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MARIELLE PRESENTE! | Por trás das calúnias: o racismo e machismo por trás das "Fake News" contra Marielle

A direita reacionária e conservadora mais uma vez lança mão do machismo e do racismo para tentar destruir Marielle. Marielle não pode se defender, mas nós podemos defendê-la.

terça-feira 20 de março de 2018 | Edição do dia

As calunias contra Marielle, desencadeadas pela direita reacionária nas redes sociais foram denunciadas como grandes mentiras logo de imediato. De fato são grandes mentiras, sistematicamente desmentidas pela família, amigos e companheiros de luta. Entretanto, pra além de falsos, os boatos disseminados não foram escolhidos aleatoriamente: eles reproduzem conteúdos muito mais profundos e opressores do que podem aparentar a primeira vista.

Este mesmo tipo de método da mentira é usado pela imprensa racista e pelos defensores da repressão policial, sempre que um jovem negro ou pobre é morto pela polícia na favela: começa quando a manchete do jornal se refere a ele como "suspeito". A criminalização com cor e endereço serve à uma política racista que da poder às polícias para atirar e matar negros e pobres indiscriminadamente como política de estado.

É assim que chegamos a uma brutalidade social em que um jovem negro com um saco de pipocas é assassinado pela polícia com uma bala na cabeça de Jhonata Dalber Matos de 16 anos. A polícia alegou que "confundiu" com um saco de drogas, mas não tem nenhuma confusão aí, e sim puro racismo.

Entenda o caso: Alberto Fraga, coronel e deputado da bancada da Bala, faz postagem caluniosa contra Marielle

Uma das calúnias contra Marielle, acerca de sua maternidade, foi facilmente desmentida por uma simples conta matemática: Marielle tinha 34 anos e sua filha tem atualmente 19, ou seja, ela engravidou entre os 18 e 19 anos. Mas, pra além dos fatos, essa calúnia carrega um teor machista e conservador muito profundo.

A calúnia coloca como se existisse um problema moral, caracterizado como algo de "má índole" e "promiscuidade", conceitos completamente burgueses, na maternidade na adolescência. Engravidar na adolescência não é questão um problema moral, e sim fruto de uma sociedade machista, que nega às jovens acesso à educação sexual, às descobertas do corpo e de sua proteção. A maternidade na adolescencia não é e nunca será um problema de cunho moral e individual, e sim um problema de uma sociedade, machista e de classes que afetam a vida de milhares de jovens, principalmente as mais pobres, que deixam de estudar, que se privam das descobertas subjetivas e que são sistematicamente excluídas do mercado de trabalho.

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O racismo nas falas é gritante. As calúnias não deixam de mostrar a face cruel do racismo, que trata todos os negros como traficantes ou aliados do tráfico, como bandidos e usuários de droga. Se é negro e pobre, o jornal já coloca como "suspeito". Para estes, não existe direito de defesa, processo legal, nada disso: a polícia tem o poder de execução, desde os autos de resistência até as torturas, assassinatos, tudo com cobertura da mídia racista, a mesma Rede Globo que fingiu comoção com o assassinato de Marielle.

Marielle foi repetidamente associada as faccções criminosas do Rio de Janeiro, como o Comando Vermelho e chamada pelo deputado Alberto Fraga de "usuária de maconha". O racismo fica escancarado nessas calúnias, onde a direita conservadora e reacionária e se sentem na liberdade de associar Marielle ao tráfico, drogas e crime.

A cor de sua pele foi o suficiente para tais ataques, assim como é sistematicamente feito com os negros, que são violentamente abordados por policiais, que perdem suas vidas nas favelas, que deixam de conseguir empregos por sua cor e cabelo, que são jogados para os cargos terceirizados e mais precários do mercado de trabalho.

Todos os boatos que construíram para deslegitimar as mobilizações contra essa barbaridade foram pensados com o que a burguesia mais se apoia para continuar explorando e oprimindo os trabalhadores e juventude: racismo e machismo.
Marielle felizmente está acompanhada de uma imensa massa que não apenas foi às ruas para denunciar seu assassinato e jogar na conta do Estado e de seus aparatos repressivos, denunciando o genocídio do povo negro no Brasil, como estão atentos e armados para desmentir esses boatos que atentam contra alguém que não pode se defender.

O judiciário racista que condenou Rafael Braga por portar um pinho sol, que encarcera e mata milhares negros todos os dias e a burguesia que lucra sobre o sangue das mulheres negras, usando das opressões para oferecer uma miséria e morte, não conseguirão passar suas calúnias, pois estamos armados e gritando novamente não só pela vida de Marielle, mas também pela vida de Anderson, Cláudia, Amarildo e DG.

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