×

COTAS USP | Porque a Letras USP será o curso com a menor reserva de vagas para Pretos Pardos ou Indígenas (PPI) de toda a FFLCH?

Reproduzimos integralmente o conteúdo divulgado pelo Comando de Greve da Letras, realizado no dia 13 de julho de 2017, contra um golpe articulado pela direção da FFLCH, que passou por cima da deliberação conjunta dos três setores quando estes se reuniram em sessão de negociação na semana retrasada.

segunda-feira 18 de julho de 2016 | Edição do dia

Esta direção ignorou a deliberação de reuniões de departamento no caso do curso de Letras da USP, fazendo com que estudantes e professores fossem ignorados e que a direção chegasse a uma proposta final que vai contra a indicação da negociação de greve, garantindo que apenas 10% dos 30% de vagas do SISU fossem para PPI, enquanto os outros cursos da FFLCH terão cerca de 20% a 25%.
Outros cursos da USP em greve, como da FAU, ECA, enfermagem e veterinária, aprovaram todo o SISU (30% do total de vagas dos cursos) para PPI.
Veja abaixo a carta do Comando de Greve e assine também a Petição onlinepara que tenhamos um novo espaço de diálogo com a direção da Faculdade.

"Nesta quinta-feira, dia 13, estudantes, professores e funcionários da FFLCH foram surpreendidos com um email da diretoria dessa unidade divulgando a proporção de vagas que cada curso iria reservar para os candidatos que se auto declarassem Pretos, Pardos ou Indígenas (PPI) no SISU, Sistema de Seleção Unificado que reserva vagas para estudantes nas Universidades Públicas utilizando a nota do ENEM.

É sabido que desde o dia 11 de maio os estudantes da Letras USP iniciaram uma batalha deflagrando greve e ocupando seu próprio prédio de ensino contra o desmonte da educação pública: por contratação de mais professores e funcionários, contra o desmonte do Hospital Universitário, contra a repressão e também por permanência estudantil e COTAS ÉTNICO-RACIAIS JÁ.

Desde a desocupação de prédio de Letras, quando se iniciou um processo de negociação com a Direção da FFLCH, o movimento conquistou o compromisso de que essa diretoria discutira a proposta de reserva de vagas para estudantes que se auto declarassem PPI em sua próxima reunião da Congregação, dando as condições necessárias para que todos os departamentos dessa unidade pudessem realizar reuniões abertas à participação estudantil e amplamente divulgadas para discutir o tema, onde poderíamos expressar e batalhar por nossa posição aprovada em assembleia dos estudantes da Letras de que o total das 30% de vagas reservadas para o SISU fossem direcionadas a estudantes Pretos, Pardos e Indígenas.

Esclarecidos os fatos, escrevemos essa nota pública para denunciar que a Direção da FFLCH não tem cumprido com seu acordo, divulgando por email na última quinta-feira uma tabela com a relação de vagas reservadas para o SISU em cada curso e a relação de reserva de vagas para Pretos, Pardos e Indígenas dentro dessa porcentagem, sendo o curso da Letras o curso que menos reservou vagas para PPI, comparado proporcionalmente com os demais cursos da FFLCH, apenas 10%, ou seja 85 vagas.

Entendemos que a divulgação dessa tabela rompe com o nosso acordo pois determina uma porcentagem de vagas sem que os departamentos da Letras terem convocado reuniões onde os professores e funcionários, junto com o movimento estudantil e movimentos sociais que lutam por cotas hoje na USP pudessem debater o tema e ter suas vozes ouvidas.

De acordo com o último questionário socioeconômico divulgado pela fuvest cerca de 28% dos candidatos e candidatas que tentam uma vaga no curso de letras da USP se autodeclaram Pretos, Pardos ou Indígenas, então nada mais justo que como medida mínima para o combate ao racismo estrutural de nossa sociedade que um número de vagas próximo disso seja reservado para esses candidatos e candidatos que por conta das desigualdades sociais calcadas em uma discriminação histórica, o racismo, não concorrem em pé de igualdade com os candidatos que não se autodeclaram Pretos, Pardos ou Indígenas, por isso reafirmamos a necessidade de que todas as vagas do SISU, ou seja 30% das vagas do curso de Letras sejam destinadas à PPI.

O descumprimento do acordo por parte da Diretoria da FFLCH e dos chefes de departamento que compõem a CILE que não convocaram as reuniões, determinando de forma unilateral o percentual de vagas reservadas para PPI no SISU, sem que o conjunto dos professores, funcionários, estudantes e movimentos sociais da Letras pudessem debater e participar dessa decisão não contribui com o diálogo entre todas as partes que compõem a Universidade e volta a acirrar os ânimos dentro de nossa unidade. Isso se reforça quando sabemos que em todos os outros cursos da faculdade o debate foi feito, tendo a direção passado por cima dos estudantes em greve da Letras e do corpo docente, que foi impedido de debater nas reuniões de departamento que deveriam ter ocorrido.

Por isso nós abaixo assinados repudiamos essa atitude antidemocrática e unilateral da Direção da FFLCH e da CILE e exigimos o imediato agendamento de uma reunião da diretoria com o movimento que luta por COTAS JÁ na Letras USP para a próxima terça-feira, dia 19 de julho.

Carta aprovada no Comando de Greve Estudantil realizado no dia 14 de julho."




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias