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UNICAMP | Por um CACH vivo, que não se dê por vencido: vote Uma flor nasceu na rua!

Uma chapa para subverter o CACH em aliança com os trabalhadores, combatendo as opressões e em luta pela educação pública.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

quinta-feira 9 de novembro de 2017 | Edição do dia

A chapa, “Uma flor nasceu na rua”, construída conjuntamente por militantes da Faísca e independentes, estudantes de Ciências Sociais e História, é inspirada no poema de Carlos Drummond de Andrade, “A flor e a náusea”, que em um trecho diz: “Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias, espreitam-me. Devo seguir até o enjôo? Posso, sem armas, revoltar-me?”

Um poema que ajuda a expressar uma resposta à pergunta: qual o papel de uma entidade estudantil em uma conjuntura reacionária? É inegável que os tempos são de ofensiva aos direitos, à educação, às liberdades democráticas. A censura cala a arte nos museus, ameaça os professores com o Escola Sem Partido, afronta os debates de gênero e sexualidade nas escolas quando pensamos nas nossas licenciaturas em como fazê-los nas escolas. Os tempos pedem por subversão cultural e política, fortalecer as entidades políticas da juventude tanto quanto dos trabalhadores.

A Reforma Trabalhista está prestes a entrar em vigor, condicionando nossos direitos a um retrocesso histórico, diríamos em 100 anos, ameaçando destruir as condições de vida dos trabalhadores e o futuro da juventude. Frente a isso, é necessário um centro acadêmico que não se dê por vencido, queira estar junto aos estudantes em resistência à direita, diferentemente de Lula e o PT que perdoam os golpistas e seus ataques, prometendo ser a salvação em 2018 enquanto faz a velha política de alianças com a direita que abriu caminho para o golpe do ano passado.

Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu.

O CACH ocupa uma posição histórica de resistência à ataques, como à Ditadura Militar. Percebemos neste fato o peso e que os estudantes do IFCH podem exercer contra qualquer reacionarismo, ainda mais em aliança profunda com os trabalhadores de dentro e fora da Unicamp. Acreditamos que o CACH possa voltar a ser esse centro acadêmico que seja parte de um movimento estudantil que debata os grandes temas para intervir na realidade, ouse subverter os valores, com os estudantes e setores oprimidos sendo parte de uma transformação da vida.

Ao mesmo tempo, queremos um CACH que batalhe pela autonomia política dos estudantes, que combata a estrutura de poder da universidade expressa no CONSU e na reitoria. Ficou evidente esse semestre e em vários outros momentos que a sua função da universidade é levar a frente o projeto elitista, racista e privatista à Unicamp, quando ameaçou a permanência estudantil com um aumento de 100% do bandejão e quando demitiu, terceirizou e cortou benefícios dos funcionários da universidade. Não atoa ela é ligada diretamente ao governo do Geraldo Alckmin, do PSDB, que quer impor uma Reforma Curricular (à la Reforma do Ensino Médio) sobre nossos cursos. O Knobel buscou dividir a luta dos estudantes e funcionários contra esses ataques, de modo que temos que ser o centro acadêmico que não vai aceitar essa divisão e que estará junto aos trabalhadores de dentro, mas também de fora da universidade.

Em aliança com os trabalhadores da Unicamp podemos questionar radicalmente a "democracia" desse conselho, que inverte a representação de cada setor dentro da universidade para dar lugar à membros da FIESP, do governo da cidade, e de empresas. Defendemos que o CACH discuta profundamente essa estrutura de poder, de modo lutar por uma democracia real dentro da universidade, com um novo organismo de representação que corresponda ao peso que estudantes e funcionários carregam para o funcionamento da universidade para subverter dentro e fora do IFCH.

Propostas

É um desafio e tanto que exige um centro acadêmico muito ligado à vida de cada estudante, dentro e fora da sala de aula, muito diferentemente do que foi a gestão desse ano. Conversando com os estudantes notamos o profundo distanciamento quando muitos sequer sabiam o que era o CACH, o que se expressou nos espaços esvaziados e no burocratismo da gestão, distante mais ainda em relação aos trabalhadores.

Nesse sentido, é fundamental retomar a vivência dentro do instituto, que combata o modelo universidade-empresa, fechada à população, produtivista, meritocrática e academicista da reitoria, com festas, saraus, espaços culturais e artísticos que subvertam os espaços da universidade. Mas também que sirvam aos estudantes se encontrarem, fugirem da rotina sala de aula/biblioteca/casa, quebrem o cerco individualista que a reitoria pressiona e afeta inclusive a nossa saúde, onde os estudantes possam trocar sensibilidades e discussões profundas.

É fundamental que eventos culturais ocorram no espaço do CACH independente do seu processo de revitalização. O espaço físico, combinado à legalização do CACH, são fundamentais para que ele seja vivo e os estudantes possam frequentar para estudar, conversar, debater, mas não pode ser que ele seja abandonando como ocorreu esse ano enquanto sua reforma não ocorre. Além disso, o debate no IFCH precisa ser vivo e parte do cotidiano dos estudantes, por isso defendemos que o CACH volte a impulsionar um jornal dos estudantes de ciências sociais e história, que tenha espaço para discussões políticas, debates teóricos, pesquisas dos estudantes e muita poesia e arte.

O combate às opressões, dentro e fora do instituto, precisa que os setores oprimidos se vejam parte de um centro acadêmico e estejam à frente da construção desse movimento estudantil subversivo, para que as saídas para esses problemas não sejam individualizadas, mas pensadas coletivamente, com o conjunto do instituto. Assim, pensamos em impulsionar uma Semana de Combate às Opressões, onde os negros, LGBTs e mulheres do instituto estejam à frente na sua construção, promovendo debates políticos, painéis onde os estudantes possam compartilhar suas pesquisas sobre o tema (que certamente tem pouco espaço para serem compartilhadas com o conjunto do instituto) e refletir e propor mudanças nos currículos, além de muita vivência, sarais e festas. Com os estudantes a frente dessa proposta, podemos impactar profundamente na realidade da cidade de Campinas, onde os vereadores querem calar o debate de gênero e sexualidade nas escolas com a aprovação do Escola sem Partido. Nós estudantes e futuros professores não nos daremos por vencido, nos ligando muito com a cidade com uma semana que faça os vereadores tremerem com a mobilização dos estudantes do CACH!

A defesa da educação pública de qualidade para nós é e será no próximo ano uma batalha fundamental dos estudantes de ciências sociais e de história. A PEC do Teto ataca a educação em diversos ângulos, aprofundando terrivelmente os cortes iniciados no governo Dilma, ao ponto de universidades por todo país estarem fechando (UERJ sendo o maior exemplo hoje), bolsas CNPq ameaçadas, o PIBID em xeque, um dos poucos programas de incentivo à formação docente. Por isso, nossa chapa quer impulsionar uma forte campanha pelo #FicaPIBID desde a calourada, em defesa das 90 mil bolsas ameaçadas pelo país e no IFCH, inclusive com a perspectiva de que seja criado também o PIBID para o curso de Ciências Sociais no instituto. Além disso, para nós é fundamental uma campanha pelo curso de História Noturno, uma demanda histórica que envolve pensar também a contratação de quadros docentes para os diversos departamentos, que agonizam com os cortes, a falta de professores e limitam as disciplinas oferecidas.




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