente legal dos "autos de resistência", que tornam as execuções policiais cotidianas totalmente impunes (além dos tribunais militares especiais que garantem que os policiais sejam julgados pelos seus colegas de farda). Veja abaixo o vídeo da execução que foi gravado por um morador em um celular:

O que o Major disse sobre esse caso foi:

"Quem vive uma realidade de guerra como a desses policiais somente esses tipos de agentes podem realmente responder. Agora cabe aqueles policiais ter um chave seletora na mente deles para que, eles sejam hora um garantidor de direitos e hora um guerreiro, porque a realidade ali é de guerra. Que ser humano conseguiria fazer isso? Hoje o que é exigido do policial nesse contexto caótico que nós estamos vivendo é algo muito complexo. Temos que ver protocolos, coibir ações mal feitas, mas acima de tudo, o contexto de hoje é muito grave."

Ou seja, para ele a fria execução de duas pessoas rendidas não passa de uma "ação mal feita", cujos culpados não são os policiais assassinos, mas sim "o contexto de hoje". Alega e defende explicitamente aquilo que sempre denunciamos: na função do policial não há uma só vírgula de "garantidor de direitos", pois afinal eles não tem uma "chave seletora" que os tire de sua função verdadeira e cotidiana: a de "guerreiros". Esses "guerreiros" combatem a juventude pobre nas periferias, matando centenas de crianças como Maria Eduarda, fazendo milhares de "Amarildos" e executando friamente pessoas rendidas. A sua "guerra" é a guerra de classes, em que são mercenários do Estado para manter a ordem e a lei nas favelas com muita bala, com muito sangue negro que corre impunemente. E eles não tem vergonha de dizer isso na imprensa por meio de seu porta-voz, pois sabem perfeitamente e têm orgulho de alegar que é essa a sua função social.

Veja depoimento nas redes sociais de professor da Maria Eduarda:

Na segunda-feira, está sendo convocado um ato em protesto à morte da jovem




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