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ELEIÇÕES UERJ | Por que é fundamental tirar o DCE da UERJ das mãos do PT e PCdoB?

Na eleição do DCE da UERJ, que ocorre entre os dias 18 e 20 de junho, a chapa 1 – A UERJ vale a luta, é encabeçada pelo PT e PCdoB. Queremos trazer um debate sobre porque é necessário superar essa direção e tirar o DCE das mãos dessas correntes.

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

Isa SantosAssistente social e residente no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ

terça-feira 19 de junho de 2018 | Edição do dia

Fazer um balanço da atual direção do DCE da UERJ implica em olhar os últimos cinco anos pelo menos, durante os quais os mesmos grupos políticos – PT e UJS/PCdoB – estiveram conduzindo a entidade. Nessa eleição, juntou-se a eles o Levante Popular da Juventude (LPJ), que, por trás de uma máscara de “novo” e “combativo” esconde a mesma velha política petista – basta lembrar da sua aliança com PT e PCdoB no último Congresso da UNE. É importante ressaltar que grande parte dessa permanência no DCE se dá não pelo apoio dos estudantes à sua política, mas pela forma absurdamente burocrática com que conduzem a entidade, impedindo recorrentemente a convocação de eleições – a última eleição de DCE, cujas gestões deveriam ter duração de um ano, foi há mais de um ano e meio, em 2016. Mas por que achamos que é fundamental para os estudantes tirar o DCE das mãos desses grupos?

Um freio na luta contra o golpe

O golpe institucional que colocou Temer na presidência foi um ataque a todo o povo pobre, os trabalhadores e a juventude. Se é verdade que ele tirou Dilma da presidência, o seu alvo fundamental não era ela e nem o PT: eram nossos direitos e o patrimônio público do nosso país, que foram duramente atacados nesses dois anos por medidas como a PEC 55, a reforma do Ensino Médio, a reforma trabalhista, a lei de terceirização, as privatizações na Petrobrás, entre tantos outros. A cada dia sentimos e lutamos contra seus efeitos.

O PT, PCdoB e LPJ vivem falando do golpe, e agem como se tivessem o combatido sem trégua. Mas o que vimos foi bem distinto. Além de ter confiado nos acordos e nas oposições dentro do parlamento até o último segundo, foram um freio para a mobilização contra o impeachment nas ruas, e nem em sonho colocaram em movimento os poderosos sindicatos que dirigem. Após o golpe, a classe trabalhadora mostrou toda sua disposição de luta na paralisação nacional de 28 de abril do ano passado, e a CUT e a CTB, que são duas das maiores centrais sindicais do país, tinham toda a condição de organizar a luta em cada local de trabalho. Mas o que vimos foi uma trégua ao governo que teve sua expressão mais lamentável na “paralisação” de 30 de junho, que foi um fiasco planejado para jogar um balde de água fria nos trabalhadores que queriam lutar contra os ataques.

E o teatro de “luta contra o golpe” do PT e PCdoB tem um segundo ato: posando de “vítimas” do golpe, emplacaram uma história própria: o golpe teria sido dado porque os governos petistas (que Lula sempre se orgulhou de dizer que enriqueceram “como nunca nesse país” os banqueiros e empresários) teriam feito uma mudança drástica nesse país. Escondendo que as pequenas melhoras na vida do povo foram ocasionadas por uma conjuntura absolutamente extraordinária de crescimento, e que isso foi feito com uma conciliação com os setores mais abomináveis da direita e da burguesia (como o próprio Temer, o PP de Bolsonaro, Sarney, Maluf, Collor, Marco Feliciano entre tantos outros), o PT vende uma imagem heroica de seus governos.

E, assim, deixa rapidamente para trás um passado de governante para os ricos (escondendo-o sob um mito de “governo dos mais pobres”) e passa para a oposição aos golpistas.

Retomando posições como impostores no movimento estudantil

Em todo o país, PT e PCdoB correram para retomar um espaço que foram perdendo ao longo dos anos de governo. No movimento estudantil, isso se expressou em muitos DCEs e CAs voltando para as mãos desses grupos. O passado de entidades “chapa branca” de apoio às medidas do governo foi coberto com uma aura de vítimas do golpe.

Essa postura do PT e PCdoB nacionalmente foi igual no DCE da UERJ. Eles são um freio para as lutas porque seu único interesse e objetivo é se eleger nas próximas eleições. Para eles não importa se os trabalhadores do país estão sendo atacados sem resistência. O desgaste do governo golpista do Temer (que tem como principal aliado Henrique Meirelles, que foi ministro de Lula também) ajuda eles a ficarem bem nas pesquisas para as eleições seguintes por ses discursos contrários, então está "tudo bem".

Na UERJ, onde já há muito tempo estavam na gestão, vimos em primeiro lugar uma completa paralisia do DCE frente a todos os ataques que foram colocados, e ainda mais escandalosamente depois do golpe. Eles sempre temem as lutas porque pode sair do seu controle e surgir um novo movimento estudantil.

Assim, eles não apenas mantém a paralisia, mas são incapazes de levantar um programa que possa dar respostas à crise da UERJ, do RJ e do país. Levantamos a estatização da Petrobrás 100% estatal sob gestão dos petroleiros e controle popular, enquanto em todos os anos de governos do PT o que vimos foi a manutenção dessa empresa como um ninho de corrupção e troca de favores, e a privatização “comendo pelas beiradas” o patrimônio. Levantamos a luta pelo fim do pagamento da dívida pública, que consome mais de um trilhão de reais por ano (o equivalente a mil UERJs), e os governos do PT pagaram religiosamente a dívida.

Enfim, são muitas as demonstrações de que é necessário remover essa burocracia de nossa entidade, colocando ela para lutar ao lado dos estudantes e trabalhadores, e por isso construímos a chapa 2.

Uma oposição forte e com um programa para que a crise seja paga pelos capitalistas

Tendo em vista a imensa importância de arrancar o DCE da UERJ das mãos do PT e PCdoB para retomar para a luta, escrevemos esse texto apontando questões fundamentais para construir uma chapa de oposição. A partir disso, abrimos um diálogo com o conjunto dos estudantes que querem superar este DCE, para além dos que constróem conosco a Faísca, bem como com outros coletivos que se opõem à política do PT/PCdoB no DCE e, devido ao acordo programático que chegamos, construímos uma chapa de unidade com os coletivos RUA e o Coletivo Negro Patrice Lumumba, do curso de direito.

Com um profundo debate, conseguimos conquistar uma unidade com base em um programa que apresenta pontos fundamentais para se opor ao que é o DCE hoje. Defendemos um programa para a crise da UERJ e do estado com a luta por uma Petrobrás 100% estatal sob gestão dos trabalhadores e controle popular e pelo não pagamento da dívida pública que consome um trilhão de reais dos cofres públicos por ano; uma postura crítica frente aos governos do PT; levantamos a defesa dos trabalhadores terceirizados exigindo sua incorporação aos quadros da universidade sem concurso público; levantamos um combate contra a autoritária estrutura de poder da universidade, com uma uma gestão da universidade dos três setores (técnicos, professores e estudantes), e que seja proporcional ao peso de cada setor na UERJ, ou seja, com maioria estudantil. Colocamos a luta por permanência estudantil plena, com a defesa do fim da reavaliação das bolsas, reabertura dos laboratórios de informática, retomada das bolsas cortadas, aumento do número de bolsas, e aumento do valor das bolsas, bandejão, creche e moradia a todos que necessitem.

Consideramos que a conformação de uma forte chapa de oposição com base a esse programa é um grande passo para o combate à burocracia estudantil que hoje controla o DCE da UERJ. Reivindicamos a construção dessa unidade expressa na chapa 2 – Quero me livrar dessa situação precária, e o seu programa, em torno do qual essa unidade se construiu.

É preciso levar esse programa de combate ao PT e aos golpistas para além da UERJ

O RUA, agrupação de juventude ligada à corrente do PSOL Insurgência. Um dos pontos de acordo fundamentais que tivemos com essa corrente no último período foi que se colocaram contra o golpe institucional, diferente de outras correntes do PSOL, como o MES de Luciana Genro ou a CST de Babá. Contudo, indo num sentido contrário tanto a seu posicionamento contra o golpe quanto ao programa que defendemos nas eleições da UERJ, no mesmo momento em que selávamos a unidade e preparávamos a dura batalha contra a burocracia petista nas eleições da UERJ, vimos a Insurgência participando do evento “Pacto pela democracia”. Isa Penna, conhecida representante de sua corrente, esteve nesse mesmo evento em que se compareceram membros do PSDB, do NOVO, da família Setúbal (donos do Itaú) e diversos outros representantes de setores que foram a linha de frente do golpe.

Além dessa contradição, em relação ao ponto fundamental do não pagamento da dívida pública, que representa o maior roubo dos capitalistas aos cofres públicos, o RUA e a Insurgência apoiam em âmbito nacional programas muito distintos. Tanto na plataforma Vamos como nas declarações públicas de seu candidato presidencial Guilherme Boulos, a dívida pública é vista de forma muito mais “amena”. Boulos afirmou que: “O problema maior do Brasil francamente não é a dívida pública”. Ou seja, pretende seguir pagando. Quanto muito Vamos e Boulos propõe uma auditoria para pagar o que é supostamente “justo” desse roubo trilionário.

Consideramos que o RUA/Insurgência poderia cumprir um papel muito superior na luta dos trabalhadores e contra os capitalistas se adotasse nacionalmente e defendesse o mesmo programa que toma para si nas eleições da UERJ ao lado da Faísca, do Coletivo Negro Patrice Lumumba e de dezenas de estudantes independentes. Nacionalmente também é preciso vencer as burocracias do PT e PCdoB que dominam sindicatos, entidades estudantis, movimentos populares e que ocupam os espaços do regime construindo alianças junto com os golpistas que minam nossa resistência.

Chamamos todos a fortalecer na UERJ essa luta apoiando e votando na Chapa 2 – Quero me livrar dessa situação precária.




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