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CURSO MULHERES NEGRAS E MARXISMO | Por que luta negra é luta de classes? Confira e participe do grupo de estudos do DF/Centro-Oeste!

A segunda reunião do Grupo de Estudos Mulheres Negras & Marxismo do Pão & Rosas DF/Centro-Oeste reuniu mais uma vez vários jovens, estudantes e trabalhadores para debater e aprofundar o conteúdo da segunda aula do novo curso do Campus Virtual conduzido por Letícia Parks. Dessa vez, a convidada Flávia Telles veio somar ao debate que teve o tema “Luta Negra e Luta de Classes”. Confira como foi e participe também.

Cris LibertadProfessora da rede estadual em Anápolis - GO.

quarta-feira 28 de abril de 2021 | Edição do dia

No sábado, 17/04, ocorreu a segunda reunião do Grupo de Estudos Mulheres Negras & Marxismo, promovido pelo Pão & Rosas DF/Centro-Oeste. A iniciativa tem como objetivo aprofundar os conteúdos apresentados no curso de mesmo nome, que vem sendo transmitido pelo Campus Virtual do Esquerda Diário e que tem como ministrante a dirigente do Pão & Rosas e uma das organizadoras do livro que dá título ao curso, Letícia Parks. Jovens, estudantes e trabalhadores debateram a segunda aula com o tema: “Luta Negra e luta de classes”, contando com a presença de Flávia Telles, militante do Pão e Rosas e Quilombo Vermelho, e também autora de artigos presentes no livro “Mulheres Negras e Marxismo”.

Saiba mais: Com Letícia Parks, Pão e Rosas DF/Centro-Oeste inicia grupo de estudos regional

“O que é ser negro?” Esse é um processo doloroso no Brasil, que tem um processo de construção profundamente racista, mas que foi moldado, com o firme propósito de apagamento das negras e negros, para neutralizar as lutas de classes. Ao olharmos a nossa realidade, não é possível separar pretos e pardos. Quando se observa o projeto traçado através das teorias raciais do século XIX e princípio do século XX, a proposta de redução dos negros à infantilidade, ou mesmo na década de 1930 com o nefasto mito da democracia racial, que tenta situar que havia cordialidade entre senhores e escravos e não um cenário de horrores com estupros, assassinatos, torturas e exploração, é o que a história dos exploradores quer tornar real. Mas, a nossa história é profundamente marcada pela violência racial, e a tentativa de apagamento das lutas empreendidas pelos nossos ancestrais aqui, se dá no sentido de evitar a resistência, de burlar os processos de lutas de classes.

Dialogando com o debate, Flavia Telles contextualizou o processo de formação das classes antagônicas, a saber: os burgueses e os trabalhadores. Como um exemplo: A Revolução Haitiana (1791-1804), contemporânea à Revolução Francesa (1789-1799) e que eles lutaram a todo custo para barrar e apagar, por ser justamente um levante de negros escravizados. Nesse sentido, ao tentarem apagar histórias como a Revolução no Haiti ou mesmo como a aqui no Brasil com Palmares, são ações burguesas que visam a paralisia do motor da história que é impulsionado com a luta de classes, que na história do capitalismo tem a força negra. São vários os levantes que são exemplos de resistência dos negros na História do Brasil. Desde a Revolta dos Malês (1835) na Bahia, os vários quilombos espalhados aqui, a revolta de preto Cosme (1841), a Conjuração Baiana (1798) e a potência de Palmares que resistiu por 130 anos e onde viveram 30 mil palmarinos. O exemplo de Zumbi, Dandara e demais palmarinos é uma identidade de resistência e revoluções, que deve ser continuamente resgatada para demonstrar às negras e aos negros desse país que é possível enfrentar os inimigos.

Mas, se a luta de classes é o motor da História, por que a luta dos negros é luta de classes? Um dos temas centrais dessa segunda aula e do debate no Grupo de Estudos, é que o racismo tem uma relação direta com o capitalismo que se apropria dele em prol da acumulação de capital. Inclusive, a escravidão no modelo exploratório como o praticado na Idade Moderna, se caracterizou por ser altamente lucrativo, contribuindo na acumulação primitiva do capital. Por isso, a ênfase constante na valorização dos exemplos de lutas e resistência. Somente a exaltação desse histórico permitirá o alastramento do ódio antirracista no Brasil, nos inspirando na potência do Black Lives Matter nos EUA. Para isso, é necessário uma unificação das lutas impostas à negras e negros, lgbt’s, indígenas e demais aliados.

A separação entre os diferentes aspectos como econômico, político e ideológico, de conjunto à paralisia das patronais, não condiz com uma estratégia que atinge os nossos inimigos, cabendo inclusive mais uma vez a máxima de que no caso das mulheres, o gênero nos une, mas a classe nos divide e antecipando aspectos da próxima aula que se dará no dia 04/05 com o tema: “Negras no topo?”.

Foram através dessas propostas e debates, que no fim os participantes do grupo de estudos discutiram a relação entre identidade negra e consciência de classe. Contando, inclusive, situações que sofreram com o racismo. Como relatou Eliane neste texto. Conforme já situamos aqui, somente através da aceitação da identidade e da história de resistência dos negros no Brasil e no mundo, sem atenuação desse aspecto racial que está intríseco na história da luta de classes, que podemos nos preparar para juntos derrotar esse regime golpista de conjunto. Liberdade de auto-identificação negra tem tudo haver com luta de classes!

Um exemplo forte são os recentes despejos empreendidos por Ibaneis e a resistência na ocupação do CCBB. Podemos ver uma situação precária em que as trabalhadoras e trabalhadores, majoritariamente negros estavam sendo duramente atingidos pelo GDF, com sua política higienista e racista, utilizando sua polícia violenta e arbitrária contra a população pobre do DF. É um retrato desse regime: a população brasileira, que conforme foi citado na segunda aula, é formada em sua maioria por trabalhadoras e sobretudo, negras, e são elas e eles que ocupam os piores postos de trabalho e têm as piores condições de vida.

Confira nossa mini-reportagem da Ocupação CCBB aqui.

A batalha que vêm sendo empreendida pelas trabalhadoras da LG, permite vislumbrar o quanto importante é a unificação das lutas, pois também temos no Rio de Janeiro o absurdo caso das merendeiras que estão há quatro meses sem receber seus salários. Nota-se claramente, que querem a todo custo descarregar nas costas dos trabalhadores assalariados e de postos mais precários, a crise, que só tem por responsáveis os próprios capitalistas. E que as mulheres vêm sendo amplamente atingidas, por esses golpes dos capitalistas e desse regime golpista que em Bolsonaro, Mourão, Ibaneis e demais governadores, STF, Congresso e militares como diferentes atores que atuam ao seu modo para aprovarem as suas reformas ultraliberais para manter os lucros de poucos.

Provando a força que a luta negra tem para mobilizar e unificar lutas, independentes já se organizam para a fundação do Quilombo Vermelho Cerrado, com participantes do Grupo de Estudos e junto do Pão e Rosas fizemos um vídeo de apoio à greve do Metrô-DF. Assista aqui ou ao final deste texto.

Nesse sentido, nós do Grupo de Mulheres Pão & Rosas DF/Centro-Oeste que estamos construindo esse agrupamento com o objetivo de luta em favor de um feminismo socialista, também convidamos aos interessados para se unirem conosco para a construção deste Quilombo Vermelho Cerrado, dois agrupamentos que reunidos podem atuar na vanguarda e junto às trabalhadoras e trabalhadores, negras e negros, lgbt’s, indígenas e aliados estratégias de luta com essa unidade para enfrentar a burguesia e seus agentes. Um pequeno exemplo dessa atuação já se deu através da campanha feita pelos dois agrupamentos, com a participação de vários jovens e trabalhadores que estão participando do Grupo de Estudos Mulheres Negras e Marxismo, em solidariedade aos metroviários do DF que saíram em greve no último dia 19 de abril.

As aulas 1 e 2 e bibliografias estão disponíveis no Campus Virtual do Esquerda Diário por meio de inscrições, gratuitas. Deixamos as aulas aqui nestes links: AULA 1 e AULA 2.

Confira o cronograma das aulas e dos debates do grupo de estudos regional do Pão e Rosas DF/Centro-Oeste:

AULA 3 04/04: Negras no topo? | GRUPO: 08/05 às 16h

AULA 4 11/05: Mulheres negras e estratégia socialista | GRUPO: 15/05 às 16h

Se você é do Distrito Federal ou região e quer participar dos grupos de estudos, mande uma mensagem para (61)99903-2711 - Luiza

Video em apoio à greve do Metrô-DF:




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