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RENÚNCIA DO PRESIDENTE REELEITO | Por que Blatter deu um passo atrás a quatro dias de assumir na FIFA?

Augusto Dorado@AugustoDorado

quinta-feira 4 de junho de 2015 | 04:33

(Foto: Marcello Casal/ Agência Brasil)

Ontem a tarde Joseph Blatter anunciou sua renúncia à presidência da FIFA, a poucos dias de ter assumido para encarar seu quinto mandato. Um congresso extraordinário – a ser convocado entre dezembro deste ano e março de 2016 – deverá eleger um novo presidente. Se aprofunda a crise na FIFA.

Em uma inesperada coletiva de imprensa, Joseph Blatter anunciou sua renúncia como presidente da FIFA. De toda maneira, o anúncio não implica na renuncia imediata devido a que – de acordo com o estatuto da entidade - deve-se convocar um congresso extraordinário com pelo menos 4 meses de antecedência. Esse congresso se realizará entre dezembro deste ano e março do próximo.

Para além da notícia da renúncia em si, oque chama mais atenção é que se trata de uma decisão na contramão do espírito que expressou Blatter a poucos 5 dias quando, após ter sido confirmado no cargo, lançou um discurso sobre o 65º congresso em que se mostrou confiante e sugeriu taticamente represálias à Conmebol pelo voto contrario a sua candidatura, o que dava a imagem de uma “bravata” com sabor de revanche da sua parte. Então por que agora anuncia sua retirada? Evidentemente essas declarações vão de encontro a um processo de “lavar a cara” da FIFA para melhorar sua imagem corporativa. No discurso de ontem falou da necessidade de recuperar a “legitimidade diante dos jogadores e amantes do futebol”.

Embora seu adversário Ali Bin Hussein tenha desistido de enfrenta-lo em uma segunda rodada e pese que a diferença obtida pelo suíço não era ruim enquanto quantidade de votos, o problema reside na relação com as federações mais poderosas: UEFA (Europa) e CONMEBOL (América do Sul). Tal como expressou o jornalista Gustavo Grabia ao La Izquierda Diario, “Blatter sabe que só com África e Ásia não pode governar”. Esta decisão coloca o conjunto do organismo, considerado não sem razão uma das multinacionais mais importantes do mundo, frente a um período de pelo menos meio ano de negociações para poder alcançar uma transição ordenada e evitar que o escândalo atinja postos de funcionários mais altos e a hierarquia da máxima entidade do futebol internacional.

Alguns meios de comunicação como a BBC especulam com uma possível negociação com o FBI em troca de colaboração desde que as investigações de voltem cada vez mais sobre Blatter. No entanto, se trata de uma decisão evidentemente pactuada (talvez taticamente) com quem mais questionava a “Seph”: não casualmente Michel Plantini, titular da UEFA, saldou a decisão de Blatter afirmando que foi “difícil, valente e correta” e o encheu de elogios. Eis que Blatter atuou como um estadista para salvar a FIFA, uma verdadeira corja de ladrões de colarinho branco.




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