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PRECARIZAÇÃO DA USP | Por que o curso de Letras é um dos que mais falta professores na USP?

O curso de Letras da Universidade de São Paulo, um dos maiores da América Latina, está com um problema grave de falta de professores. O sucateamento de um curso onde a maioria dos formandos se tornam professores não é por acaso. Faz parte de um sucateamento nacional da educação pública, que atinge desde a nossa formação até as nossas condições futuras de empregos. Os professores Municipais de São Paulo mostram o caminho para barrar esse ataque.

terça-feira 27 de março de 2018 | Edição do dia

A Universidade de São Paulo está sofrendo diversos ataques que caminham para o fim da universidade pública que queremos. No ano passado, o até então reitor Zago aprovou um “Plano de sustentabilidade” também conhecido como “PEC do fim da USP”, que nada mais é do que um projeto que congela, por 5 anos, contratação e gastos da universidade. Isso atrelado aos Planos de demissão voluntária (PiDV), aprovado nos anos anteriores que demitiu cerca de 3mil funcionários, e o fim do gatilho automático, que contratava professores assim que outro se aposentasse. O congelamento de contratações já estava sendo colocado em prática antes da PEC do fim da USP ser aprovada, o que agrava ainda mais o problema de falta de professores e funcionários na universidade. A saída da Reitoria para a crise que a universidade sofre não é nem o mínimo de exigir que o Alckmin repasse o valor integral do ICMS destinado a USP (coisa que ele não faz), mas sim demitir e congelar a contratação de funcionários precarizando os cursos da USP, a pesquisa, a extensão e a permanência.

O curso de Letras forma majoritariamente professores, é o curso onde mais estudantes de escola pública, negros e indígenas conseguem furar o filtro social que é o vestibular. Além do caráter social que têm o curso, que faz com que seja o mais atacado em detrimento de cursos mais elitizados, também pesa o caráter econômico por não ser um curso com interesse mercadológico para a reitoria. Ligando com o projeto de sucateamento da educação também fica claro o porquê o curso da Letras é um dos mais atados.

O que acontece na USP não está descolado do projeto nacional. Há todo um projeto de sucateamento da educação pública no país. Desde o âmbito econômico como a crise que a USP e diversas outras universidades públicas vem sofrendo (como a UERJ que quase fechou o ano passado por falta de dinheiro para questões básicas como luz) até no âmbito ideológico, com o Escola Sem Partido, a base curricular comum e a reforma curricular que tentaram aprovar ano passado em cursos de licenciatura das três estaduais paulistas. Além de atacar as condições de trabalho dos professores, que já é uma categoria desvalorizada pelo governo, vem tendo seus direitos cortados.

Na USP, seguindo a reforma trabalhista para aumentar a exploração, saíram editais contratando professores com doutorado por cerca de R$1.800, desconsiderando toda a dedicação dos profissionais para a sua formação, além de prejudicar profundamente a pesquisa porque não estão em regime de dedicação exclusiva como deveriam ser contratados os professores da maior universidade do país.

Entre os professores das escolas públicas Alkmin e Doria vem fazendo de tudo para descarregar a crise nas costas dos servidores. O prefeito de SP está atacando nesse momento a aposentadoria com o SAMPAPREV, uma previdência privada que descontará 14% no começo até 19% dos salários dos professores e servidores municipais. Alckmin está fechando salas de aula e demitindo professores categoria O.

Nossa perspectiva de futuro vem sendo sistematicamente atacada pelos governos e pela reitoria. Não só está mais difícil permanecer na universidade como seguir carreira na profissão que escolhemos. Por isso precisamos responder a isso. Os professores municipais em greve contra o SAMPAPREV do Doria mostram o caminho para resistir aos ataques e como lutar por pela educação pública gratuita e de qualidade para todos.

As entidades estudantis (CA’s e DCE) precisam imediatamente chamar assembleias de base para nos organizarmos contra os ataques à educação, pela abertura imediata do livro de contas da USP,mais verbas para a educação e por contratação de professores e funcionários. Pela volta do gatilho automático e pela revogação da PEC do Fim da USP. Ao lado dos trabalhadores e professores podemos barrar os projetos desse governo golpista que quer acabar com a educação pública e lavá-la a privatização. Todo apoio aos professores municipais em greve, em defesa da educação, nossa luta é uma só!




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