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GREVE DA USP ENFRENTA CORTE DE PONTO | Piquetes no Serviço de Assistência Social e na FFLCH da USP respondem ao corte de ponto da reitoria

Diante de uma greve muito forte na USP e demais universidades estaduais paulistas (Unesp e Unicamp), a resposta das reitorias, em particular do reitor Marco Antônio Zago, tem sido a mais absoluta intransigência. Querem impor um arrocho salarial de 7% e avançar no desmonte da universidade, em especial no Hospital Universitário (HU) da USP. E, agora, Zago corta ilegalmente o salário dos trabalhadores em greve. Diante disso, os trabalhadores do bandejão e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) responderam com novos piquetes.

quarta-feira 8 de junho de 2016 | Edição do dia

Seguindo o que já vem ocorrendo em outras unidades da USP, como na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) ou a Faculdade de Educação (FEUSP), e que já é uma tradição na categoria, os trabalhadores dos bandejões e das creches que tiveram seus salários ilegalmente cortados pela reitoria decidiram responder com o estabelecimento de piquetes de greve na unidade. A medida visa coibir tanto o assédio moral das chefias que tentam pressionar os trabalhadores a voltar à greve, como impedir os fura-greve de enfraquecer a mobilização aprovada nas assembleias e reuniões de unidade da categoria.

Na FFLCH, o diretor da unidade, o Professor Sérgio Adorno, que é também coordenador do Núcleo de Estudos da Violência e especialista em direitos humanos, já disse que vai aderir à medida repressiva e de ataque ao direito de greve e irá cortar o ponto dos trabalhadores. Frente a isso, os trabalhadores decidiram em sua reunião de unidade reforçar os piquetes, barrando o acesso a outros prédios além do da Administração da unidade, como o de Filosofia e Ciências Sociais.

A reitoria, com a medida de corte de ponto, viola frontalmente o direito de greve dos trabalhadores, e que é assegurado pela Constituição Federal. É uma verdadeira chantagem fazer com que o trabalhador escolha pelo direito de fazer greve ou o sustento de sua família, e nada há na legislação que corrobore tal conduta da reitoria, tanto é que em 2014, quando Zago implementou essa mesma medida, a própria justiça determinou que a USP pagasse os salários descontados ilegalmente. Como disse o professor da Faculdade de Direito da USP e Juiz do Trabalho, Jorge Luiz Souto Maior, é um absurdo que em uma sociedade onde a greve é um direito, para que os trabalhadores exerçam esse direito a reitoria lhes arranque um outro direito fundamental, que é o direito à sua própria sobrevivência por meio de seu salário.

Nesse momento, em que o governo golpista de Temer aumenta em até 40% os salários de uma série de cargos de confiança altamente privilegiados, é ainda mais escandalosa a medida da reitoria de retirar dos trabalhadores da USP a única fonte de seu sustento, que está muito longe de ser o salário adequado para o sustento dos trabalhadores e ainda muito mais dos salários de cinco dígitos do STF que acabaram de receber fartos aumentos em oposição ao arrocho aplicado nas universidades. Em particular no nos bandejões, tratam-se de trabalhadores que em sua grande maioria têm doenças adquiridas no trabalho, fruto da imensa sobrecarga e da falta de contratação de funcionários para suprir a demanda de produzir cerca de dez mil refeições por dia.

A prática de desrespeitar o direito de greve é uma constante, que é feita pelos patrões, reitoria e governos para tentar avançar nos ataques aos direitos dos trabalhadores e, no caso específico da USP, para seguir implementando ataques que representam o desmonte da universidade pública tal como é hoje, com a ampliação da terceirização, a desvinculação de hospitais, o fechamento das creches e a mudança do regime de contratação de docente, para citarmos só alguns exemplos. Esses ataques vem acompanhados de enormes cortes no orçamento, como o de R$ 40 milhões na Unicamp ou o recém-anunciado corte de R$ 370 milhões na USP.

Para avançar nesse projeto de desmonte, precarização e privatização da universidade a reitoria precisa avançar também no ataque à organização política e sindical dos trabalhadores, e é por isso que hojeestão tentando avançar na retirada da sede do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). Além disso, cada vez mais frequentes são os processos contra os ativistas e diretores sindicais na categoria, tanto administrativos como criminais, tendo como um símbolo dessa perseguição política a demissão inconstitucional (pois feita sem sequer um processo legal, como requerido constitucionalmente) do diretor do Sintusp Claudionor Brandão em dezembro de 2008. Hoje, os processos contra o sindicato contam-se às dezenas. Os trabalhadores da USP e seu sindicato, ao longo de décadas têm sido os mais ferrenhos lutadores em defesa da manutenção e ampliação do caráter público da universidade, enfrentando os projetos dos governos ao lado dos estudantes e docentes.

Contra os ataques da reitoria e governo, trabalhadores intensificam a luta

Os trabalhadores da USP, pautados nessa história de luta, sabem que a resposta a dar frente ao recrudescimento da reitoria é a intensificação de sua luta. Os piquetes dos trabalhadores do bandejão e das creches são parte disso, bem como os atos de rua e os tradicionais “trancaços”, em que fecham o acesso dos principais portões da universidade. São os métodos históricos de luta da classe trabalhadora, que já levaram a tantas conquistas e é o que hoje assegura o caráter público da universidade e luta por sua ampliação, através, por exemplo, da defesa instransigente das cotas na USP, uma das principais demandas da greve.

É por meio dessas ações que os trabalhadores da USP têm defendido a universidade, e para a semana que vem já estão sendo planejadas novas ações em conjunto com estudantes, docentes tanto da USP como da Unesp e Unicamp para fazer frente aos ataques e à intransigência das reitorias e do governo Alckmin.




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